Gap Year Portugal: Moves-te?
Foi em 2012 que, numa noite de insónias — sob uma rede mosquiteira, “algures” na Índia —, Gonçalo decidiu que um (mágico) conceito, que tanto lhe mudou (e mudava) a vida, não devia ser só dele.
Definido como “um semestre ou ano de aprendizagem empírica, que se compromete a aprofundar a consciência prática, profissional e pessoal”, o período sabático concede a oportunidade de mergulhar em novas culturas, aprender com diferentes perspetivas e desafiar concepções singulares, confessou, em entrevista, Raquel Novais, Diretora de Comunicação (CCO) da Associação Gap Year Portugal.
Integrando experiências impactantes, que benefícios são impulsionados?
Não crendo que exista uma fórmula indubitável, abstemo-nos de sugerir pacotes.
Contudo, a aquisição de competências concedida assegura, inevitavelmente, um crescimento pessoal significativo e transformador.
Viajar amplia horizontes – interrail pela Europa, o “mochilão” pela América Latina ou o típico roteiro pelo Sudeste Asiático –, promovendo a tolerância e o entendimento intercultural, enquanto o Voluntariado – Workaway, Worldpackers ou WWOOF – fortalece a empatia, o trabalho em equipa e a liderança, através da contribuição em causas locais e internacionais.
Já o Estágio e o Trabalho – AuPair, Mind my House, Nomador e TrustedHousitters – auxiliam o processo de transição, possibilitando a construção de uma rede de contactos, o desenvolvimento de habilidades específicas e o incentivo à independência financeira.
Aprender ou aperfeiçoar skills e idiomas – Lingoda, Duolingo, Babbel e Italki – estimula, igualmente, a criatividade, expandindo o leque de oportunidades de carreira.
Com o intuito de contribuir para o progresso de uma geração mais ativa, consciente e global, que projetos são viabilizados?
Muitos [risos].
Em parceria com a TAP Air Portugal, a “Road Trip Gap Year” convida discentes a participar em talks inspiracionais, workshops e bootcamps, onde reunirão as ferramentas necessárias para planificar um itinerário de duas semanas; o “Gap2Impact” – direcionado a jovens, entre os 15 e os 24 anos, acompanhados/as ou acolhidos/as pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – dota-os de recursos elementares para uma inserção laboral, um aumento da empregabilidade e uma participação social atuante; o “Erasmus+”, ao abrigo do Corpo Europeu de Solidariedade, realiza um training course e um youth exchange; e o “Gap Year Summit”, que reúne, durante três dias, no Carregal do Sal, Diogo Tavares, Diana Nicolau, Tânia Muxima, World Sketching Tour, Nós no Mundo ou All Aboard Family.
O “Gap Up!: Plataforma & Comunidade” garante a interação entre mentores e futuros/as gappers. O que podemos encontrar?
Sendo um espaço dinâmico de networking, a interface providencia um conjunto de informações úteis – composto por um mapa interativo, que revela a localização dos peregrinos, e por uma base de dados fidedigna sobre o work exchange –, dinamiza eventos, em formato online e presencial, nomeadamente jantares, atividades e seminários, e sessões personalizadas, e fomenta, ainda, o e-learning, que aborda diversos tópicos, como o propósito, o orçamento, a poupança, a segurança ou o material.
E apoios de financiamento?
Em 2024, providenciamos nove Bolsas, com um prémio, no valor de 5000 euros — individual — ou de 6500 euros — dupla.
> “Lobo Scholarship” (1), entregue pela Fundação Lapa do Lobo;
> “Emunicipa-te”, para residentes ou estudantes dos Municípios de Oeiras (3) e Odemira (1);
> “U-Scholarship” (1), em colaboração com a Nova SBE, destinada a alunos de Licenciaturas;
> “Year of Opportunities” (3), cofinanciada pelo Plano de Recuperação e Resiliência, focada em famílias de baixo rendimento.
Candidatura concluída. E agora? Como passar à realidade?
Após o planeamento, alinhar os detalhes finais é o próximo passo, sendo crucial identificar, gerenciar e desmistificar medos, e priorizar a flexibilidade, abrindo – sempre – espaço para o inesperado.
De mochila às costas e com o suporte que dispomos, qualquer vivência ocorrerá sem contratempos.
Testemunhos (audaciosos)
“Como disse José Saramago – ‘é necessário sair da ilha para ver a ilha’ –, eu assim o fiz. Decidi sair de mim e, acima de tudo, sair da caixinha normativa que tanto me sufocava.
Em três meses, estive em várias cidades e hostels, cruzei-me com dezenas de pessoas e tive inúmeras experiências, que necessitaram que eu tivesse inteligência emocional, flexibilidade, adaptabilidade, boa comunicação, capacidade de gerir conflitos e tolerância à diferença.”
_ Ema Mateus, Vencedora da U-Scholarships by Nova SBE (2022)
“O meu gap year foi plano de gaveta durante 6 anos. Este ano, tirei-lhe o pó e trouxe-o para a realidade. A ideia nasceu no final do Secundário, mas as condições não estavam reunidas para embarcar.
Deixar escapar a oportunidade, seria desperdiçar o improvável e perfeito alinhamento de incontáveis fatores que tornaram possível viver este sonho.”
_ Matilde Manuel, Candidata à Lobo Scholarship (2022)
“Fiz o meu gap year porque precisava de voltar a aprender o que significa a vida e que papéis assumem nela a curiosidade, a descoberta, o desconhecido, a alegria, o amor, a arte, a religião, o medo, a dor… Tudo.
E nós não nos podemos ensinar isso a nós próprios. Só o mundo pode. Nós só temos de ceder à sua maravilha.”
_ Bernardo Silva, Vencedor da U-Scholarships by Nova SBE (2017)
Gap Year Portugal: Moves-te?