Atualmente, fazes na Rádio Comercial o programa “Era o que faltava” juntamente com Ana Martins, no qual entrevistam inúmeras pessoas de diversas áreas, com impacto na sociedade. Qual é o convidado que mais gostarias de entrevistar e porquê?
Estou com alguma vontade de entrevistar pessoas pouco consensuais, ou criminosas, mas acho que isso não é para o Era o Que Faltava, é para outro formato. Tenho uma curiosidade mórbida com José Sócrates ou Ricardo Salgado, mas no meu top 3 de tentativas para 2021 para este programa estão Paula Rêgo, José Tolentino Mendonça e António Damásio.
Muitas vezes nas entrevistas, as pessoas não são totalmente verdadeiras nas suas respostas ou até contornam as questões, quando te apercebes disso como reages? Aprofundas o tema, fazes a pergunta de uma outra maneira…
Uma entrevista não deve ser um interrogatório. Costumo dizer que é como entrar no mar. Há pessoas que vão logo de cabeça e não querem saber se estão 5 graus negativos. Há outras que demoram uma hora para molhar a perna até ao joelho. Não me cabe a mim forçar que os meus entrevistados sejam completamente verdadeiros. Isso é lá com eles. Não sei nada sobre as batalhas que travaram naquele dia, o que sei é que uma entrevista passa a conversa quando estamos disponíveis para dar. Se não houver troca, fica estéril. Não toca quem está a ouvir. Quando sinto que estão mais resistentes, mudo o tom ou o tema, mas não vou muito pela violência. Não há nada mais cortante do que a doçura quando do outro lado temos um Rottweiler a proteger-se. Numa entrevista. Na vida, diria para correrem.
De que forma é que este programa te desafia e enriquece a nível profissional e pessoal?
É o programa que mais gostei de fazer em rádio até hoje. Diverti-me muito no Snooze da Mega, mas o EOQF desafia-me todos os dias porque nenhum dia é igual. Obriga-me a estudar e a ter de definir uma fronteira difícil: como é que falo de temas de nicho para milhões de pessoas? Como é que aproximo realidades que não são do domínio comum para fazer com que quem está no carro, em casa, ou no podcast ouça e se espante? Sigo a minha curiosidade natural e espero pelo melhor. Já houve várias conversas que me mudaram. Mantenho aquilo que tenho vindo a dizer: “A vida é uma eterna conversa”.