Entrevista: Manuel Moura Microsoft Portugal
Com um presente cada vez mais remoto e digital, como será o futuro? Continuará a nossa presença humana a ser indispensável nos locais de trabalho ou será cada vez mais comum trabalhar para uma empresa situada no outro lado do mundo, numa cidade onde nunca estivemos? Neste novo mundo digital, quais serão as competências que devemos ter para conquistar o nosso lugar?
Estivemos à conversa com Manuel Moura, Product Marketing Manager na Microsoft Portugal, para debater sobre qual será o rumo do futuro e o que já está a ser feito para sermos cada vez mais dotados de competências digitais, sociais e emocionais.
Sendo que saber trabalhar com e através da tecnologia, no meio digital, é cada vez mais imprescindível num mercado de trabalho global, quais serão as soft e hard skills mais valorizadas no futuro?
Os últimos dados do World Economic Forum apontavam o pensamento crítico, inovador e criativo, a aprendizagem ativa e a resolução de problemas complexos como as principais competências em maior crescimento até 2025. Estas competências, consideradas como soft skills, quando trabalhadas em simultâneo com as hard skills, ajudam no desenvolvimento pessoal dos indivíduos e na capacidade de enfrentar a mudança no local de trabalho. Numa altura em que a transformação digital é urgente, o foco estará em dominar as competências técnicas relacionadas com as novas tecnologias, como machine learning e inteligência artificial, não esquecendo a importância das capacidades sociais e emocionais.
Para os empregadores, qual será a importância destas skills no futuro, face à formação académica?
A formação académica é sempre importante, já que nos dá as bases teóricas e os conhecimentos básicos necessários para uma determinada área de trabalho. No entanto, as soft e hard skills serão cada vez mais importantes, porque representam as competências práticas que as pessoas precisam para serem eficazes no trabalho.
O “The Future of Jobs”, do World Economic Forum, prevê que 40% das competências consideradas fundamentais no mercado de trabalho se alterem até 2025, aceleradas pela transição digital e verde, avanço tecnológico e os próprios efeitos da recessão pandémica. Esta é uma realidade transversal no mercado de trabalho, independentemente da área, setor, ou mesmo da formação académica base de cada pessoa.
A chave está na aposta na aprendizagem e formação dos trabalhadores ao longo de toda a sua vida profissional. Vivemos tempos de constante mudança, com a transformação digital no topo das prioridades, e o conhecimento é o pilar para potenciarmos o desenvolvimento económico e social das nações.
Foi através do trabalho remoto que a grande maioria das profissões e empresas funcionaram, durante o período pandémico. Pensa que futuramente, a grande maioria dos trabalhos passará a realizar-se em meio digital e à distância? Ou esta será uma tendência apenas em empresas tecnológicas?
A pandemia tem acelerado a tendência de trabalho remoto em muitas profissões e empresas. Com a necessidade de evitar contato físico e manter a continuidade dos negócios, muitas empresas investiram em tecnologias digitais para permitir o trabalho remoto e colaboração de forma eficaz. É provável que esta tendência continue a crescer no futuro, mas não necessariamente para todas as profissões e empresas. Algumas profissões, como a saúde e segurança, podem precisar continuamente de contato físico e interação presencial.
Por outro lado, o que vivemos nos últimos três anos, reformulou as prioridades e a visão sobre os colaboradores, sublinhando a importância da saúde, família, tempo e propósito. Como resultado, surgiram novos padrões sobre as prioridades, necessidades individuais e gestão entre a vida pessoal e profissional. Num dos últimos “Work Trend Index”, da Microsoft, 53% dos inquiridos revelaram que existia uma maior probabilidade de colocarem a saúde e o bem-estar à frente do trabalho, do que antes da pandemia. Face a esta mudança de prioridades, em 2021, 18% dos inquiridos deixou os seus empregos, sendo que os principais motivos foram o bem-estar pessoal ou saúde mental (24%) e equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar (24%).
Na Microsoft, acreditamos que o futuro do trabalho é híbrido, num modelo entre o espaço físico e o remoto, mas que deve ser avaliado consoante o próprio contexto da organização, tendo em conta as suas prioridades, vantagens e desvantagens.
Quais são as competências digitais e humanas que considera essenciais para trabalhar remotamente de forma cooperante e eficaz?
Ao re-imaginarmos um novo mundo de trabalho, entre o remoto e o híbrido, existe uma maior necessidade de otimizar a produtividade no trabalho através da tecnologia. O domínio de competências digitais, como as ferramentas de colaboração, tornaram-se imprescindíveis para a produtividade eficiente e segura das organizações. Por outro lado, competências sociais e humanas como a comunicação, liderança, resiliência e adaptação, são preponderantes e ditam o sucesso dos colaboradores num mercado de trabalho em permanente mudança.
De que modo a Microsoft, no seu dia a dia e aquando da criação de novos programas e ferramentas digitais, tem em conta o lado humano das pessoas e das relações interpessoais?
Na Microsoft, temos sempre como prioridade criar ferramentas e tecnologias que ajudem as pessoas a conectarem-se e colaborarem de forma mais eficaz. Por isso, investimos continuamente em abordagens que consideram o lado humano das relações interpessoais na criação de novos programas e ferramentas digitais.
Além de uma equipa de design que cria soluções fáceis de utilizar, adaptadas às necessidades, desejos e comportamentos dos utilizadores, realizamos testes de usabilidade sobre os nossos produtos e ferramentas digitais e utilizamos este feedback para melhorar a experiência dos utilizadores. Temos, também, investido em tecnologias de acessibilidade para garantir que os nossos produtos e ferramentas são acessíveis para todos, independentemente de capacidades ou necessidades físicas e de inteligência artificial, para tornar as ferramentas e os processos mais automatizados e eficientes, mas também para utilizar as tecnologias de forma ética e responsável, em prol do bem-estar das pessoas e comunidades.
Na Microsoft, acreditamos que o futuro do trabalho é híbrido, num modelo entre o espaço físico e o remoto, mas que deve ser avaliado consoante o próprio contexto da organização, tendo em conta as suas prioridades, vantagens e desvantagens.
Qual é o conselho que deixa aos jovens que estejam neste momento a escolher a sua área de formação e que não estão seguros sobre quais as competências e formações que devem apostar para, futuramente, terem espaço no mercado de trabalho?
Os conselhos que gostaria de deixar é, em primeiro lugar, que descubram qual é a vossa paixão e o que vos move. É essencial encontrar uma área em que nos sintamos motivados para estudar ou trabalhar. Depois disso, recomendaria que ficassem atentos às tendências de mercado e que procurem saber mais sobre o que está a acontecer na atualidade e nas vossas áreas de interesse. Por último, uma nota para a importância da aprendizagem de competências digitais transversais a qualquer indústria ou área de interesse, como o domínio de ferramentas de colaboração e de análise de dados, que poderão ajudar a destacar-vos no mercado profissional.