“Os alunos do Ensino Secundário devem ter perfeita noção das vantagens de prosseguirem a sua formação no Ensino Superior.” afirma António de Sousa Pereira Presidente do CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e Reitor da Universidade do Porto.
Com a pandemia, observámos que a tecnologia e, por conseguinte, o digital, massificou-se nas universidades. Na sua opinião, como é que a tecnologia poderá ajudar os novos alunos a serem pessoas mais qualificadas e mais conscientes para enfrentarem um mercado de trabalho em constante mudança?
As Instituições de Ensino Superior estão a adotar práticas e modelos pedagógicos mais inovadores e com forte presença tecnológica, orientando assim os seus processos de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de competências adequadas à transição digital da sociedade e da economia.
Tendo em conta o atual paradigma económico, no qual a digitalização é um fator crítico de competitividade das empresas, os diplomados devem sair das universidades e politécnicos com um elevado nível de competências digitais. Desta forma, as Instituições de Ensino Superior estão a ir ao encontro das necessidades de capital humano tecnologicamente capacitado por parte do mercado de trabalho. A inclusão no mercado de trabalho de diplomados preparados para a transição digital aumenta a massa crítica tecnológica do tecido produtivo e, consequentemente, promove a produtividade, competitividade e internacionalização da economia portuguesa, designadamente nos sectores de elevada especialização.
Este ano registou-se um novo aumento de cursos, devido à evolução do digital no mercado de trabalho. Com uma maior diversidade de cursos nas universidades portuguesas, como é que os alunos do ensino secundário poderão escolher o curso que mais se adequa aos seus interesses e aptidões e que mais lhes poderá ser útil no futuro?
A diversidade da oferta formativa exige que os candidatos ao Ensino Superior se informem detalhadamente sobre a natureza científica, os planos curriculares, os programas letivos, os modelos pedagógicos e as saídas profissionais dos diferentes cursos. Na posse de todos estes dados e refletindo sobre eles, os candidatos ao Ensino Superior ficam mais habilitados para perceber que cursos se adequam melhor aos seus interesses e aptidões pessoais, às suas capacidades intelectuais e às suas competências escolares. Neste sentido, terão uma perceção mais aguda da formação pedagógico-científica que lhes poderá ser mais útil no futuro.
Após dois anos de confinamentos e aulas online, prevê que neste ano “pós-pandemia”, os alunos estarão mais confiantes e mais seguros em ingressar no Ensino Superior?
Creio que a segurança e a confiança no Ensino Superior nunca estiveram verdadeiramente em causa. As universidades e politécnicos souberam responder com qualidade, prontidão e eficiência aos desafios pedagógico-científicos colocados pela pandemia, salvaguardando o processo formativo dos estudantes.
Mas, claro, a melhoria da situação epidemiológica vai permitir aos estudantes o regresso em pleno à vida académica, com tudo o que isso significa em termos de aproveitamento das valências educativas e científicas das instituições, de relacionamento com colegas e professores e de socialização nos campi universitários. Deste ponto de vista, os alunos do Ensino Secundário têm um incentivo extra para concorrerem ao Ensino Superior.
Declarou numa entrevista que o Ensino Superior português ajuda a aumentar e a manter a competitividade e a inovação em Portugal. Como é que esta constatação pode influenciar os alunos do ensino secundário a prosseguirem os estudos no Ensino Superior?
Os alunos do Ensino Secundário devem ter perfeita noção das vantagens de prosseguirem a sua formação no Ensino Superior. Essas vantagens são, em primeira instância, eminentemente pessoais: crescimento intelectual e especialização científica, maior facilidade de integração profissional, melhores condições de trabalho (inclusive salariais), maiores oportunidades de carreira, maior capacidade de intervenção cívica, etc. Mas a formação superior de cada estudante tem também um efeito holístico, na medida em que, em menor ou maior escala, contribui para a qualificação do tecido social e, consequentemente, para a produtividade e competitividade da economia.
Como sabemos, a qualificação humana é fundamental quer para a produtividade das empresas, quer para a sua competitividade num contexto económico que privilegia o talento, o conhecimento, a inovação e a criatividade.