Opinião | Inteligência Artificial – Da sala de aula para o futuro
O que somos hoje, na vida adulta, é resultado da nossa infância e juventude. São estes anos que moldam o que sabemos da Matemática e da Ciência, da Literatura, do mundo em que vivemos, e da nossa história. Mas são, também, estes os anos, onde começamos a construir o nosso futuro.
O conceito de “futuro” é indissociável do ensino e dos currículos escolares. Na Escola, transmitem-se conhecimentos e informações do passado e do presente, mas com olhos postos no futuro. Ou seja, dar aos jovens as competências, ferramentas e capacitação necessária para o seu futuro – e, claro está, para o futuro de sociedades mais conhecedoras, sustentáveis, inovadoras e prósperas.
Esta preparação para o futuro assume contornos muito particulares no mundo digital em que vivemos. Nesta nova economia, baseada na evolução tecnológica, estamos em constante mudança, de forma cada vez mais acelerada. São precisas hoje novas competências, abordagens e ferramentas diferentes das de ontem – e que serão, certamente, diferentes das de amanhã. O que aumenta a complexidade: Como preparar, na Escola de hoje, um futuro que se configura demasiado rápido para antecipar?
A chave desta questão está nas áreas de STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics), que incentivam, precisamente, à inovação, à resolução de problemas, à criatividade e à colaboração. Competências essas que são essenciais para preparar o futuro neste mundo digital em que vivemos e para garantir que as crianças e jovens de hoje estarão capacitadas para prosperar, gerar valor, liderar e estar perfeitamente integradas no que quer que o amanhã tecnológico possa trazer.
É fundamental, para isso, criar oportunidades de reforçar e incentivar a aprendizagem STEM nos vários níveis de ensino, de forma prática e experiencial. E quanto mais cedo melhor, com recurso a novas aplicações e possibilidades, incluindo Programação, Robótica e novas formas de interação, como a exploração e simulação de jogos, que possam despertar ainda mais o entusiasmo por estas áreas de STEM. A investigação científica demonstra claramente que, quanto mais cedo as áreas STEM forem introduzidas no ensino, maior a probabilidade de os estudantes as seguirem no Ensino Superior.
Estimular a aprendizagem nas áreas de STEM significa, também, preparar as nossas crianças e jovens para um futuro transformado pela Inteligência Artificial (IA). Na Microsoft, temos feito um caminho de sólido investimento na IA e acreditamos que esta é a tecnologia que vai definir os tempos em que vivemos.
E se fosse possível que, ao longo dos diferentes níveis de ensino, antes sequer de chegarem ao Ensino Superior, os estudantes já estivessem familiarizados (e entusiasmados) com as possibilidades da IA? Para que, mais do que nativos digitais, se possam tornar nativos em tecnologias de Inteligência Artificial, orientados para o futuro?
Preparar os alunos de hoje para uma carreira orientada para a IA nas áreas de STEM é mais importante do que nunca. A economia do futuro que se está a forjar no presente vai precisar de novas competências digitais e fluência na Inteligência Artificial para o mercado de trabalho, de forma transversal aos diversos setores. 82% dos líderes empresariais, em todo o mundo, afirmam que os colaboradores vão precisar de novas competências para estarem preparados para o crescimento da AI, segundo o Work Trend Index Annual Report da Microsoft.
Cabe-nos a nós facilitar a aprendizagem e exploração deste novo mundo. Nós, num trabalho conjunto entre tecnológicas, Instituições de Ensino, professores, educadores, famílias e alunos, para evoluir a forma como as áreas de STEM estão presentes na sala de aula e para democratizar o acesso a IA responsável a alunos e professores.
Iniciativas como o espaço “Dream Space”, o centro STEM nos escritórios da Microsoft, são importantes para aprofundar a exposição dos jovens a estas áreas, à tecnologia de IA e às mais recentes ferramentas no mercado. Ainda na última semana de janeiro, centenas de alunos e professores do 2º Ciclo do Ensino Básico estiveram reunidos para a “Dream Space Week”, onde tiveram a oportunidade de participar em atividades lúdicas e de aprendizagem, através do Minecraft Education e Micro:Bit.
Mas há muito mais por explorar, aprender e descobrir. O futuro está por construir e grande parte estará a cargo desta nova geração, quando chegarem aos seus futuros empregos. Para isso, basta acender, já hoje, a paixão por este mundo fascinante de criatividade e inovação. E tudo pode começar, por exemplo, por programar um jogo com AI, numa sala de aula.
Artigo de Pedro Pinto Lourenço, Diretor Executivo para a Área do Setor Público da Microsoft Portugal