Conguito ou Fábio Lopes é já um sucesso muito para além do YouTube, onde começou a sua carreira profissional, ou da Mega Hits onde trabalha atualmente. É também a cara de várias marcas e campanhas publicitárias e deixa uma marca muito própria, “à Conguito”, no mundo digital.
És locutor de rádio, youtuber, diretor de revista, apresentador… O que te falta fazer e acrescentar a esta lista?
É uma pergunta difícil de responder. Eu simplesmente só quero desafiar-me com projetos e novas aventuras. Os títulos/rótulos são uma coisa do passado, atualmente podemos ser mais do que uma coisa e isso é algo que eu tentarei explorar ao máximo em toda a minha vida.
Quando eras mais novo sempre quiseste ser muitas coisas, ou houve sempre um mundo em particular que te fascinava?
Não! Quando era mais novo sofria bastante porque não me via exatamente a fazer uma coisa. Eu gostava de música, mas sabia que não tinha vontade suficiente para aprender música. Gostava de Futebol, mas sabia que não jogava bem o suficiente para ser um jogador profissional, entre outras coisas… Sofri um bocado com isso, principalmente na altura de transição do 9º ano para o 10º ano, uma época em que temos de escolher áreas de ensino e eu não sabia em qual delas me enquadrava melhor.
Em 2011 quando criaste o teu canal de YouTube o que é que esperavas alcançar? Qual era a tua motivação?
Era apenas diversão, eu só criei o canal de YouTube porque tinha demasiado tempo livre e porque precisava de espairecer de todo o stress do secundário (estive em Ciências). O meu intuito era entreter os meus colegas e fazer vídeos a tentar explicar o meu ponto de vista em determinados temas.
O que é que aprendeste sobre o público, sobre o mundo digital e sobre ti com a experiência de Youtuber?
Aprendi que o público está a crescer contigo e também vive os mesmos dilemas que tu. Também aprendi que o mundo digital valoriza imenso a honestidade e a autenticidade. O YouTube serviu para eu descobrir que gosto de estar a falar para uma câmara e pensar em investir numa carreira na área da comunicação.
Queres ser uma referência para os jovens, mas não queres ser ativista. Como defines esta linha que por vezes pode ser um pouco ténue? O que é que te tornaria um ativista em vez de uma referência para os jovens?
Quando eu digo que não quero ser ativista, quero clarificar que não quero ser a cara de um movimento porque existem pessoas que o fazem e muito bem. Isso não significa que eu não defenda a causa, muito pelo contrário. O que acontece com o debate público nas redes sociais é que todas as pessoas debitam informação que não é verificada corretamente e, de repente, temos fake news a circular porque X e Y partilharam uma conta no Instagram que tinha um design bonito.
Eu quero simplesmente ser eu. Falar do que quiser e se as pessoas se identificarem com o que eu digo fantástico.
No mundo do digital e da música quem são as tuas principais referências?
No mundo da música, tenho de destacar o Carlão e o Tyler, The Creator. Duas das pessoas mais importantes no meu desenvolvimento pessoal. A nível profissional ambiciono ser como um Zane Lowe, mas sempre com um toque especial “à Conguito”.
A internet conferiu às figuras públicas uma dose de realismo e de proximidade que antes não existia. De que forma é que esta proximidade influencia o tipo de conteúdo digital que se produz atualmente?
A internet é um relexo dos tempos em que vivemos. Não vivi cá no mundo antes de 1994 e poucas memórias tenho antes de 1999 mas tenho a certeza que toda aquela mística das figuras publicas dos anos 70/80 causava um afastamento entre público e audiência. A internet quebrou essa barreira e democratizou o processo, as pessoas têm acesso a todo o tipo de informação, assistem ao que querem e consomem os conteúdos de quem querem.
Por outro lado, achas que este realismo dá mais responsabilidade a quem produz conteúdos?
Acho que não. Claro que tem de haver uma consciência. Nem que seja, pelo legado digital que cada produtor de conteúdos deixa. Mas a responsabilidade tem de ser atribuída ao consumidor ou ao tutor do consumidor.
Dás a cara a muitas campanhas publicitárias e marcas, quando decides fazê-lo quais os fatores que pesam na tua decisão?
Eu gosto que as marcas me coloquem à prova. Eu não vejo como dar a cara pela marca, mas sim uma colaboração, eu entro no mundo da marca e a marca entra no meu mundo. O principal fator são os valores da marca/campanha.
Tens uma postura muito própria e dás um cunho pessoal a todos os projetos em que te envolves. Que marca gostarias de deixar no mundo digital no futuro?
Enquanto figura reconhecida pelo público e com um papel influenciador devido à tua exposição, o que achas importante passar às gerações mais novas?
Pode parecer clichê, mas para mim é mesmo importante passar a mensagem do “Tu podes ser o que tu quiseres” e do “não há impossíveis”. O meu objetivo é ser o embaixador máximo dessas duas ideias! Porque foi essa mensagem que os meus ídolos me passaram através da sua arte.