O Ensino Superior traz tudo isto, de acordo com Pedro Mourão. Este aluno acredita ter escolhido um curso “único em Portugal” e defende que a entrada na universidade pede maior organização do tempo de estudo e disponibilidade para desenvolver a inteligência emocional. Transpor as fronteiras da área que se escolhe e fazer bons amigos é igualmente fundamental!
Nome: Pedro Mourão
Universidade/Faculdade: Escola Superior Náutica Infante D. Henrique
Curso/Ano: Eng. de Máquinas Marítimas
Objetivo Profissional: Oficial da Marinha Mercante
Porque é que escolheste esta área de formação?
A minha bagagem técnica estabelecida no curso de Desenho de Construções Mecânicas lecionado no CENFIM possibilitou-me o ingresso imediato no mercado de trabalho, e posteriormente na área de projeto de manutenção mecânica naval – num estaleiro –, e foi aí que surgiu o interesse pela área marítima, o que inevitavelmente me levou a conhecer melhor a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique e as suas propostas de formação.
O que destacas no teu curso?
É o único curso em Portugal que forma oficiais para a marinha mercante, e a grande vantagem é a possibilidade de obter um conhecimento amplo de engenharia, onde apesar da mecânica ser a base de estudo, é complementada com cadeiras da área de elétrica, eletrónica e de automação, além de abranger as cadeiras necessárias para a certificação marítima como Segurança Marítima, Cuidados de Saúde e Psicossociologia. Estas particularidades do plano curricular tornam o curso mais interessante e útil para uma futura carreira profissional, quer seja no mar ou em terra.
“Na Escola Náutica existe uma maior proximidade entre alunos e professores, onde somos conhecidos pelo nome e não apenas pelo número.”
Quando escolheste o curso, olhaste para o fator emprego? O que esperas que ele te proporcione na altura de entrar para o mercado de trabalho?
O fator emprego é sempre uma característica importante na escolha de um curso superior, e apesar de não ter sido decisivo para mim, foi certamente reconfortante saber a priori que existe uma alta taxa de empregabilidade dos alunos de Engenharia de Máquinas Marítimas. Após terminar o curso consegui encontrar embarque rapidamente, e todos os meus colegas de turma que decidiram seguir carreira a bordo de um navio estão hoje empregados.
O que muda do Ensino Secundário para o Ensino Superior?
A diferença mais visível é a liberdade, que vem de mãos dadas com o acréscimo de responsabilidade e de exigência. Não existe controlo de presenças, é necessária maior pesquisa e estudo em casa, há menos tempo e mais matéria para absorver. As cadeiras tornam-se mais específicas e mais de acordo com a nossa vontade pessoal, e isso traz mais vontade de estudar e de aprender. Ao contrário da maioria das faculdades, na Escola Náutica existe uma maior proximidade entre alunos e professores, onde somos conhecidos pelo nome e não apenas pelo número.
O que precisaste de fazer para te adaptares ao mundo universitário? Em que é que sentes que mudaste?
O meu maior desafio foi organizar o tempo de estudo, pois no início do curso trabalhava de dia e estudava de noite, algo cada vez mais comum. É muito importante sistematizar o estudo e, antes de tudo, aprender a estudar.
A maior mudança para mim foi o tipo de responsabilidade criado num ambiente de Ensino Superior. Esta aumenta sem dúvida, mas porque existe a necessidade de satisfazer uma vontade própria, criada através do estímulo de seguir a profissão escolhida.
Que qualidades e competências consideras essenciais para ter sucesso no Ensino Superior?
É importante que haja espaço para desenvolver a inteligência emocional, porque isso facilitará a adaptação ao mercado de trabalho. É preciso entender o que se lê, e ler outra vez se necessário! Não deixar dúvidas, pensar com espírito crítico, criticar quando necessário, saber discutir e demonstrar capacidade de tolerância a opiniões divergentes.
Ler muito, e ler algo que desenvolva outras partes da vida, não só engenharia ou gestão – filosofia, política, a Bíblia ou algo que te interesse. A vida no Ensino Superior deve ser mais do que o curso que se frequenta, deve ser um processo de aprendizado geral, tanto profissional como sociocultural.
De resto, devemos aceitar as nossas limitações e corrigir os nossos erros – é um desafio diário no mercado de trabalho e deve ser treinado logo no Ensino Superior. Ah, e fazer amigos, bons amigos!
Na tua opinião, porque devem os jovens escolher esta área de formação?
Ela é abrangente e permite uma futura deslocação por diversas áreas da engenharia, mas considero mais importante a oportunidade de poder embarcar num navio como oficial da marinha mercante. A aprendizagem que se obtém com o desafio de embarcar é algo único e dificilmente expressável por palavras.
[Foto: cedida pelo entrevistado]
Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2017/18 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.