O Agrupamento de Escolas S. João do Estoril lançou um desafio aos professores de Cidadania e Desenvolvimento e aos diretores de turma: estes deviam desenvolver, em conjunto com os alunos, um projeto que educasse para a responsabilidade social.
A turma do CEF de Instalador e Reparador de Computadores decidir, sob a coordenação do diretor de turma, professor Ricardo Oliveira, dar uma nova vida aos computadores antigos – que continuavam nas instalações da escola mesmo depois de deixarem de funcionar.
Em que aspetos mais se destaca a oferta curricular e extra-curricular da Escola de São João do Estoril?
Reportando-nos à oferta curricular da Escola Secundária de São João do Estoril em concreto, temos todos os cursos científicos-humanísticos, de secundário. Em termos de cursos profissionais, temos como oferta os cursos profissionais de Termalismo, Comunicação, Estética e o curso de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos. Temos também um CEF (nível 2) de Cabeleireiro Unisexo, que funciona em articulação com o de Instalação de Computadores.
Como atividades extracurriculares, a escola secundária conta com várias – que vão desde a rádio da escola (SJRádio), atividades da biblioteca escolar, desporto escolar, Artes e Letras, entre outras. Como e quando surgiu esta ideia de reparar os equipamentos usados?
Sendo a cidadania um processo participativo, cabe a todos refletir sobre a sociedade que desejamos. A escola constitui um espaço privilegiado para o desenvolvimento da educação para a cidadania, dada a sua contribuição na formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, cientes dos seus direitos e deveres, que demonstrem respeito pelos outros. O Agrupamento de Escolas S. João do Estoril lançou o desafio aos professores que vão lecionar a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e aos diretores de turma (como o meu caso, que sou diretor de turma deste CEF). Desafiou-os a desenvolverem projetos que fossem ao encontro do tema da educação para a cidadania. Como na escola temos muitos computadores – que, ao longo dos anos, foram avariando – lancei a ideia à direção. E foi muito bem aceite.
De onde vêm estes computadores?
Fazem parte dos vários computadores que foram entregues às escolas na altura do Plano Tecnológico da Educação, em 2008. Desde essa altura que estão em funcionamento nas várias salas de informática do Agrupamento. Muitos destes computadores foram avariando ao longo dos anos e, como têm uma certa idade, a compra de peças tornou-se impraticável para todos os existentes. Assim, alguns foram sendo guardados para servirem de doadores de peças para quando avariam outros computadores.
Quem são estes alunos, já com uma preocupação social bem vincada, que dedicam parte do seu tempo a recuperar os computadores para depois os oferecerem a quem mais precisa?
São alunos do CEF do Curso de Instalador e Reparador de Computadores, que dá equivalência ao 9º ano. O Agrupamento e a sua estratégia de educação para a cidadania inclui vários projetos que envolvem a comunidade. Neste caso, a turma do CEF na disciplina de Instalação e Configuração de Equipamentos Informáticos, na qual eu sou docente, tenta que todo o trabalho desenvolvido nas aulas tenha uma aplicação prática dos conteúdos da disciplina. Deste modo, os alunos são motivados pelo contexto real de trabalho e pelo serviço de cidadania que é prestado. Além disso, ganham responsabilidade.
De momento, planeiam fazer mais doações?
Sim, a turma vai fazer mais uma doação e vários serviços comunitários e de voluntariado até ao final do curso – que é em 2020. Neste momento, os alunos estão no primeiro ano e a direção da escola apoia todo o tipo de projetos que envolvam a comunidade e a educação para a cidadania.
Considera que iniciativas como esta podem influenciar positivamente estes alunos e deixar uma boa marca nos seus “currículos invisíveis”?
Para os alunos, é uma oportunidade para aprenderem a fazer reparação e manutenção de computadores em contexto real de trabalho e verem o seu trabalho reconhecido pela comunidade.
A maioria deles nunca estiveram envolvidos em projetos desta natureza. Ao escolherem o CEF do Curso de Instalador e Reparador de Computadores para prosseguirem os seus estudos, podem ter formação alternativa ao ensino regular – o que lhes permite adquirir competências profissionais através de projetos como estes, que estão de acordo com os teus interesses e com o mercado de trabalho.
Certamente que sim, estes projetos vão influenciar a sua autoestima e gosto pela área da informática – enquanto, ao mesmo tempo, os vão incentivar ao investimento nos estudos e construção do seu “curriculum invisível”.
Que competências considera fundamentais num aluno?
O mundo atual, com o conhecimento científico e tecnológico a desenvolver-se a grande ritmo, coloca desafios à educação – desafios estes que
a escola tem de acompanhar e transmitir aos alunos. O aluno completo tem de ter gosto pela aprendizagem. Precisa de espaço para experimentar, expor suas ideias e trabalhar com as competências que serão necessárias no seu futuro. A cidadania, consciência ambiental e projetos de voluntariado complementam este conhecimento individual e processo de aprendizagem do seu perfil.
[Fotos cedidas pelo entrevistado]