O Ensino Profissional possibilita aos jovens uma entrada mais direta ao mercado de trabalho, o que alheado a um percurso centralizado no aluno, tem aliciado um número crescente de jovens a optarem por esta via de ensino. Alexandra Figueiredo Vogal do Conselho Diretivo da ANQEP I.P. esclarece todas as tuas questões sobre esta opção!
Como considera que tem sido a valorização do ensino profissional socialmente?
Tem sido empenhada, positiva, crescente e motivadora de consensos. A par da crescente afirmação do ensino profissional, de forma consistente, tem vindo a esbater-se a ideia preconceituosa de que este ensino é um reduto dos alunos que não valorizam a escola, ou que demonstram grandes dificuldades durante o seu percurso escolar. Não podemos esquecer que o ensino profissional permite uma resposta mais imediata e direta, em termos de empregabilidade, quanto à questão crítica do emprego jovem, sobretudo por contraponto e resposta ao desemprego, fruto das situações de crise que o país viveu recentemente. A grande variedade de cursos e a possibilidade de aliarem uma formação teórica a uma prática em contexto de trabalho, é uma possibilidade muito atrativa para um número cada vez maior de jovens, que assim obtêm uma dupla certificação (12º ano de escolaridade e qualificação profissional de nível 4), preparando-os para a entrada no mercado de trabalho com uma formação adequada às necessidades existentes e, simultaneamente, para o prosseguimento de estudos no ensino superior, se assim o desejarem. A diversidade de ofertas de dupla certificação, em particular ao nível do ensino secundário (os cursos profissionais, os cursos artísticos especializados, os cursos de aprendizagem, os cursos de educação e formação, os cursos com planos próprios), permitem a conclusão da escolaridade obrigatória e a obtenção simultânea de uma qualificação de nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações.
Por outro lado, a crescente valorização do ensino profissional tem implicado, da parte da Administração, escolas, empresas, autarquias, um trabalho conjunto crescente, com vista à construção de respostas consistentes e significativas quanto às necessidades do mercado de trabalho verificadas nos diferentes territórios do país e que têm eco na oferta de cursos/qualificações de jovens que, naturalmente, querem ter uma profissão que lhes permita construir as suas vidas.
Como vê a evolução do ensino profissional ao longo da última década?
Fazemos um balanço muito positivo, confirmado pela crescente valorização e afirmação do ensino profissional como via de formação com identidade própria e igual valor se comparado com as restantes vias do ensino secundário, sendo que, do conjunto de ofertas disponíveis, os cursos profissionais são a oferta mais significativa, concentrando 80% dos alunos em ofertas de dupla certificação. Esta evolução foi em grande medida impulsionada pela diversificação da rede de escolas (públicas e privadas) com oferta de cursos profissionais. A valorização e afirmação do ensino profissional e em particular dos cursos profissionais, são visíveis a vários níveis, constituindo estes cursos a primeira opção para cada vez mais alunos que pretendem realizar o ensino secundário, completando a escolaridade obrigatória. No ano letivo de 2018/2019, os dados da DGEEC indicam que cerca de 40,8% de alunos do ensino secundário estavam matriculados em ofertas de ensino profissional (dupla certificação), dos quais 33% em cursos profissionais. Outro indicador desta evolução positiva é a idade média de ingresso dos alunos nos cursos profissionais, que baixou de mais de 17 anos no ano letivo de 2012/2013 para 15 anos no ano letivo de 2016/2017.
O total de alunos em cursos profissionais foi crescendo sempre até ao ano letivo 2013/14, quando contou com 117.699 alunos matriculados, 32,4% dos alunos a frequentar o sistema de ensino em Portugal. A partir desse ano letivo o número de alunos reduziu ligeiramente, contando 115.981 alunos no ano letivo 2018/19 (ano com dados apurados mais recentes), reflexo da evolução demográfica que resultou em taxas de natalidade mais reduzidas nas últimas décadas e por conseguinte, menor número de alunos no ensino secundário. Apesar da redução do número de alunos nos cursos profissionais, o seu peso relativo (em termos percentuais) tem sido reforçado, no conjunto das diversas ofertas do sistema de ensino em Portugal: representava 32,2% em 2013/14 e subiu para 33% em 2018/19.