Cursos de Formação Profissional: Uma aposta na formação e uma promoção da empregabilidade
Os cursos de formação profissional promovidos pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P (IEFP, I.P) têm como objetivo reforçar os níveis de qualificação de jovens e adultos, de modo a promover a empregabilidade, potenciada por uma forte componente de formação prática realizada em contexto de trabalho.
Para conhecermos melhor em que consistem e quais as vantagens de frequentar os cursos de formação, através da perspetiva de formador e formando, entrevistámos a formadora Drª. Antónia Moreira e a formanda Carla Ribeiro.
Enquanto formadora tem, seguramente, uma visão ampla da Formação Profissional. Analisando o mercado de trabalho atual, quais são as vantagens para os jovens de frequentar este perfil de formação?
O mercado de trabalho tem vindo a ter cada vez mais uma necessidade de contratar pessoas altamente qualificadas. Acredito que a nossa maior vantagem, relativamente a outras instituições de ensino, passa pelo acesso a tecnologia/equipamento e pela elevada vertente prática. Acredito que só desta forma é possível formar jovens qualificados capazes de dar resposta às necessidades exigidas pela indústria.
Eu recomendaria a Formação Profissional a todas as pessoas, jovens e menos jovens que pretendam entrar no mercado do trabalho ou fazer uma reconversão profissional Como referi anteriormente, a nossa maior vantagem é o acesso à tecnologia/equipamento e à elevada componente prática que compõem os nossos cursos. Neste sentido não tenho nenhuma dúvida de que a formação profissional pode ser a solução, tanto para a indústria, que precisa tanto de mão de obra qualificada, como para todos os que pretendem entrar no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho tem vindo a evoluir e a modificar-se, especialmente, nos últimos três anos. De que modo a Formação Profissional tem vindo a acompanhar estas alterações?
Ainda antes da pandemia da COVID-19, o CENFIM já se preocupava com a componente digital e com o acompanhamento dos formandos à distância. Com a pandemia tivemos de reajustar a forma como trabalhávamos e em dar resposta aos nossos clientes, formandos e empresas. O acesso à informação é cada vez mais fácil e está disponível para quem quiser, por isso, os centros de formação têm de manter-se numa procura constante por informação, tecnologia e modelos inovadores de formação para nos mantermos na vanguarda.
O CENFIM, um centro de formação protocolar do IEFP na área da metalurgia e metalomecânica, trabalha para suprir as necessidades da maior indústria portuguesa e que maior riqueza gera. Para nós é fundamental que a formação profissional, nomeadamente a nossa instituição, seja uma referência na indústria. Só desta forma é que se consegue ganhar a confiança das empresas e dos formandos que nos procuram.
A Formação Profissional caracteriza-se pela sua adequação e relação com o mercado laboral. De que modo o IEFP trabalha em sinergia com o tecido empresarial?
As empresas esperam do IEFP uma organização parceira de apoio à oferta de emprego e da formação dos seus ativos, e que responda de forma eficaz e flexível, àquelas que são as suas específicas necessidades. Neste quadro, o IEFP promove o ajustamento direto entre a oferta e a procura de emprego, tendo em vista a colocação de trabalhadores no mercado de trabalho, de acordo com as necessidades identificadas pelas entidades empregadoras. No domínio da formação profissional, sistematiza a sua oferta formativa por via dos centros de gestão direta e dos centros protocolares de acordo com: i) o Sistema de Antecipação de Necessidades de Qualificações (SANQ), cujo instrumento é gerido em coordenação com parceiros sociais, bem como, ii) as necessidades de formação em função das ofertas de emprego identificadas a nível local. A este nível importa ainda referir que no domínio dos percursos de formação, em particular, da população desempregada, esta sinergia entre o IEFP e o tecido empresarial é potenciada pela formação em alternância, através da qual, as entidades empregadoras “abrem a suas portas” para acolher os formandos no desenvolvimento da formação prática em contexto real de trabalho. No âmbito da sua atividade corrente, o IEFP tem ainda desenvolvido no âmbito da formação continua, formação modular dirigida às necessidades especificas dos ativos das empresas. Este trabalho conjunto tem vindo a ser aprofundado, através de um conjunto de medidas mais flexíveis e ajustadas às necessidades das empresas, tais como por exemplo, o PRO-MOV, o Emprego+Digital ou o Programa “Competências e Trabalhos Verdes / Green Skills & Jobs” enquanto programas flexíveis, cujos programas de formação decorrem da iniciativa das próprias empresas, podendo integrar UFCDs do catálogo ou extra-catálogo (formação à medida).
Durante a formação como é que se consegue o equilíbrio entre a transmissão de conhecimentos práticos e teóricos?
É um desafio, mas a própria experiência leva-nos a conseguir fazer um equilíbrio entre as duas situações que são tão importantes. A teoria é importante para que os formandos percebam o porquê de determinados procedimentos de trabalho, mas a prática é fundamental para conseguirem ganhar experiência e saírem mais bem preparados da formação.
Como se realizam as avaliações de conhecimentos teóricos e práticos?
A melhor forma de se validar e avaliar a aprendizagem são os momentos de estágio presentes em todas as formações existentes de longa duração. Estes períodos são fundamentais tanto para os formandos, que ganham uma noção do que é o mundo do trabalho, como para as entidades formadoras que, desta forma, conseguem consolidar todo o processo de aprendizagem.
No final do curso de formação, o que se espera que os formandos tenham adquirido?
Espera-se que os nossos formandos estejam bem preparados para poderem entrar no mercado de trabalho e para que as empresas possam ver neles uma mais valia para integrarem os seus quadros.
Carla, enquanto formanda, qual foi a razão que a levou a optar por uma Formação Profissional?
Para mim, o principal motivo deveu-se ao interesse que eu tinha em terminar a minha formação, consegui concluir o curso em três anos e já tinha adquirido experiência profissional, o que facilitou imenso a minha entrada no mercado de trabalho.
Como foi o processo de seleção do curso que iria frequentar?
Quanto ao processo de seleção, foi bastante prático, a única coisa que tive de fazer foi inscrever-me no Centro de Emprego e a partir daí, fiz a inscrição diretamente no Centro de Formação Profissional de Alcoitão e comecei.
Quais foram as vantagens que imaginou que esta formação ia trazer ao seu percurso profissional antes de ingressar?
Dentro das vantagens que eu imaginava, a principal seria a facilidade com que, mais tarde, eu conseguiria entrar no mercado de trabalho. Tinha alguma pressa em começar a trabalhar, pois, embora eu fosse muito nova, já tinha um filho. Sabia que para conseguir o meu objetivo, a principal vantagem era a “bagagem” prática e teórica que eu teria quando terminasse o 12º ano.
Durante a Formação Profissional, quais foram as diferenças que identificou face à formação que tinha tido anteriormente?
A principal diferença, sem dúvida, é a vertente prática, ou seja, os estágios. Durante os três anos de curso, tive a oportunidade de frequentar três estágios em contexto profissional, o que não acontece no percurso dito regular, no qual, não existe qualquer tipo de experiência em contexto de trabalho. Este é para mim, um ponto bastante positivo. Para além de que a Formação Profissional permite-nos focar e especializar numa área. Estamos três anos a estudar algo concreto, a aprender e a evoluir e sabemos que quando este percurso terminar, vamos ter a oportunidade real de “meter as mãos na massa”. Enquanto que o percurso regular é mais ambíguo, pois não existe oportunidade de adquirir experiência profissional e por isso, não conseguimos saber exatamente o que queremos e gostamos de fazer, ou até se ingressar no Ensino Superior durante mais três ou quatro anos é a melhor ou a única opção para conseguirmos entrar no mercado de trabalho.
Em todas as opções que tomamos, surgem sempre surpresas, ou seja, aspetos que não tínhamos antecipado antes de vivenciarmos uma determinada experiência. O que é que a surpreendeu ao longo da sua Formação?
A minha maior surpresa foi ter sido selecionada para o Campeonato Nacional das Profissões, essa foi sem dúvida, a minha maior surpresa, ainda me emociono a falar nisto. Ao longo da minha formação sei que dei sempre tudo de mim, mas nunca pensando que no final, estaria para chegar o maior desafio da minha vida.
Frequentar um curso de Formação Profissional permitiu que participasse no Campeonato das Profissões. O que retira desta experiência?
Sou extremamente grata, aliás, a única coisa que posso dizer é que foi uma honra, um privilégio ter sido formada pelas minhas formadoras. O nível de ensino que encontrei no Centro de Formação Profissional de Alcoitão foi incrível, não sei onde cabe tanto conhecimento dentro de uma só pessoa, agora multiplique-se esse conhecimento pelas várias pessoas que me acompanharam no campeonato… Foram horas, dias e meses de muito, muito trabalho, foi intenso, mas foi muito gratificante! Ainda não consigo explicar o que sinto quando falo nisto, já passou algum tempo, mas ainda tenho as emoções à flor da pele.
De um modo global, o que é que ser formanda profissional lhe acrescentou enquanto pessoa, formanda e futura profissional?
Foi incrível ter participado nos campeonatos das profissões, todo o percurso feito desde o campeonato nacional até ao campeonato mundial é algo que não dá para descrever, é intenso, é gratificante, é uma imensidão de sentimentos.