É com o seu apelido que se apresenta no mundo da música pois nunca perde a sua essência. Considera-se um lutador calmo que, ao mesmo tempo, vibra com as músicas que lhe entranham nas veias. É um amante da vida e da arte e “tudo o que diz são rosas” pois a sua positividade move-o sempre nos seus dias.
Murta, deu-se a conhecer na sua autenticidade, tal e qual como se entrega à música. E deste músico, ainda vamos ouvir muito…
Como é que a música entrou na tua vida?
Nem eu sei bem. Senti que tinha de me expressar de alguma forma e a música era a maneira mais fácil de o fazer. No 10º ano quase todos os rapazes da minha turma faziam música. Na altura, uns rapazes queriam formar uma banda e não tinham teclista. Eu tinha tido aulas de piano com 12 anos e pedi-lhes para entrar na banda. Cheguei ao ensaio e o vocalista não apareceu. Cantei na vez dele e disseram que soava bem. O nosso primeiro concerto foi dois meses depois de termos começado com a banda Damn FATG. Foi aí que comecei a desenvolver a parte criativa do meu cérebro. Eu odeio sentir que alguém sabe alguma coisa mais do que eu. Sempre que aposto em algo, tenho que ser o melhor, para não sentir que estou a fazer mal. Eu faço muita coisa mal, mas gosto de perceber como tenho de fazer e isso fez-me evoluir muito rapidamente. Sempre que me enganava, pedia ajuda. Estou há cinco anos na música, há cinco anos a lutar. Assim que comecei, comecei a lutar.
Ser cantor sempre foi o teu sonho?
Mais ou menos. Eu sempre fui apaixonado por física quântica, biologia e mergulho. Queria ser mergulhador profissional e ainda quero tirar a licença. Também gostava muito de futebol e foi a minha primeira paixão. O futebol deu-me espírito de equipa, de sacrifício. Tinha de estar preparado física e mentalmente para dar tudo em campo. Sou um músico com mind-set desportista e essa é a combinação mais perigosa, porque não desisto, sou um lutador. Mas após a lesão que tive, começou a fazer mais sentido a música.
“Não me quero resguardar de nada, dou-me todo por completo”
Quem é o Murta?
Escolhi o nome Murta neste projeto porque não me distancio da pessoa que faz as músicas. Para mim, um nome e uma figura artística serve para te resguardares, mas eu não me quero resguardar de nada, dou-me todo por completo. As letras são tudo o que o Francisco Murta diria, mas o Murta canta.
E é assim que colocas muitas raparigas a suspirar e a chorar…
(Risos) Não sei. Mas é muito bom identificarem-se com a minha música. Fico muito grato por isso. O primeiro single do projeto, Porquê, surpreendeu-me positivamente, pensava que ia ser muito mais difícil ter reconhecimento. Agora vem a segunda barreira que é ouvirem-me a cantar com mais ritmo, muitos vão dizer que eu tenho a mania que sou rapper, mas eu nem quero ser, eu sou cantor. É algo mesmo diferente, estou a fazer coisas diferentes e tudo é verdadeiro. Canta com verdade, mesmo que não percebam o que estás a dizer. Não te podes arrepender de dizer a verdade e é assim que eu vivo.
Podemos esperar o lançamento de um álbum?
Sim. Podem esperar dois, até! No próximo álbum eu tenho um bocado de tudo, tenho baladas ao piano, músicas com algum beat e músicas mais para club, porque também gosto de me divertir. Tenho música metade em português, metade em inglês. Quero que sintam o awe na minha música, que é quando a tua cabeça não percebe algo e redefine-se para compreendê-la. Eu nunca penso em fazer música num determinado estilo musical, é uma mistura. Eu interpreto o instrumental, conto a estória que o beat quer contar. Vejo quais os estilos musicais que melhor me vão ajudar a transmitir a minha mensagem.
A tua mãe achava o teu registo vocal um pouco estranho, não era? Por ser diferente?
Sim, ela não gostava muito, mas não faço ideia porquê. Os meus pais nunca foram muito dados à música e eu inicialmente também não gostava muito. O gosto pela música e o facto de cantar veio do nada, o que os surpreendeu. A puberdade veio, mudei a voz e comecei a cantar. Quando perceberam que havia amor, que as pessoas se identificavam e que era algo muito maior do que eu, começaram a gostar e agora a minha mãe tem o Porquê como toque de telemóvel.
Lidaste bem com a fama e mudança na tua vida?
Sim, sempre fui uma pessoa muito calma. Agora não consigo ter essa tranquilidade na minha vida e faz-me falta. Eu gosto de estar na minha terra, descansado. Sei que vai deixar de ser possível, mas sem stress.
Como são os teus momentos de criação?
São muito variados. Às vezes começo com um beat porque também produzo. Se tiver uma branca não fico parado, faço outra coisa. Não gosto de perder tempo com a branca, é importante não lutares contra ela.
Eu quero salvar o mundo, quero salvar a sociedade. Faz sempre melhor do que o que precisas porque as coisas podem não sair como queres. E somos sempre melhores, juntos. Se quiseres individualidade, estás à vontade! Mas a experiência já me mostrou que sozinho não serás melhor que comigo porque tens a minha ajuda, tal como o contrário acontece. É arte, arte é partilha. Se a partilhares será muito melhor recebida. “O que eu digo são rosas”, mas eu vivo assim. Sei que vou ter pedras no caminho, mas não há stress. É a maneira mais positiva e consciente que eu tenho de viver. Não quer dizer que eu em estúdio não me passe, não berre. Em estúdio estou aos saltos, vivo a música nas unhas! Quando ouço um instrumental que gosto fico eufórico, porque vivo aquilo. No fim é tudo amor, é arte. E arte é amor.
És um amante da arte. O que mais te fascina?
Completamente. É fazer algo que não existe. Ao fazeres arte, projetas no mundo algo que não existia antes de nasceres e isso é o mais bonito! E a partir do que fizeste as pessoas retiram emoções! Agora vão ouvir mais piano nas minhas músicas porque sou pianista. Mas eu gostava de aprender trompete ou baixo. Os artistas de música esquecem-se do que são e passam a ser celebridades. Eu não sou essa pessoa. Quero investir musicalmente. É muito bom ouvirem uma coisa no primeiro álbum e no segundo ouvirem músicas com trompete porque eu aprendi esse instrumento. Perceberes essa mudança na minha carreira, por causa de uma mudança minha, é muito bonito. A partir das músicas vais compreender a minha vida, a evolução é linda e dá muito trabalho.
Data de nascimento: 31 de agosto (signo Virgem)
Comida/Bebida favorita: Comida feita pela avó/Água
Hobbies favoritos: Pensar, ler, ouvir música, jogar futebol
O que menos gosta: Mentiras, Presunção e Incompetência
Animais de estimação: Dois cães, três gatos e uma tartaruga
Pessoas especiais: Pais e irmão, amigos, pessoas com quem cria música
Pessoa especial a nível amoroso: “Já tentei. Gosto muito de amor e de afeto, mas não tenho tempo.”
Cores favoritas: Verde e Azul
Clube de futebol: Sporting
Objeto mais importante: Computador
Valor mais importante: Espírito de Sacrifício
Destino de sonho: Lua