Uma Escola localizada na margem sul do Tejo com os olhos postos no futuro! Foi deste modo que conhecemos o Agrupamento de Escolas João de Barros pela voz do diretor, o Dr. António Carvalho com quem estivemos à conversa e conhecemos a escola sede do Agrupamento e os seus alunos. Vem connosco até à margem sul do Tejo!
A figura principal do vosso logotipo é o Flamengo, uma ave que se desloca em bandos numerosos, o que transmite a ideia de união. Quais são os principais adjetivos que definem este Agrupamento?
O logotipo tem uma história curiosa! Este nasceu na altura que foi criado este Agrupamento e consultámos a comunidade para decidir qual seria o símbolo deste Agrupamento. Para isso abrimos um concurso público, o que foi curioso foi que obtivemos logo 90 respostas entre alunos, professores e encarregados de educação, o que superou as nossas expetativas. Acabámos por optar por um logotipo desenhado e criado por um encarregado de educação. Este tem como figura principal uma das aves que caracteriza o nosso sapal e outras quatro que representam as outras escolas do Agrupamento. Há uma escola sede, mas há mais escolas que funcionam como um ecossistema que equilibram o todo e que nos fazem ir mais longe, portanto sem dúvida que a união é o que melhor caracteriza o nosso Agrupamento. A nossa escola foi durante muito tempo uma comunidade mais ou menos homogénea, mas faltava-nos a dimensão das artes. Quando integrámos as artes na nossa escola começámos a receber alunos com uma postura, um pensamento e uma forma de se apresentarem perante a vida diferentes. Hoje em dia é muito interessante caminhar pelos corredores da escola e ver alunos com formas distintas de se vestir, pentear, comportar, e esta é uma diferença que nos acrescenta e nos completa enquanto Agrupamento. O nosso Agrupamento é constituído por cinco escolas que apostam em aprendizagens distintas, projetos distintos, métodos de aprendizagem distintos, contudo há elementos que nos unem e que nos definem enquanto Agrupamento.
Qual a herança da figura de João de Barros patrono desta Escola no Agrupamento atualmente?
Já fizemos um esforço junto da comunidade para ensinar e transmitir os ideais e a história do nosso João de Barros, uma vez que há mais do que um, mas efetivamente não há esse apego à figura do patrono. Os professores têm noção da importância da sua figura para a história do país, nomeadamente no que diz respeito à educação, contudo não é algo marcante. Procuramos seguir a lógica transformadora do Homem do Futuro, tal como o João de Barros pensava. É essa luta que justifica a existência da escola pública.
Como é que a escola procura transmitir os seus valores e essência aos seus alunos?
Há aquela parte que temos obrigação de cumprir e fazer cumprir, os documentos estruturantes. Mas, a minha aposta e a de quem aqui trabalha é, no dia a dia, tratarmo-nos cordialmente e criar uma proximidade entre a comunidade e, isso passa por cumprimentar-nos uns aos outros, quando nos cruzamos, estarmos atentos, cuidarmos dos espaços comuns. As pequenas coisas que fazem a diferença e se refletem também no dia a dia, na forma como tudo funciona, é a união que faz a força e, sem dúvida que, a força deste Agrupamento provém da união da nossa comunidade.
Na preparação deste ano letivo, o que foi prioritário para a direção e corpo docente recuperarem em virtude do período de confinamento e aulas à distância?
Há um conjunto de aprendizagens que não se fizeram e que são importantes recuperar, para isso existe um documento criado para este efeito e que está a ser seguido. Nós enquanto Agrupamento o que procurámos fazer foi perceber desse conjunto, quais as aprendizagens que eram prioritárias e essenciais, porque os nossos currículos são realmente extensos e complexos, portanto essa seleção não foi fácil, mas foi necessária porque são aprendizagens estruturais para os nossos alunos. Não queremos transformar um processo de aprendizagem que deve ser individual, num processo em massa, por isso houve uma atenção especial em recuperar determinadas aprendizagens. Claro que tivemos particular atenção à saúde mental dos jovens que tiveram demasiado tempo privados de socializar e conviver uns com os outros, o que nestas idades causa alterações no processo de construção do indivíduo. Para além de tudo o que já mencionei, constituímos um grupo de trabalho, em conjunto com um professor que tem maior facilidade em interagir com os alunos que solicitassem apoio.
Quais são os projetos que foram interrompidos em virtude da pandemia e que este ano letivo serão retomados?
Praticamente todos os projetos foram interrompidos, os que não foram sofreram fortes alterações. O nosso Agrupamento aposta em áreas como o Teatro desde o 1º ciclo até ao Secundário, porque o teatro é uma arte integradora, engloba áreas como a leitura, a oralidade, a exposição, a empatia… Esta aposta foi crescendo com o tempo e cresceu de tal modo que grande parte dos nossos ex-alunos fazem parte de companhias de teatro locais e até nacionais. Esta era uma aposta essencialmente para alimentar vocações, mas com o tempo começámos a generalizar e dar oportunidade a todos de se encontrarem no teatro. Temos também projetos no âmbito das ciências, das línguas e do acolhimento de alunos estrangeiros. Este último projeto é bastante enriquecedor, pois temos a oportunidade de contactar com culturas e realidades de outros países dentro da nossa escola, em termos humanos este projeto tem uma riqueza imensurável.
Para si, enquanto diretor no decorrer deste ano letivo, qual é o principal objetivo para alcançar?
O nosso principal objetivo é através de ferramentas digitais conseguirmos libertar os professores de atividades rotineiras, e colocar pais e alunos no centro do processo de aprendizagem. Durante o período de confinamento aprendemos muito, neste momento não é possível olhar para a escola da mesma forma, quer seja em termos pedagógicos ou organizacionais. No modelo que tínhamos antes do confinamento, o aluno estava no centro da nossa atenção, mas não estava no centro do processo de ensino-aprendizagem. Algo que nos parecia impossível há anos, neste momento percebemos que não é impossível. No período de aulas à distância os alunos tornaram-se ativos e o elemento central do seu processo de aprendizagem, algo que é muito mais benéfico para os alunos. Por isso, o que estamos a fazer neste momento é fazer com que esse modelo de aprendizagem, seja o modelo estruturante de um novo processo de ensino-aprendizagem presencial, ou seja, estamos a mudar o nosso modelo pedagógico. Tal como acontecia durante o período de aulas a distância, os professores estão semanalmente a informar os pais sobre o plano de trabalho dos seus educandos e, posteriormente, os encarregados de educação recebem feedback se os alunos cumpriram ou não o plano de trabalho. Assim, alunos e encarregados de educação que são corresponsáveis da aprendizagem dos seus educandos, são informados previamente sobre o que vai ser lecionado e, isto dá-lhes tempo para se prepararem previamente e, quando a matéria é lecionada em aula, os alunos só precisam de esclarecer dúvidas junto dos professores, porque todo o processo já foi feito por eles. Este é um método de aprendizagem seguido por alunos muito bem-sucedidos, em que o aluno está no centro do processo.
Como é que gostava que um aluno que saí desta Escola descrevesse e relembrasse a sua passagem?
Gostava que ele relembrasse esta fase como um período feliz.