Drª Teresa do Rosário Carvalho de Almeida Damásio é advogada, professora universitária, ativa na esfera política e uma importante referência no ensino em Portugal, Administradora Delegada do Grupo ENSINUS, constituído por instituições de Ensino Superior e Ensino Profissional. Pelo segundo ano consecutivo é nomeada para ser Embaixadora Portuguesa da Semana Europeia da Formação Profissional.
A Mais Educativa entrevistou a Drª Teresa Damásio em relação ao Ensino Profissional, e se ainda tinhas dúvidas sobre o próximo passo esta entrevista poderá ajudar-te !
ME- O Ensino Profissional tem-se assumido cada vez mais como primeira opção de formação para a faixa etária jovem, o que justifica esta tendência?
Drª T.D – Em primeiro lugar o Ensino Profissional tem vindo a tornar-se cada vez mais conhecido, sendo visto tanto pelas famílias como pelos jovens como parte do Sistema Educativo Português de excelência. Os jovens que ingressam no Ensino Profissional são cada vez mais novos, um sinal de que transitam diretamente do Ensino Básico para o Ensino Secundário e de reforçar que vão por escolha própria, porque entendem que o Ensino Profissional vai de encontro às suas apetências, aos seus gostos e ao facto de haver estágios em todos os anos de todos os cursos profissionais. Este método de ensino faz com que o jovem estudante se sinta importante por estar em contexto de mercado de trabalho, em contacto com adultos, com as regras das empresas e com uma perspetiva de futuro muito concreta. O estudante vai escolher o curso na área que gosta, vai obter bons resultados e onde muito provavelmente sabe que obterá emprego.
ME- Quais são as principais vantagens em seguir um percurso formativo no Ensino Profissional?
Drª T.D – As principais vantagens são o acesso a um trabalho digno, a uma profissão valorizada pelo contexto e o percurso formativo escolar do aluno, o acesso a melhor remuneração, ou seja, o formando será efetivamente remunerado por aquilo que aprendeu e o empregador valoriza cada vez mais o Ensino Profissional.
ME- Seguir uma formação no Ensino Profissional tem como objetivo a preparação do formando para o mercado de trabalho, mas também permite prosseguir os estudos no Ensino Superior, verifica-se cada vez mais esta intenção?
Drª T.D – Portugal acaba de reformular todo o seu enquadramento legal no que concerne ao acesso ao Ensino Superior. Foi uma mudança extraordinária de mentalidades que já vem tarde, porque todos os Estados-membro têm isto nos seus ordenamentos jurídicos, e há, como sabemos, um objetivo muito claro da OCDE e da Comissão Europeia de ter mais de metade dos seus diplomados no Ensino Profissional a prosseguir os estudos no Ensino Superior. O ensino de excelência praticado no Ensino Profissional dota o aluno de competências que quando ingressa no Ensino Superior consegue estar muito mais preparado que todos os seus colegas para situações de elaboração de trabalhos e apresentação, para lidar com as novas tecnologias visto que o Ensino Profissional é todo ele muito tecnológico, a elaboração e apresentação de uma PAP (Prova de Aptidão Profissional) obrigando o aluno a ter que lidar naturalmente com tecnologias para fazer a apresentação da sua prova final de curso. Por outro lado, do ponto de vista da economia e do desenvolvimento sustentável do país é preciso ter cada vez mais pessoas qualificadas com o Ensino Superior, tanto em Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos, sendo este um passo muito importante que efetivamente vai melhorar as metas portuguesas.
ME- Existe uma forte ligação das entidades formadoras ao tecido empresarial, este é um ponto a favor no momento em que as empresas pretendem recrutar?
Drª T.D – Claro. O Ensino Profissional surgiu por pressão do tecido empresarial que precisava de trabalhadores qualificados, por exemplo, o modelo que existe na Alemanha, o modelo de cogestão, faz com que os trabalhadores participem de forma muito ativa na vida e em todas as decisões das empresas, estão aliás como sabemos, dentro dos conselhos de administração das empresas e isto implica que tenhamos trabalhadores qualificados, alinhados com as estratégias, missões, valores e princípios das empresas. Isto só pode acontecer com bom ensino profissional, com os alunos do Ensino Profissional a progredirem para o Ensino Superior e o próximo passo será, sem dúvida, os mesmos alunos do profissional passarem a fazer os seus Mestrados e Doutoramentos.
ME- A Dra. Teresa Damásio volta a ser escolhida para Embaixadora Portuguesa da Semana Europeia da Formação Profissional, o que nos pode dizer sobre esta experiência?
Drª T.D – O ano passado fui nomeada pela Comissão Europeia em conjunto do Governo Português, uma experiência fantástica, permitiu-me contactar com muitas escolas profissionais, com muita empresas, porque esta semana visa, para além do Ensino Profissional, a Formação Profissional e, como está previsto na lei, como uma obrigação do empregador e tem um número mínimo de horas por ano que se deve dar de formação aos seus trabalhadores, mas o que a Comissão Europeia visa, é que estes embaixadores promovam, para além do ensino, mais Formação Profissional junto dos empregadores.Ser nomeada uma segunda vez de forma consecutiva para representar o meu país na Semana Europeia das Competências Sociais, ou seja, Formação Profissional e Ensino Profissional, é efetivamente um orgulho e uma honra. Estão a decorrer as votações e é preciso que os empresários portugueses, as escolas profissionais portuguesas, no portal da Comissão Europeia, selecionando a secção do emprego, submetam as melhores práticas, experiências, o melhor professor, melhor empresa, melhor área profissional, melhor escola profissional, melhor curso profissional, porque são feitas muitas coisas em Portugal e devemos estar orgulhosos, muito orgulhosos do nosso país. É com muito orgulho em poder transmitir a todos os Estados-membros que Portugal é efetivamente um país com um passado glorioso, um dos países da Europa e do Mundo com as fronteiras mais antigas, apesar da existência de alguns problemas, mas continuamos com políticas públicas muito ambiciosas.Este ano a semana será toda digital em virtude da pandemia do COVID-19, de 9 a 13 de novembro em conjunto com a Comissária Europeia para o emprego, todos os embaixadores de todos os Estados-membro, estaremos a trabalhar nos nossos países para promover o emprego digno, o desenvolvimento sustentável e eu Teresa Damásio farei tudo ao meu alcance para dignificar e potenciar o nome, o papel e a imagem de Portugal.