Esta nova fase para a qual te preparas traz consigo muito mais que exames, trabalhos e estudo. Para quem gosta de desporto, pode encontrar no Ensino Superior uma oportunidade para melhorar a sua prática e até entrar em competições! Para te ajudar a perceber de que forma isto é possível, falámos com André Reis, Presidente da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), que te explica quais as modalidades que poderás praticar, como funcionam as competições, como te podes inscrever e até como o desporto pode ser benéfico para ti enquanto estudante!
Quais os motivos porque é importante conciliar, concretamente no Ensino Superior, a carreira desportiva com a académica?
Por vários motivos, mas desde logo porque em Portugal a profissionalização do desporto ainda é uma coisa só para algumas modalidades (poucas!) e, mesmo nessas, nem todos conseguem atingir o topo. Para além disso, mesmo para aqueles que acabam por se tornar profissionais, é essencial pensarem a longo prazo e na sua vida pós-carreira. E, claro, a qualificação superior é muito importante num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, pois o conhecimento gera melhores resultados para as empresas.
Em vez de roubar tempo, pode o desporto ser também benéfico para o próprio desempenho académico dos estudantes?
Evidentemente que sim. Vários estudos apontam nesse sentido e temos excelentes exemplos de estudantes-atletas. No desporto, os atletas estabelecem metas individuais (por exemplo: chegarem à equipa principal, baterem recordes, melhorarem os seus tempos, aperfeiçoarem os seus movimentos técnicos, etc). Se pensarmos nestas competências na vida académica dos estudantes, podemos verificar que o seu desenvolvimento ajuda a uma maior eficácia no estudo. Isso acompanhado do bem-estar físico e psicológico que o desporto proporciona são ingredientes essenciais para o sucesso académico, principalmente no Ensino Superior onde a pressão e a exigência do ensino é bastante maior que nos restantes níveis de escolaridade.
Que modalidades individuais e coletivas existem atualmente no desporto universitário, e qual a melhor forma de saber quais podem os estudantes praticar na sua universidade/faculdade?
Voleibol, Tiro, Esgrima, Andebol, Rugby 7, Futebol, Basquetebol 3×3, Badminton, Xadrez, Ténis, Ténis de Mesa, Bilhar, Natação, Basquetebol, Futsal, Judo, Kickboxing, Karting, Ciclismo, Duatlo, Atletismo, Squash, Corfebol, Tiro com Arco, BTT, Natação, Taekwondo, Canoagem, Remo, Hóquei em Patins, Triatlo, Orientação, Karaté, Bilhar, Padel, Golfe, Ginástica, Surf, Escalada, Trail, Pólo Aquático, Bodyboard, Esqui Alpino, Snowboard, Equitação, Vela, Andebol de Praia, Futebol de Praia, Voleibol de Praia, Futevôlei e Rugby de Praia. Estas são as modalidades que constam atualmente do calendário desportivo universitário, podendo existir alguns ajustes em cada época desportiva. Os estudantes que quiserem participar nas competições destas modalidades devem procurar informação junto da sua Associação de Estudantes ou da Instituição de Ensino Superior.
É possível praticar uma modalidade “por desporto” e também de forma competitiva? Que competições universitárias existem e como estão organizadas?
Sim, é possível. A promoção da prática desportiva e o alargamento da base de estudantes com atividade física ou desportiva regular é um assunto cada vez mais na ordem do dia. São muitos os estudantes que querem praticar uma determinada modalidade desportiva, mas não querem e/ou não reúnem condições para participarem nas equipas das suas instituições de ensino. Felizmente, o movimento desportivo universitário tem olhado para esta área do desporto informal com crescente preocupação e já existem muitas Instituições de Ensino Superior com programas de promoção da prática desportiva em curso.
Falando agora da organização das competições universitárias, a maioria das modalidades coletivas está organizada por três grandes zonas de apuramento para a Fase Final do Campeonato Nacional Universitário: o Campeonato Académico do Porto (CAP), o Campeonato Universitário de Lisboa (CUL) e o Apuramento da Zona Norte, Centro Sul (NCS). Os dois melhores classificados de cada zona apuram diretamente para a Fase Final, os terceiros classificados de cada zona disputam entre si uma vaga de acesso à Fase Final (Play-Off) e a equipa do clube organizador da Fase Final tem acesso direto. Todas as restantes modalidades desportivas (essencialmente individuais) são de acesso direto e ocorrem em diferentes alturas do calendário desportivo nacional, sendo estas competições vulgarmente conhecidas como CNU diretos.
Pode o desporto universitário ser uma via de acesso para uma carreira desportiva profissional?
Não é habitual, fruto da organização do sistema desportivo em Portugal. A formação desportiva do nosso país está alicerçada nas associações desportivas/ clubes e não nas Escolas ou nas Instituições de Ensino Superior como, por exemplo, no desporto americano.
Que condições e regimes tem hoje à disposição quem pratica desporto de alto rendimento?
Os atletas do alto rendimento têm um regime especial de acesso ao Ensino Superior que pode ser consultado no separador “Legislação” do site da FADU, e que contempla um conjunto de medidas de apoio, entre as quais: facilidade de transferência de estabelecimento de ensino; horário escolar e regime de frequência adaptado à preparação desportiva; facilidade de justificação de faltas e de alteração de datas de provas de avaliação; acesso a aulas de compensação; apoio de um professor acompanhante, etc. Para além disso, algumas Instituições de Ensino Superior têm programas específicos de apoio aos atletas de alto rendimento, como a atribuição de bolsas/prémios de mérito desportivo, a cedência de alojamento, acesso facilitado às instalações desportivas, entre outras medidas e apoios.
De que forma posso inscrever-me no desporto universitário?
Contactando a tua Associação de Estudantes ou a tua Instituição de Ensino Superior. Ambas terão pessoas responsáveis pela área do desporto que estarão certamente disponíveis para te ajudar no que for preciso e encaminhar-te para a oferta desportiva que têm ao serviço da sua comunidade.
Texto de: Beatriz Cassona
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