Entrevista Selo SaudávelMente – Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido de Figueiredo
Criado há duas décadas e, atualmente, com 20 Estabelecimentos de Ensino, desde a Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário, o Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido de Figueiredo possui como missão, segundo a Diretora Helena Gonçalves, a “promoção da felicidade e a preparação para enfrentar as adversidades futuras”, conquistando o Selo SaudávelMente, atribuído pela Ordem dos Psicólogos Portugueses.
O Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido de Figueiredo soma inúmeras distinções, em particular o Selo SaudávelMente, no ramo da Saúde Mental. Como é que a comunidade escolar, incluindo professores, alunos, funcionários e pais, se envolve e se sensibiliza com a temática?
Existe um conjunto de atividades e práticas, que integram a cultura da Escola e da comunidade, em consonância com os principais objetivos do projeto educativo, sendo a atribuição dos selos posterior.
A comunidade escolar trabalha e desenvolve, conjuntamente, competências estruturantes necessárias, que conduzem ao reconhecimento.
Que práticas adotadas valeram a conquista?
No ano passado, os projetos interdisciplinares das turmas tiveram como tema principal a Saúde Mental. Além disso, existe um projeto, que está em articulação com a Estratégia da Educação para a Cidadania, direcionado para os 5º, 6º, 7º e 8º, 10º do Ensino Profissional e 11º anos, em que o objetivo é desenvolver as competências sociais e emocionais, com sessões, em contexto de turma.
O Agrupamento tem outras práticas que, não sendo especificamente relacionadas à Saúde Mental, promovem ou vêm a prevenir uma série de problemáticas associadas ao sucesso escolar, como:
- O programa de Mentoria, em que os alunos do 12º ano de Psicologia dinamizam, junto dos colegas do 2º ciclo, atividades de desenvolvimento de competências pessoais e sociais ligadas à Saúde Mental;
- Um projeto, dirigido a alunos do Pré-Escolar e do 1º ciclo, em que se pretende desenvolver habilidades para a aprendizagem da leitura e da escrita, dividido em dois anos escolares;
- O programa de Orientação Vocacional, destino aos alunos do 9º ano e aos alunos do Ensino Secundário;
- A comemoração anual do dia 10 de outubro, assinalando-o na Escola com atividades e sensibilizações para alunos, professores e pessoal não docente;
- O Agrupamento participou no ano letivo 2022/23 no projeto do Parlamento dos Jovens, cujo o tema era a Saúde Mental e implicou por parte dos alunos do Secundário fazerem uma reflexão sobre o tema e fazerem propostas a nível nacional;
- Dirigimos ações para pais, consoante as necessidades e os ciclos de ensino. Este ano, por exemplo, já fizemos uma ação sobre a transição das crianças que são condicionais.
A preocupação com a Saúde Mental sempre fez parte da ordem do dia do Agrupamento? Que fatores o motivaram?
O Agrupamento percebeu que havia um problema relacionado com as relações interpessoais e que havia algumas fragilidades socioemocionais por parte dos alunos. Achámos que o sucesso escolar estava intrinsecamente ligado a esse problema de insegurança emocional e que era necessário alicerçar essas competências.
Portanto, sim, é uma preocupação nossa transversal, que veio muito antes da candidatura ao selo. Os projetos e atividades são desenvolvidas de forma natural.
O cuidado e a atenção manifestados deverão ter reflexos visíveis na comunidade escolar. Que impacto detém no ambiente académico?
O Agrupamento, neste momento, não tem problemas de indisciplina e os que possam existir pontualmente não estão relacionados a questões interpessoais dentro da Escola. Estamos inseridos num meio socioeconómico difícil, em que muitos dos projetos e atividades proporcionam aos alunos novas experiências, vivências e contactos que não teriam de outro modo.
Relativamente ao sucesso escolar, o que achamos é que a qualidade do sucesso tem vindo a diminuir, porque há uma desvalorização da Escola. Consideramos que nos falta um complemento: Os pais. Muitas das fragilidades que reparamos por parte dos nossos alunos são, maioritariamente, questões emocionais, mas que são estruturantes, em casa, em família… Acreditamos que, muitas vezes, a Escola acaba por ser o refúgio deles.
Oferecendo um Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), como mobilizam a comunidade?
Geralmente, os professores e diretores de turma mobilizam-nos.
No 2º ciclo, a Psicóloga Carla Mendes tem um papel muito ativo, levando a que os próprios jovens possuam a iniciativa de a procurar. Já no 3º ciclo, as situações revelam ser muito mais complexas.
Numa perspetiva geral, a pressão colocada nos jovens torna-se positiva na vida académica? Como é que promovem o equilíbrio, sem ascender o patamar prejudicial?
Excluindo as alturas dos exames nacionais ou o final do 3º período letivo, não existe essa pressão.
A relação próxima que existe entre docentes e alunos também é uma mais-valia, facilitando a comunicação e, consequentemente, o processo.
De que forma colocam em prática o princípio “ensinar e conviver na diferença”? Existem ações ou formações específicas para o efeito?
Não.
As questões culturais e de género sempre foram um tema que o Agrupamento encarou naturalmente, até porque as próprias ações que são realizadas, ao nível da Estratégia de Educação para a Cidadania, promovem esse respeito.
Acima de tudo, preocupamo-nos em educá-los para uma sociedade democrática, em que todos podem participar e ter a sua voz.