Sobre o plano de recuperação, o que se pode esperar para o futuro?
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um pacote de investimento de dimensões excecionais e que constitui uma grande oportunidade para a recuperação da economia portuguesa e para a preparação de uma economia de futuro, assente nos seguintes três pilares fundamentais: a resiliência económica, a transição climática e a transição verde. Dou um breve exemplo prático deste plano: a aposta no comércio como fator identitário dos territórios, ou seja, a valorização do comércio, promovendo-se uma experiência do consumo cada vez mais digital, mas que preserve o nosso património material e imaterial. Noto que uma das prioridades tem sido apoiar as empresas na sua digitalização. Iremos promover, de forma descentralizada e ao alcance de todos, uma abordagem consistente, que incentive os comerciantes a vender online e que, acima de tudo, capacite os trabalhadores e os empresários para que os seus modelos de negócio físicos possam também ser bem-sucedidos no ambiente digital.
Portugal com 45 mil milhões para transformar economia e sociedade em 10 anos. Como estará o nosso país nessa altura?
O País já mudou com esta pandemia e será certamente diferente do que tínhamos no final de 2019. Todavia, continuo otimista. Espero que Portugal seja um país mais competitivo, mas também mais verde, com uma economia mais resiliente. Acredito que, coletivamente, estaremos à altura de superar os desafios do momento presente, como tantas vezes sucedeu ao longo da nossa História.
É mestre em Engenharia Civil. Porquê a escolha por esta área e que impacto teve no seu percurso, em especial na função que desempenha agora?
Não creio que o tema das formações académicas tenha de estar substancialmente ligado ao exercício de determinadas responsabilidades políticas. Cada caso será um caso. Mas, a título pessoal, o que posso dizer é que a formação em Engenharia Civil foi importante para a construção da minha visão de sociedade. Entre outros aspetos que poderia destacar, sublinho a importância de perspetivar as missões e os desafios de forma integrada, em equipa e em estreita colaboração com todas as partes envolvidas.
Para os mais novos, de que forma é que explica o que é a política e o impacto que tem na sociedade?
Sinteticamente, com todas as imperfeições destes exercícios, diria que a política é, fundamentalmente, um instrumento – único e insubstituível – para melhorar a vida dos cidadãos.
Uma mensagem para os leitores.
«Consumidores, por definição, somos todos nós», disse John F. Kennedy, em 1962. Esta é, a meu ver, a melhor mensagem que posso partilhar no âmbito da defesa do consumidor. Grande parte das nossas práticas quotidianas configuram, na verdade, atos de consumo. Neste contexto, é importante sabermos que temos direitos e que podemos ser consumidores participativos na proteção dos nossos legítimos interesses, bem como dos interesses dos outros cidadãos. Sobretudo no mundo em que vivemos, quanto mais informados estivermos, mais protegidos estaremos.