3, 2, 1… O (imbatível) guia de preparação
Assumindo uma relevância sem precedentes, e moldando a trajetória académica e profissional dos discentes, as provas nacionais, repletas de expetativa e significado, evidenciam a exteriorização de uma postura resiliente.
Carolina Champalimaud, Psicóloga Clínica na NOVA SBE, Coach e Orientadora Vocacional, revela, em entrevista, que “o foco que é depositado e as alterações constantes nos conteúdos” promove insegurança e nervosismo, sendo a motivação um fator decisivo no processo de ensino-aprendizagem.
Ouvimos, constantemente e desde muito cedo, que “a Escola vem primeiro” que a vida social ou que as atividades extracurriculares. As ideologias incutidas poderão ter repercussões no futuro?
Deparo-me, regularmente, em consulta, com verdadeiros “alunos de alta competição”, que experienciam horários rigorosos, afastando-se dos seus sonhos — efeito de uma falta de preocupação notória em dotá-los de competências distintas, inclusive o trabalho em equipa ou o desenvolvimento de talentos, sem pressões ou exigências.
Encontrar um equilíbrio e valorizar as obrigações, as tarefas escolares e a socialização, manifesta ser imprescindível:
> Estabelecer prioridades e metas realistas a curto prazo — conseguir uma boa nota no teste de História —, a médio prazo — passar de ano sem negativas — e a longo prazo — entrar na Universidade na área pretendida;
> Definir um objetivo para as sessões de estudo — ler cinco páginas e completar uma ficha de exercícios — e, posteriormente, avaliá-las;
> Não desistir. Se o esforço não está a dar frutos, repensando as técnicas ou recursos aplicados — será necessário o apoio adicional de um especialista ou colega?
> Atribuir responsabilidade pelo percurso.
Os exames do Ensino Secundário voltaram à discussão pública: “Quase só classificam a memória e não medem os conhecimentos”. De que forma os perspetiva?
Tendo um peso que varia entre os 60% e os 30%, o foco que é depositado e as alterações constantes nos conteúdos promove insegurança e nervosismo, não esquecendo o impacto que os dois confinamentos possuíram na consolidação de bases, nomeadamente a Matemática e a Português.
Considero, por isso, que proporcionar às Faculdades a autonomia para aferir e escolher os candidatos, através de uma entrevista, evitaria o ingresso em cursos só para “não desperdiçar” a média.
A ânsia e a impaciência são legítimas, mas… Que consequências acarretam?
Apesar de uma certa dose de ansiedade de desempenho ser positiva, o excesso pode conduzir a situações de pânico, associadas a sintomas físicos, como dificuldades em respirar, palpitações cardíacas, dores de cabeça ou enjoos.
A ocorrência de “brancas” causa um sentimento de enorme frustração, uma vez que assim que saem da avaliação recordam-se, imediatamente, das soluções, existindo a possibilidade de o resultado obtido ser inferior ao demonstrado no decorrer do ano letivo.
Em contagem decrescente, o pânico instala-se. Controlar o apetite e regular o sono é suficiente?
A desvalorização da importância do repouso, da alimentação saudável e do exercício físico, é nefasta, bem como a ingestão de substâncias, que aumentem os níveis de stress — cafeína, açúcar e nicotina.
- Programar um reforço verbal;
- Executar provas similares;
- Projetar (apenas!) o êxito.
E… No próprio dia?
Com uma roupa confortável, o primeiro passo é tomar um pequeno-almoço balanceado, não descurando dos essenciais — material, documento de identificação e relógio.
- Chegar antes da hora;
- NÃO rever conteúdos ou debitar matéria;
- Apontar fórmulas, definições e conceitos na folha de rascunho;
- Efetuar uma leitura diagonal, diferenciando os itens por complexidade;
- Ler (sempre!) com atenção e procurar palavras-chave, que contenham pistas;
- Gerir o tempo.
A atitude positiva comanda o sucesso?
Sem dúvida.
Porém, manter a calma e um discurso interno realista é fundamental — em vez de impormos demasiado de nós, devemos relembrarmo-nos do que fizemos para nos prepararmos, mediante as circunstâncias.
Caso surjam pensamentos negativos, proferir “STOP” e realizar um ciclo de respirações profundas — é preferível parar quatro minutos do que permanecer preso numa questão.
Após 90 minutos, está concluído. Vamos recompensar?
Centrarem-se, apenas, nos erros cometidos, não oferecendo espaço para o descanso, é contraproducente.
Gratificar a dedicação com uma pequena pausa, para uma refeição especial ou para a prática de uma atividade apreciada, viabilizará a produtividade.