Quais é que são esses objetivos que tens para conquistar?
O meu primeiro objetivo é ser o campeão mundial mais novo de sempre e, penso que já consegui esse feito, porque a primeira vez que fui campeão mundial de Atletismo Adaptado tinha 13 anos, num campeonato que decorreu no Algarve.
Agora a segunda vez que fui campeão tinha 16 anos e, quando fizer 18 anos, quero subir de escalão e ser o melhor atleta de sempre desta modalidade. Atualmente o melhor atleta é um rapaz finlandês e, eu quero bater os seus recordes, que são nos 100m 13 segundos; nos 200m 25 segundos e nos 400m 46 segundos.
E qual é o teu recorde pessoal?
Nos 100m foram 14 segundos, nos 200m 27 segundos e nos 400m 55 segundos. Estou lá perto, mas ainda não cheguei lá. (risos)
Encaras cada treino e cada prova com que objetivo ou motivação?
Superar-me a mim mesmo, sem dúvida!
Quais são as pessoas que te inspiram?
No mundo do atletismo é o Jorge Pina claramente. Tantas e tantas vezes já pensei em deixar o Atletismo de parte, e ele esteve sempre lá a motivar-me, para que nunca deixasse o desporto para trás, ou retirasse daí o meu foco. Mas não só! Os meus amigos, a minha professora, a minha diretora de turma do ano passado, a professora Teresa Esperanço dava-me muito apoio na minha relação com o Atletismo.
Quando pensas desistir, esse sentimento deve-se a algum motivo em concreto?
Acontece quando algum treino não corre bem, quando estou cansado física e psicologicamente, porque o Atletismo é muito esgotante emocionalmente. A preocupação constante com os treinos, o equilíbrio entre, querer fazer coisas que eu quero e que me dão prazer e, o compromisso com os treinos. Há vezes que sinto que não consigo viver bem e desfrutar como os meus amigos desta fase da vida, a adolescência, porque estou sempre preocupado com o Atletismo e tenho de lhe dar prioridade em tudo o que faço.
Relativamente aos teus treinos, quantas vezes treinas por semana?
Três vezes: terças, quintas e sábados. Atualmente a minha Associação está a treinar no Inatel. Comigo nas cadeiras de rodas, treina apenas o Mamudo, mas no total e, ao longo da semana somos cerca de vinte. É a minha família do desporto.
Certamente, com o número de horas que passas na Associação a treinar, ou nos campeonatos, acabas por criar amizades dentro do mundo do Atletismo…
Sim, sem dúvida, eu costumo dizer que tenho um irmão que é comum ao meu mundo pessoal e ao mundo do desporto, o Mamudo que também faz atletismo comigo, tem a mesma deficiência que eu, conheço-o desde sempre, foi para o atletismo comigo e é uma pessoa que certamente me irá acompanhar para a vida toda. Estamos os dois no mesmo mundo, compreendemo-nos e isso é muito importante para ambos, dá-nos força!