ADN Escolas: Escola Secundária de Felgueiras
Com uma doutrina pedagógica assente no respeito pela dignidade humana, na responsabilidade pessoal e no esforço sustentado e sistemático, a Escola Secundária de Felgueiras convida-nos a mergulhar intimamente nos seus 48 anos de história, através da voz da Diretora Anabela Barbosa Leal, que garante atender às sucessivas mudanças sociais, pensando sempre nas necessidades do concelho, dos concelhos limítrofes e no desenvolvimento regional.
“Prestar um serviço de educação pública e universal de qualidade, globalmente inclusiva e centrada no aluno, que garanta o desenvolvimento de competências fundamentais no século XXI” incorpora a missão da Escola Secundária de Felgueiras. Que valores possui a Instituição que a diferenciam das demais?
Os valores que norteiam toda a atividade educativa estão presentes no Estatuto da Carreira Docente, no Perfil do Aluno e, ainda, no Projeto Educativo devidamente elencados, existindo três que considero fundamentais, nomeadamente o respeito pela dignidade humana, isto é, a noção de que cada ser humano é único e de que a Escola é uma Instituição que deve ter respostas, para que, futuramente, os alunos percebam que cada um possui o seu lugar e que são imprescindíveis e insubstituíveis; a responsabilidade pessoal, promovendo a consciência de que as intervenções individuais têm o seu impacto coletivo; e o esforço sustentado e sistemático.
A história da Secundária remonta para o ano de 1975. A preservação e a inovação seguem de mãos dadas?
A Escola Secundária de Felgueiras é de facto a Instituição Escolar com Ensino Secundário mais antiga do concelho, reconhecida pela tradição de apresentar uma forte aposta no Ensino Secundário, preparando eximiamente os alunos, quer das vias científico-humanísticas, quer das vias profissionalizantes ou do Ensino de Adultos. A par disso, a inovação é um ingrediente vigente em cada desafio aceite e na execução de projetos diferenciadores, que resultem e respondam às constantes mudanças sociais.
A Escola sustem uma estreita ligação entre os discentes e o mundo empresarial através da disponibilização de cursos profissionalizantes nas áreas da Informática, Saúde e Bem-estar e Industrial. De que modo este modelo formativo se alinha com as exigências que o mercado atual acarreta?
A Escola tem já há três anos o Certificado de Qualidade EQAVET. Iniciámos este trajeto do ensino pela via profissional com os antigos Cursos Tecnológicos, fazendo, posteriormente, a passagem para o Ensino Profissional, com uma oferta formativa diversificada, pensada para as necessidades do concelho e dos concelhos limítrofes, e para o desenvolvimento regional. Posto isto, o envelhecimento intensivo da população levou-nos a apostar bastante na área da Saúde. Temos também os cursos de Restaurante / Bar e de Cozinha / Pastelaria, que são uma resposta para as necessidades das zonas turísticas envolventes, bem como, ainda, cursos no campo da Tecnologia e de apoio à indústria, muito direcionados para a vertente informática e que darão resposta à urgência social motivada pela transição digital, nomeadamente os cursos de Gestão de Equipamentos Informáticos, Programação, Multimédia e Comercial.
O dinamismo da Secundária em termos de iniciativas direcionadas aos estudantes do Ensino Secundário são incontestáveis. Que atividades estão a decorrer atualmente e que papel detêm na edificação pessoal e profissional da comunidade escolar?
Se há atividades que são recorrentes, existem outras que nos distiguem, como o Clube da Cultura, que dinamiza um conjunto de iniciativas, sendo as mais conhecidas as que estão associadas à Galeria Piso 2, onde, em cada período, são inauguradas duas exposições com artistas plásticos de renome, acompanhadas, paralelamente, de um espetáculo cultural, composto por concertos, sessões de literatura, e performances de dança; e a Rádio Escola, que, com o objetivo de educar o gosto musical dos formandos, fazendo-os descobrir novas bandas e novos estilos, anuncia a entrada para a sala de aula e a saída para os intervalos com música.
“A Escola Secundária de Felgueiras é (…) reconhecida pela tradição de apresentar uma forte aposta no Ensino Secundário, preparando eximiamente os alunos, quer das vias científico-humanísticas, quer das vias profissionalizantes e do Ensino de Adultos.”
O selo de Segurança Digital espelha o compromisso da Secundária de Felgueiras com a Educação Digital, promovendo a literacia entre os alunos, preparando-os para as constantes mudanças dos avanços tecnológicos. Que políticas abraçaram que vos conduziu a esta distinção?
A transição digital dispõe de duas linhas de ação – o potencial e os perigos. Analisado o paradigma atual, definimos uma política de utilização responsável da tecnologia que abrange não só os alunos e os educadores, como também os pais. É neste contexto que surge a Escola Digital para Pais, em que professores e discentes dos cursos profissionais de Informática, em horário pós-laboral, fornecem formação digital aos encarregados de educação. Considero, por isso, que o contacto intergeracional proporcionado, aliado à capacidade de envolver o todo, nos valeu, orgulhosamente, o selo de Segurança Digital.
O reconhecimento por parte do selo Escola Saudávelmente simboliza mais uma vitória. Que ações estruturaram para promover a aprendizagem, a inclusão e a saúde psicológica dos discentes?
Acreditamos que só tendo um equilíbrio psicológico e fisico é que conseguimos desenvolver as competências a aplicar nas diferentes áreas. Somos, por isso, uma Escola com uma forte aposta no Desporto Escolar, possuindo sete núcleos, incluindo o Desporto Escolar Adaptado, bem como estruturas que dinamizam uma panóplia de projetos, nomeadamente o Clube da Saúde, em articulação com o Centro de Saúde local, e o Gabinete de Psicologia e Orientação Escolar. O selo Escola Saudávelmente foi-nos concedido, pela primeira vez, através de uma Prova de Aptidão Profissional (PAP) desenvolvida por um conjunto de alunos do Ensino Profissional do curso de Auxiliar de Saúde, que, mediante a temática do bem-estar psicológico, realizaram uma aplicação interna de partilha de problemáticas e de organização de debates. Foi, sem dúvida, um marco notável.
A certificação no âmbito do Ensino e Formação Profissional pela Agência Nacional Erasmus+ é uma marca identitária da Escola Secundária de Felgueiras. Quais são as potencialidades desta parceria na formação humana e vocacional da próxima geração?
As potencialidades são inúmeras. A certificação Erasmus+ permite-nos colocar alunos do Ensino Profissional a executar a sua Formação em Contexto de Trabalho, em períodos de um mês, na Europa. Exige uma logística pesadíssima, mas consiste numa experiência de vida única, em termos da aquisição de competências linguísticas, autonomia e conhecimento de outras realidades, tendo ainda um impacto transformador sobre as famílias, dando-lhes uma abertura globalizante. Existe, igualmente, a possibilidade de, após a conclusão do Ensino Secundário, os discentes realizarem um estágio de três meses numa das entidades parceiras, como Reino Unido, Espanha, Itália ou Bélgica, representando uma atividade extremamente enriquecedora e que, muitas vezes, determina positivamente o percurso futuro dos participantes. Conseguimos, este ano, que esta certificação se estendesse para o Ensino Escolar, o que significa que até 2027 estamos aptos a mobilizar, também, alunos dos cursos científico-humanísticos.
Quais serão as próximas conquistas para o ano letivo que se avizinha? Que apostas planeiam executar perante os desafios contemporâneos?
Em termos de gestão de equipamentos e de gestão escolar, a instalação do Centro Tecnológico Especializado vai ser, certamente, o desafio mais intenso, uma vez que, a longo prazo, a qualificação crescente proporcionará um impacto na região, levando ao aumento da modernização das empresas circundantes. Outra das apostas será manter a diversidade da oferta educativa, de forma a dar resposta às capacidades e interesses de quem nos procura, bem como ao meio em que estamos inseridos, com níveis de sucesso cada vez maiores.
O que gostava que um aluno que saísse da Escola Secundária de Felgueiras dissesse sobre o período em que aí estudou?
Gostaria, essencialmente, que dissesse que a Escola foi determinante para o percurso de vida escolhido e que reconhecesse que os momentos menos bons foram tão ou mais relevantes para desenvolver a resiliência e a capacidade de negociar e de se adaptar ao outro do que aqueles que guarda como boa memória. Porque, no fundo, só almejo duas coisas… Que todos os discentes sejam felizes e que se tornem cidadãos úteis e importantes para a sociedade. A Escola é só o começo.