Sabem desenhar, criar, soldar e programar robôs, e têm idades que vão dos 10 aos 19 anos. Alunos e ex-alunos da Escola Básica São Gonçalo juntam-se a outros que vêm de fora para formar o melhor Clube de Robótica do país e um dos melhores do mundo. A prová-lo está a recente participação no RoboCup, onde foi campeão em várias competições.
Ao entrarmos nesta escola situada em Torres Vedras, deparamo-nos com paredes forradas a diplomas, que comprovam as várias conquistas do seu mais relevante projeto. O Clube de Robótica da Escola Básica São Gonçalo é um sucesso e, aqui, toda a gente tem orgulho nisso. Até porque esse sucesso não surgiu do nada, segundo percebemos pelo que diz Jaime Rei, o professor responsável: “Não somos mais inteligentes, nem menos inteligentes, temos é um processo continuado de boas práticas”.
Este clube existe desde 2007, e nesse mesmo ano participou pela primeira no RoboCup, o campeonato mundial de robótica, alcançando o 11º lugar. Dez anos depois, não houve um em que falhasse este evento, e já acumula competições em três continentes diferentes. Mas mais importante que isso, os troféus: São 14 títulos de campeão mundial, 3 deles conseguidos na edição deste ano, realizada no Japão.
“Eu ensinei-os a voar e eles voaram.” Jaime Rei, professor responsável
A fórmula dos campeões
O David Antunes tem 14 anos, terminou agora o 8º ano e é campeão mundial em duas modalidades diferentes. Ao lado dele está o Bernardo Rocha, que tem 17 e já concluiu o Secundário na E.S. Madeira Torres, seguindo agora para o Curso Superior de Engenharia Eletrotécnica. Pedimos-lhes que nos explicassem como consegue este clube ser tão bom na arte de criar robôs.
“Todos os estudantes que entram para o clube passam por uma iniciação onde são dadas noções básicas de programação e toda a teoria é explicada”, contou-nos o Bernardo, antes que o David interviesse para reforçar que “depois de perceberem o que é e como se trabalha com uma máquina programada, os alunos aprendem a soldar e a construir os robôs”.
Com o tempo, a experiência e, principalmente, a dedicação, estes jovens começam a trabalhar “de forma cada vez mais autónoma, acabando por chegar a uma fase onde o seu conhecimento abrange todas as bases necessárias para passar à fase seguinte – escolher a modalidade de competição”, disse-nos o Bernardo Rocha.
As modalidades
Para poderem participar numa competição, os membros do clube têm de escolher uma das modalidades existentes. São elas:
Futebol Robótico
Duas equipas defrontam-se num campo com dois jogadores – um guarda-redes e um avançado. O objetivo, como seria de esperar, é marcar golos na baliza adversária.
On Stage
É a modalidade onde a criatividade impera. Os membros da equipa sobem ao palco para apresentar um espetáculo de entretenimento, utilizando componentes eletrónicas.
Busca e Salvamento
O objetivo é programar o robô para que, depois de lhe ser dada a ordem de começo, ele consiga de forma autónoma atravessar uma pista de obstáculos, localizar um grupo de vítimas e deslocá-las para um local seguro.
Acompanhar os mais novos, dar autonomia aos mais velhos
Com mais de 50 membros, a dimensão deste clube torna impossível que exista um acompanhamento constante a cada elemento. É por isso que, de acordo com o professor Jaime Rei, a organização “privilegia os ensinamentos aos mais novos – que têm horários específicos para trabalhar no clube –, e dá autonomia aos mais velhos”. Muitas vezes, conclui, dá-se também “a troca de conhecimentos entre os mais e os menos experientes”.
Apesar de estar sediado numa escola do Ensino Básico, podem fazer parte deste clube alunos de qualquer escola secundária, ou até mesmo estudantes que já estão no Ensino Superior. Neste momento, a escola tem inclusivamente uma proposta para receber jovens do concelho de Vila Franca de Xira. Como pensam deslocar-se para lá não sabemos, mas se o que querem é aprender robótica, então esta é uma viagem que vale bem a pena.
[Reportagem e Fotos: Afonso Alexandre]