Entrevista | Bernardo Santos e Sousa: “Posicionamo-nos, estrategicamente, entre as entidades empregadoras e as pessoas”
Em 2022, Portugal alcançou o recorde de 61,2% da população ativa com o Ensino Secundário concluído, segundo dados registados pelo Instituto Nacional de Estatística.
Mas… Será o suficiente para assegurar o sucesso? Bernardo Santos e Sousa, Vice-Presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional, desvenda, em entrevista, ser determinante (e decisivo) o acesso a informação sobre perspetivas de carreira e tendências do mercado de trabalho para atingir a estabilidade individual e planear o futuro.
Entre a vocação e os requisitos empresariais, onde está o equilíbrio?
As motivações e as possibilidades de real concretização serão — sempre — questões controversas. Fará sentido estudar enologia num território onde não é possível plantar vinhas? Emigrar ou considerar uma área alternativa de estudo serão sempre duas alternativas legítimas e ponderáveis.
Contudo, uma coisa é certa, é fundamental providenciar — mais e melhor — entendimento sobre as saídas dos diferentes cursos e as condições inerentes a cada profissão, para fazer escolhas mais acertadas.
Atualmente, a aprendizagem ao longo da vida é um conceito extremamente reivindicado. Como é impulsionada?
Na Cimeira do Porto, em 2021, a União Europeia definiu, como meta para 2030, ter anualmente pelo menos 60% dos trabalhadores em formação profissional. É um sinal claro da sua importância. Nesse sentido o IEFP tem desenvolvido diferentes programas, não apenas para pessoas desempregadas, mas também para trabalhadores. Um exemplo é o “Programa Emprego + Digital”, que pretende promover a formação em áreas digitais, fundamental para o exercício de qualquer profissão.
Ministrando uma vasta oferta, que condições técnicas são garantidas?
Temos vindo a realizar diversos investimentos em equipamentos de alta qualidade, com um apoio muito significativo do Plano de Recuperação e Resiliência e procurando ir ao encontro das oportunidades existentes em cada território. Há também uma aposta muito significativa na economia verde, onde se prevê criar muitos postos de trabalho no futuro, uma aposta nacional e europeia, central para a sustentabilidade do planeta.
As softs skills são cada vez mais valorizadas. Que apoio fornecem na conquista de competências?
Trata-se de um enorme desafio para as novas gerações. Por um lado, a ciência e a tecnologia especializam-se em cada vez mais áreas, à medida que aprofundamos o conhecimento.
Por outro, é necessário compreender e garantir um conhecimento alargado do mundo, da sociedade e da economia, onde as competências comportamentais e a inteligência emocional são fatores críticos de sucesso, cada vez mais procurados e valorizados pelas empresas.
A psicologia e a gestão de recursos humanos têm evoluído imenso nos últimos 30 anos, à medida que as empresas foram compreendendo qual é o seu maior ativo — as pessoas — , devemos por isso aproveitar todas as oportunidades para aprofundar este domínio.
Sendo um aliado na procura de emprego, que contributo detêm na preparação para as exigências e a volatilidade do mercado de trabalho?
Posicionamo-nos, estrategicamente, entre as entidades empregadoras e as pessoas, transformando as necessidades em oportunidades.
Estimulamos a formação profissional em áreas emergentes, que respondam às tendências do mercado, estamos em contacto com as empresas e fomentamos a formação ao longo da vida.
Hoje, mais do que no passado, uma das características mais relevantes, senão a mais importante, para o desempenho de qualquer função e em qualquer momento da sua carreira, é estar — sempre — motivado para aprender.
#8 profissões com maior empregabilidade
- Enfermagem;
- Engenharia Informática;
- Gestão;
- Arquitetura;
- Medicina;
- Ortóptica;
- Psicologia;
- Educação Básica.
*informação extraída do portal “InfoCursos”, referente a 2023, tendo por base o número de recém-diplomados inscritos no IEFP.*