Dezoito anos… a idade em que era suposto toda a gente ter a personalidade definida, a maturidade suficiente para poder sair de casa, tornar-se adulto e escolher a carreira que mais se adequa a si. A idade que, legalmente, faz os seres humanos passarem a assumir oficialmente a responsabilidade pelos seus atos e decisões.
Contudo, podemos observar que grande parte dos jovens não estão preparados ainda para a fase adulta e para escolher o caminho no ensino superior, que moldará a sua vida a partir daí.
Mas porque será uma decisão tão difícil de tomar para alguns? Doze anos de ensino obrigatório não serão suficientes para perceber aquilo em que têm maior aptidão? Ou a escola enquanto instituição apresenta falhas neste sentido?
Se perguntarmos às crianças de cinco anos, antes de iniciarem o ensino escolar, quase todas sonham com algo que podem vir a ser no futuro: cientistas, presidentes, astronautas, ou outras profissões que, de certo modo, podem vir a mudar o mundo.
Aos dez anos, grande parte já não pretende mudar o mundo, mas ter influência sobre o mesmo. Desejam ser cantores, youtubers, atores, influencers. Ou seja, a ideia de sucesso passa a centrar-se mais em si, e menos no mundo propriamente dito. Já não pretendem fazer a diferença global, mas criar um nome e, de alguma forma, tocar algumas pessoas que se identifiquem.
Aos dezoito anos, altura em que todos supostamente deveriam ter uma ideia definida do que pretendem seguir, são poucos os que estão completamente certos do que vão fazer num futuro próximo.
Nesse aspeto, considero que o ensino obrigatório em Portugal apresenta várias falhas porque não permite que os jovens experimentem as áreas no terreno antes de escolher o ensino superior mais adequado. Acredito que já estariam mais cientes daquilo que lhes dá, ou não, prazer realizar e evitaria que apenas o descobrissem anos mais tarde.
Como o ensino não está direcionado para a vertente prática das profissões, e contrariamente ao que seria suposto, o início da fase adulta pode ser a altura de tomar más decisões, de fazer escolhas erradas, arrepender-se e voltar atrás quantas vezes for necessário até que seja encontrado o ‘caminho ideal’. Mudar de ideias e mudar novamente. Até porque vivemos numa altura em que nada é permanente ou certo. Numa altura em que a ideia de carreira não é a mesma daquela que era na altura dos nossos pais.
A área escolhida aos dezoito anos não é obrigatoriamente a área de sucesso, por isso é a altura de experimentar o máximo de coisas possível para descobrir ao certo aquilo em que são bons e, simultaneamente, são felizes a fazê-lo.