Os últimos dois anos letivos foram fortemente impactados pela pandemia, com aulas à distância, escolas encerradas e as consequentes perdas que daí advieram. As escolas portuguesas responderam bem, garantindo apoio aos alunos e reinventando-se. Não obstante, há perdas nas aprendizagens, conforme demonstram os dados recentemente apresentados do Estudo de Diagnóstico e das Provas de Aferição. Por isso mesmo, torna-se fundamental tirar partido das medidas de apoio disponibilizadas no plano de recuperação das aprendizagens 21|23 Escola+, que instituem um conjunto amplo de ações específicas para o apoio aos alunos.
Os desafios que se colocam são de natureza bastante diversa. Conforme apontado por vários estudos, não são apenas as aprendizagens de conteúdos em sentido estrito que estão mais prejudicadas, mas também dimensões que se prendem com a capacidade de estudar autonomamente ou com o bem-estar emocional. Se o principal desafio antes da pandemia para os sistemas educativos era o combate às desigualdades, os confinamentos e isolamentos agravaram-nas e devem ser o principal foco de atuação.
O combate à pandemia tem revelado a extraordinária capacidade de união dos portugueses e a forte mobilização das escolas. Em tempo de balanço e de planeamento, é da mais elementar justiça, reconhecer o papel que o sistema educativo tem também nesta luta. Não apenas na resposta educativa.
O facto de nos podermos orgulhar de sermos um povo que adere em massa à vacinação, sem expressão de fanatismos e negacionismos, é a consequência de uma escola que educa, há décadas, para a saúde e para a cidadania. Também aqui é devido um reconhecimento aos professores e ao seu elevado sentido de missão.
Costumo dizer que a educação é o campo de trabalho dos otimistas, porque parte do princípio que é possível transformar vidas e pessoas. É, pois, com otimismo que encaro este ano letivo, consciente da necessidade de união e de partilha de responsabilidades. Que seja um bom ano para todos nós.