A presidente Júlia Azevedo do SIPE – Sindicato Independente de Professores e Educadores, manifesta que o «perplexo com indiferença face aos professores e à educação» no debate realizado entre António Costa e Rui Rio, no qual não houve «uma única palavra relativa à educação ou aos professores». Após a realização deste debate, considerado decisivo para as próximas eleições legislativas, a dirigente refere que «foram centenas as chamadas e mensagens que recebemos de professores a manifestarem o seu desagrado, chocados com a ausência de referências à educação, à situação precária da classe docente ou sequer à falta de professores», recordando que até ao final do ano está previsto que se venham a aposentar «cerca de 2800 professores, sendo que só janeiro e fevereiro serão mais de 300».
Júlia Azevedo manifesta a sua preocupação com a classe que representa, questionando «que alternativas temos, quando os líderes dos dois principais partidos políticos portugueses, num debate sobre o futuro do País, visto por milhões, não reservam um único minuto do seu tempo para falar da educação?». A presidente do SIPE descreve a situação como «gravíssima» e recorda que estes são «os dois principais candidatos a primeiro-ministro nas eleições legislativas, e não consideraram a educação perante milhões de portugueses que assistiram ao debate», lamentando igualmente que o tema não tenha sido levantado pelos moderadores.
«Nas próximas semanas, centenas de alunos serão penalizados ao ficar sem aulas a diversas disciplinas, como Física e Química, História ou Técnicas da Informação e Comunicação (TIC), devido à anunciada falta de professores, mas nem as notícias recentes perecem ter motivado uma reflexão por parte dos candidatos», crítica Júlia Azevedo. «A educação é um dos pilares estruturantes da sociedade que envolve milhões de cidadãos entre alunos, professores e técnicos educativos, e a ausência do debate de ideias sobre este tema põe em causa qualquer estratégia de futuro para o País».
Além da falta de professores, o SIPE reivindica também a necessidade de solucionar problemas relacionados com a avaliação e progressão na carreira docente, a aposentação, os concursos, o problema das ultrapassagens na carreira entre docentes com o mesmo tempo de serviço, e a reversão da componente letiva. Como tal, a presidente do SIPE lança o desafio aos candidatos às Legislativas 2022 de «apresentarem publicamente as suas propostas para a educação e as soluções que defendem para resolver os problemas enfrentados pela classe docente».