A alma dos lugares serão sempre as pessoas. Por isso, quando as pessoas mudam, qual o impacto desta mudança nas Escolas? Novas ideias, novos objetivos, novas visões… Foi isso que a Mais Educativa foi descobrir ao entrevistar o novo diretor do Agrupamento de Escolas Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.
Depois de dois anos letivos sem precedentes em virtude da pandemia, de que forma a Escola Secundária Reynaldo dos Santos se preparou para este ano letivo, tendo em conta as consequências sociais, humanas e educativas das aulas a distância?
Em termos de aprendizagens, seguimos as normas da tutela e procurámos utilizar o máximo de meios que foram disponibilizados, nomeadamente através do Plano 21/23. Em julho delineámos que, no início de ciclos iria haver um esforço extra, para colmatar as possíveis lacunas do período pandémico. Além disso na gestão do crédito horário, procurámos gerir de forma a manter os apoios dos alunos.
Da vossa perspetiva houve muitas lacunas em virtude do período das aulas à distância?
Algumas, nomeadamente, no início dos ciclos foi onde se tornou mais evidente. Os colegas do 10º ano do feedback que já conseguiram recolher, estão a sentir lacunas nas aprendizagens dos alunos e está a ser feito um esforço para as colmatar.
Este é o seu primeiro mandato enquanto diretor, quais as maiores dificuldades que encontrou ao assumir a direção?
Eu possivelmente tive uma situação privilegiada, enquanto diretor externo, ao chegar aqui, sem conhecer alguém, fui muito bem recebido e acolhido pela equipa que estava aqui e pela escola. Ao fazer a escolha do subdiretor, optámos por escolher alguém que conhece muito bem a escola e, assim, esta pessoa torna-se um braço direito conhecedor da realidade do Agrupamento, algo muito necessário para um diretor externo. Encontrei ainda uma escola muito predisposta a trabalhar, algo que é logo uma enorme mais valia.
Ter assumido a direção de uma escola, depois de um período de aulas à distância foi um desafio acrescido?
Foi um desafio acrescido! Este foi um projeto que eu abracei, pois já tenho alguns anos de carreira e faltava-me este desafio profissional. Achei que esta era uma boa oportunidade.
Entrevistámos o anterior presidente no decorrer do ano letivo anterior e em termos de oferta formativa, afirmou que a aposta nos cursos profissionais seria para continuar. Quais os novos cursos profissionais que gostaria de trazer para a sua escola?
Nesta fase ainda estamos a ver. Já há vários anos que lecionamos os cursos profissionais na nossa escola e, este ano, no caso do curso de informática tivemos muita dificuldade na colocação do corpo docente. Um problema que é nacional, mas que representou uma dificuldade acrescida no começo deste ano letivo. A nossa escola tinha um quadro estável de docentes de informática, contudo, com o concurso deste ano, estes professores ficaram desprotegidos, restando apenas dois professores. O que nos levou a pensar em apostar noutras áreas de formação profissional, mas a informática terá de manter-se para fazer face às necessidades.
Esta é uma escola muito ativa e dinâmica em termos de projetos em vários domínios, nomeadamente ao nível dos direitos humanos. Qual a importância para a formação integral dos jovens participarem nestes projetos?
É precisamente formarem se enquanto cidadãos, esta era uma preocupação que já vinha de direções anteriores. Esta é a imagem do nosso agrupamento: formar cidadãos, enquanto pessoas e profissionais e, transmitir-lhes os valores que são a base de qualquer ser humano. Ao participarem nestes projetos, os jovens adquirem o sentido de responsabilidade que é fundamental e educação para a cidadania que são dois pilares que sustentam cada pessoa e cada projeto que dinamizamos e, aos quais damos máxima relevância. O nosso objetivo é que eles sejam bem formados académica e pessoalmente.
E para a vossa Escola e o seu corpo docente qual a mais valia deste dinamismo?
O próprio sentido de pertença. Algo que já se sente muito neste agrupamento, os docentes sentem que pertencem ao agrupamento. São sempre eles o motor que move as escolas e angariam novos docentes para estes projetos e para dinamizar novos projetos.
Há algum projeto que esteja ou que virá a decorrer este ano letivo que queira destacar?
Vamos arrancar com o eco escolas, este é um dos novos projetos. De resto, os que tínhamos mantêm-se de um modo geral.
Este é o seu primeiro mandato enquanto diretor, o que espera alcançar?
Espero alcançar o maior êxito em termos pedagógicos, para os alunos do Agrupamento, e em termos de satisfação profissional para os professores que aqui trabalham. São estes os três eixos que me desafiam e para os quais direciono o meu trabalho. Procuro ter o meu corpo docente motivado, porque só assim conseguirei que os docentes façam um bom trabalho, em termos pedagógicos e que contribuam para o sucesso educativo dos alunos e consequentemente do Agrupamento.
Para este ano letivo o que gostava de implementar e dinamizar?
Tenho algumas ideias para implementar no decorrer deste mandato, nomeadamente, obter uma participação elevada na maioria das atividades da escola. Do feedback que me tem chegado há ainda uma dificuldade que é comunicar para o exterior as atividades que acontecem dentro da escola, a comunicação com o exterior deve ser melhorada para ser mais eficaz e, consequentemente, para conseguir levar para o exterior o que se realiza e concretiza dentro da escola. Fazem-se coisas muito boas que nem sempre têm a devida visibilidade exterior, é preciso projetar, especialmente no meio, o que se faz na escola.
Quais são os maiores desafios para um diretor de uma escola atualmente, no século XXI?
A gestão de conflitos é um enorme desafio tanto para professores como para diretores. E, no que diz respeito à direção da escola, fazer uma liderança racional é um outro desafio, tentar ouvir e decidir racionalmente. Não podemos esquecer que os diretores são sempre professores e serão sempre, mas neste período estamos aqui com uma função específica, se não seríamos um gestor qualquer.
O que gostaria que um/a aluno/a que saísse desta Escola dissesse sobre a sua passagem por aqui?
Gostaria que ele/a identificasse a sua escola como a sua escola e, como algo que contribuiu positivamente para a sua formação académica e pessoalmente.