Nos últimos dois anos, o mundo mudou: a tecnologia ganhou uma importância vital, em inúmeras áreas, novas ferramentas digitais surgiram, outras já existiam, mas tornaram-se reconhecidas pelo público e conceitos como teletrabalho, Zoom, Teams, e tantos outros, tornaram-se parte do nosso dia a dia.
Agora é momento de refletir: Qual é o impacto destas alterações no futuro das empresas e no modo de trabalhar e de ver o emprego?
Fomos conhecer o Futuro do Emprego pela visão de quem recruta! Entrevistámos a Diretora de Pessoas e Comunicação Interna da empresa SUMOL+COMPAL e da Diretora de Recursos Humanos da Altice Portugal, Graça Rebocho.
Os dois anos em que vivemos períodos de confinamentos e regimes de teletrabalho deixaram, de um modo geral, alterações profundas na forma de estar e de trabalhar. Na SUMOL+COMPAL, como é que esta mudança se faz sentir atualmente? O que mudou na forma de trabalhar e na cultura da vossa empresa em virtude da pandemia?
A pandemia afetou naturalmente a forma como trabalhamos na SUMOL+COMPAL, tal como afetou a grande maioria das organizações. Pela natureza do nosso negócio (sendo uma indústria alimentar), a SUMOL+COMPAL manteve sempre uma grande parte dos seus colaboradores em trabalho presencial, isto durante todo o tempo de pandemia, o que exigiu que, desde o primeiro momento, a organização desenvolvesse processos, ferramentas e competências de gestão de Pessoas em modelos de trabalho híbridos.
Dois anos passados, diria que muito aprendemos acerca dos novos modelos de organização de trabalho e das necessidades dos nossos colaboradores. Na minha opinião, estamos hoje mais sensíveis às necessidades individuais dos nossos colaboradores e ao seu nível de bem-estar. Compreendemos o impacto que o modelo de trabalho híbrido tem no dia a dia da organização e, uma vez que estamos dispostos a fazê-lo perdurar, estamos focados em implementar as ferramentas que permitam trabalhar de forma mais eficiente e desenvolver nas equipas as competências que assumem uma especial relevância neste contexto, tais como a autonomia, a gestão por resultados, a flexibilidade e a empatia.
Ultimamente ouvimos falar de soft skills e da importância crescente que estas ganham no processo de recrutamento. Na SUMOL+COMPAL, quais as competências mais valorizadas nos candidatos durante o processo de recrutamento?
O reconhecimento da relevância dos soft skills na SUMOL+COMPAL é algo que está já enraizado na nossa forma de estar e trabalhar. No entanto, tal como noutras áreas, o modelo de competências comportamentais consideradas relevantes na organização evolui, por forma a melhorar, adaptar-se e responder aos novos desafios. Assim, para além das competências que fazem parte do nosso modelo, onde se incluem, entre outras, a gestão e liderança, a satisfação do cliente, a resiliência, o trabalho em equipa e a capacidade de inovação, privilegiamos candidatos que demostrem empatia, dinamismo, flexibilidade e criatividade.
De acordo com a sua experiência e realidade empresarial, quais são as áreas que, num futuro cada vez mais digital, serão mais procuradas pelos recrutadores?
A transformação digital é uma realidade transversal às organizações, sendo que todas as áreas funcionais podem, e devem, beneficiar deste fenómeno. Vivemos numa era onde a gestão de informação e o digital são uma componente muito importante da maioria das funções pelo que quem possuir competências nestas duas áreas, sejam elas aplicadas às áreas do Marketing, Operações, Supply chain, IT ou Financeira, captará um maior interesse do mercado de trabalho. Ainda associado a esta massificação de dados e do digital, as funções relacionadas com a gestão de dados e a sua segurança são áreas que, acredito, terão igualmente muita procura.
Adicionalmente, a mudança e transformação que se vive hoje nas organizações, determina que funções nas áreas de engenharias, logística e planeamento, gestão e marketing continuam a ser muito procuradas.
Vivemos tempos económica, social e politicamente desafiantes. Como podem as tecnologias digitais, com todo o seu potencial, fazer face a estes desafios?
No setor em que a Altice Portugal se insere, o grande desafio é saber responder e acompanhar os ciclos e as tendências do próprio setor. Encaramos a Transformação Digital como uma fase crucial no desenvolvimento das organizações e do tecido empresarial nacional, mas também das próprias pessoas, que hoje, com um estilo de vida diferente, esperam que lhes seja proporcionada uma experiência digital e adequada ao contexto real.
Para isso não basta implementar e desenvolver novas tecnologias. Enquanto Empresa, para que a transformação digital se concretize, temos de pensar, agir e implementar de forma digital. Por este motivo, a digitalização das empresas que operam neste setor não é uma opção, mas sim um requisito para manterem a relevância no mercado e competir com players globais e modelos de negócio disruptivos.
A transformação digital impacta, também, diretamente nas competências que devemos desenvolver nos nossos colaboradores e nos perfis que procuramos no mercado. Sendo uma organização de telecomunicações e de tecnologias de informação e comunicação, as competências nestas áreas são um fator determinante na integração deste mercado de trabalho e para a evolução e progressão profissional.
O futuro do trabalho com a massificação do uso das tecnologias e de uma crescente cultura digital, tende a modificar-se. De acordo com a sua experiência profissional, quais são as alterações que prevê que aconteçam no mercado de trabalho nos próximos anos?
Para ser bem-sucedida, uma empresa deverá aliar competência técnica e dedicação, a capacidade de inovação e know-how, com o intuito de fazer a diferença, criar valor e consolidar a presença no mercado. As empresas de hoje devem transformar-se, de forma a dar resposta a este novo paradigma digital, de novas áreas de negócio e tendências.
Internamente, também queremos chegar mais longe e a mais pessoas, dando resposta a novos desafios, como a captação e retenção de talento. A definição e retenção de talento numa organização nesta nova era digital é um dos desafios primordiais. Desta forma, os desafios futuros da equipa de formação e desenvolvimento da Altice Portugal passam por catalisar a mudança da cultura organizacional, informando sobre os métodos e tecnologias que suportam essa mudança, fator crucial para o sucesso da transformação digital da organização.
Este fator irá permitir estender esse sucesso aos nossos clientes, agindo como promotores da sua própria transformação digital. Torna-se, por isso, essencial alinhar a expetativa das novas gerações de profissionais com o que as empresas podem oferecer: as novas gerações valorizam novos benefícios que não os tradicionais, bem como ambientes de trabalho não convencionais. Há por isso que adaptar as empresas e as ofertas a estes novos desafios, a novos modelos e tendências de trabalho, como é o caso do modelo de trabalho remoto e híbrido, evidência e realidade que a pandemia COVID-19 acabou por reforçar.
De acordo com a realidade da Altice, quais são as áreas em que há necessidade de recrutar mais pessoas e na qual se prevê um maior crescimento futuro?
A nova geração pensa de forma rápida e global, procura experiências de trabalho diferentes e desafiantes. Acreditamos que somos um Grupo de excelência, que oferece oportunidades de desenvolvimento, crescimento e valorização profissional que não só quer captar, mas quer também reter o talento. O Grupo Altice tem uma tradição muito forte na captação de talento para as mais diversas áreas, sendo que os perfis mais procurados na Altice Portugal são aqueles que, naturalmente, acabam por ter mais procura de mercado de trabalho em geral, nomeadamente, SI/TI, Engenharia, Data Science e Marketing Digital. Queremos os melhores profissionais connosco, contando com a sua ambição, talento e conhecimento para irmos mais longe e continuarmos a crescer.
Apesar do contexto em que o mundo se viu inserido nos últimos dois anos, a Altice Portugal deu continuidade aos processos de recrutamento. Em 2020 e 2021, em plena pandemia, a Altice Portugal realizou 280 novas contratações, 110 estágios académicos e perto de 200 estágios profissionais. Neste momento temos diversos recrutamentos em curso, em áreas tão variadas como a comercial, engenharia, IT, digital, negociação, segurança no trabalho e área financeira, e ainda a candidaturas abertas para a nova edição do Programa Darwin, o programa de estágios da Altice Portugal.
Através deste Programa pretendemos atrair jovens de elevado potencial, finalistas das áreas de Engenharia, Tecnologias da Informação, Gestão, Economia e outras similares, dotados de um espírito inovador, empreendedor, dinâmico e ágil. As candidaturas para a edição de 2022/2023 já podem ser submetidas na área de Estágios do site oficial da Altice Portugal.
Com um mundo em constante mudança, como pode um/a jovem preparar-se para os desafios que o futuro do mercado laboral reserva?
As competências ditas comportamentais são hoje bastante valorizadas pelas organizações e consideradas como fundamentais num processo de recrutamento. Torna-se por isso essencial, para além de todo o know how e experiência obtida do trabalho e estudo ao longo dos anos, que os jovens trabalhem as suas chamadas soft skills como Criatividade e Inovação, Orientação para o Cliente, Iniciativa, Proatividade e trabalho em equipa. Poderão ser elas a fazer a diferença entre o perfil de candidatos e a ser determinantes num processo de escolha.