Quais são as competências pessoais e humanas mais desenvolvidas nos cursos profissionais?
O desenvolvimento de competências científicas e técnicas, bem com as competências designadas como soft skills são amplamente trabalhadas, e isso implica também uma metodologia de ensino-aprendizagem pouco expositiva, requerendo uma centralidade do aluno em todo o processo. Enquanto cursos de dupla certificação, os cursos profissionais permitem o desenvolvimento de competências sociais, científicas e profissionais necessárias ao exercício de uma atividade profissional. O desenvolvimento destas competências resulta das
características inovadoras destes cursos nomeadamente uma estrutura curricular modular que permite a implementação de práticas pedagógicas com uma orientação mais prática, que possibilita a participação mais ativa e colaborativa entre alunos e entre docentes. A frequente interdisciplinaridade que se estabelece entre as diferentes disciplinas e as diferentes componentes de formação permite o desenvolvimento de projetos. Também, a flexível distribuição da carga horária de referência ao longo do ciclo de formação permite um ajuste ao perfil dos alunos e ao modo como a Formação em Contexto de Trabalho se vai organizar.
As competências sociais e humanas estão definidas no Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória e nas Aprendizagens Essenciais das disciplinas das componentes de formação sociocultural e científica. Os cursos profissionais fazem parte do currículo do ensino secundário e não são, deste ponto de vista, diferentes do exigido para os restantes cursos que permitem obter a escolaridade obrigatória, formar cidadãos proactivos para um estado de direito democrático sólido, e profissionais aptos para os desafios com que se defrontem a que as respetivas qualificações dão resposta, num contexto de mudança e resiliência. A sua especificidade está na qualificação profissional e na possibilidade que esta permite de adquirir/reforçar algumas competências em contextos práticos, não na diferenciação de competências sociais e humanas.
Os alunos do ensino profissional, têm a oportunidade de prosseguir os seus estudos no ensino superior, contudo, a taxa de ingresso no ensino superior é ainda relativamente baixa. Na sua opinião a que se devem estes valores e o que pode ser feito para modificar este paradigma?
Não é um paradigma, é um processo em desenvolvimento. A taxa de ingresso no ensino superior relativamente mais baixa dos alunos que frequentaram o ensino profissional poderá explicar-se por duas variáveis:
O ensino profissional é uma modalidade direcionada para a integração dos jovens no mercado de trabalho. Apesar desta modalidade permitir o prosseguimento de estudos, muitos dos jovens que a frequentam, fazem-no com o objetivo de ingressar mais facilmente no mercado de trabalho, não tencionando, no imediato, prosseguir estudos.
Por outro lado, os alunos que decidem prosseguir estudos, encontravam, até ao ano passado, um sistema de ingresso no ensino superior muito dependente de exames nacionais desenhados para os cursos científico-humanísticos (algumas disciplinas das provas específicas não fazendo parte do currículo dos cursos profissionais ou tendo programas parcialmente distintos), resultando numa maior dificuldade dos alunos dos cursos profissionais obterem sucesso igual ao dos alunos do ensino geral.