ADN Escolas: Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté
Em mais uma entrevista para a rubrica ADN da tua Escola, a revista Mais Educativa rumou até à Margem Sul, desta vez até à Charneca da Caparica, para conhecer este Agrupamento de Escolas tão especial.
Conduzidos pela Diretora Graça Carvalha, conhecemos o que torna este Agrupamento único e um lugar onde todos têm lugar e todos são respeitados, independentemente do lugar de onde vêm.
Quais são os valores e a missão do vosso Agrupamento que o tornam um Agrupamento único e com um ADN muito próprio?
O nosso Agrupamento tem 30 anos de existência e envolveu-se, ao longo destes anos, num conjunto de iniciativas, sempre um passo à frente, daquilo que vieram a ser as políticas educativas nacionais, podemos até falar de inovação pedagógica, recorrendo a um termo atual. O Agrupamento teve origem em 1993, com a Escola Básica integrada, ou seja, com o 1º, 2º e 3º ciclo no mesmo estabelecimento e só isso já era uma novidade na altura, fomos uma das primeiras Escolas Básicas Integradas no nosso país. De seguida, surgiu o projeto de gestão flexível do currículo, que antecedeu ao contrato de autonomia, assinado em 2007. A Escola foi crescendo, a designação foi mudando, até que este ano, inaugurámos o Ensino Secundário. Relativamente à nossa missão e valores, estes estão plasmados no Projeto Educativo da Escola, e desde cedo entendemos que a prioridade era que os nossos alunos, sem exceção, conseguissem concluir o seu ciclo de estudos com dignidade.
Encontrar formas de evitar o abandono escolar, procurando processos escolares, nem que fossem alternativos para que os alunos conseguissem constituir a sua escolaridade, era igualmente prioritário. Sabemos que a Escola é um dos maiores elevadores sociais, portanto, eles chegam todos diferentes e nós procuramos que saiam, tanto quanto possível, todos iguais. Temos a preocupação de lhes dar essa possibilidade. A nossa missão é educar para a autonomia, responsabilidade e promoção de valores sociais e éticos, através de uma intervenção assertiva. Acreditamos que há um conjunto de competências sociais que devem ser desenvolvidas na Escola e que vão muito além do conhecimento. Procuramos que os nossos alunos sejam cidadãos interventivos, autónomos, responsáveis e isso só é possível potenciando neles estes valores. Consideramos que esta é a base da nossa missão.
Em termos de projetos escolares, é uma Escola muito ativa, com muitos projetos em áreas muito diversas. Para este ano letivo, quais é que são as principais apostas da Escola?
A Escola desde 2017 que implementou os 10 minutos de leitura, ou seja, todos os nossos alunos leem diariamente 10 minutos no período da manhã e 10 minutos no período da tarde, independentemente da disciplina em que se encontram. Este projeto teve a validação do Plano Nacional de Leitura e depois da Rede Bibliotecas Escolares, e é hoje, como sabemos, uma política educativa nacional, através da qual as Escolas podem concorrer para obterem uma verba para aquisição de livros, para as diferentes faixas etárias. Somos uma Escola que, para além disso, quer ler mais e melhor e para tal, é preciso manter as nossas bibliotecas escolares dinâmicas e interventivas. Todo o tipo de projetos financiados, quer sejam nacionais ou internacionais são uma aposta fortíssima devido ao seu impacto no bem-estar da comunidade escolar. Estes são apenas alguns exemplos. Existem também projetos na área da cidadania, da política, o projeto Erasmus, a nível internacional, que constitui uma oportunidade de mobilidade para alunos, professores e assistentes técnicos e operacionais. Por último, há um projeto, há vários anos, na Escola que eu não poderia deixar de referir e que funciona em parceria com a Aaraf – Associação Almadense Rumo ao Futuro, trata-se de um projeto de inclusão no qual, recebemos no nosso Agrupamento, pessoas portadoras de deficiência ao abrigo deste projeto, com o objetivo de serem integrados para trabalharem connosco e, posso dizer que, neste momento, todas as pessoas recebidas por nós, estão integradas nos quadros da Escola. Julgo que este é um projeto muito importante, para ser divulgado, pois fala-se frequentemente na falta de recursos humanos nas Escolas e, simultaneamente, temos pessoas portadoras de algum grau de deficiência, que conseguem assumir muitas tarefas importantes e que precisam de uma oportunidade para se inserirem no mercado.
Temos muito orgulho neste projeto, que dá uma nova esperança de vida a estas pessoas que, pela sua condição, estavam excluídas da sociedade e encontraram aqui uma forma de se integrarem. Por outro lado, a sua presença na Escola, passa uma mensagem muito importante aos nossos jovens, em termos de valores humanos e sociais, pois aprendem a respeitar a diferença e habituam-se a lidar com ela e a desenvolver empatia e cuidado com o outro. Enquanto Diretora, deixa-me muito feliz, saber que estamos a contribuir para formar jovens sensibilizados com a diferença e respeitadores da mesma.
Por último, de que forma gostaria que este Agrupamento fosse recordado pelos seus alunos?
Eu gostaria que eles recordassem a Escola, como um lugar onde eles passaram um período feliz na sua infância. Na realidade, muitos dos nossos alunos passam connosco a sua infância e início de juventude, porque entram aos 4/5 anos no Pré-Escolar e ficam, até ao 9º ano de escolaridade (10º ano, atualmente). Temos a ideia de que os alunos se sentem bem neste espaço escolar, até porque manifestam pena quando saem da Escola. Como esta é uma Escola com uma localização privilegiada, os alunos têm a comodidade de estarem próximos de casa, com o conforto extra de estarem num sítio no qual todos sabem o seu nome, porque foi connosco que eles cresceram.
No fundo, quero que este seja um lugar, onde aprendem conhecimentos e adquirem competências pessoais e sociais, onde são respeitados e onde se sentem bem.