Cortar-se, queimar-se ou arranhar-se para magoar o próprio corpo. 20% dos adolescentes já o fez pelo menos uma vez, de acordo com um estudo da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
O projeto foi desenvolvido no Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), inquiriu 2.863 adolescentes com idades entre os 12 e os 19 anos, a frequentar o 3º ciclo e o Ensino Secundário em várias escolas do distrito de Coimbra, e apurou que 1 em cada 5 desses jovens já se envolveu “pelo menos uma vez na sua vida em comportamentos autolesivos”, para “regular emoções difíceis e intensas”, disse à agência Lusa a investigadora Ana Xavier.
Mas há várias outras conclusões retiradas deste trabalho. De acordo com o estudo, estes comportamentos autolesivos têm “maior envolvimento” por parte das raparigas, e também são elas a transparecer “níveis maiores de sintomas depressivos” e a ser “mais autocríticas e a ter mais problemas com o grupo de pares”.
Estes episódios de autolesões são, de acordo com a investigadora, mais comuns “entre os 15 e os 16 anos”, que é uma fase de “maior desenvolvimento do pensamento abstrato e comparação social com os outros”.
Ao mesmo tempo, o estudo demonstra que há uma tendência dos adolescentes que são vitimizados pelos colegas para serem “mais autocríticos” e para terem “mais sintomas depressivos e mais comportamentos autolesivos”.
Para esta especialista, estes resultados são importantes para “alertar para a importância de se fazerem intervenções e prestar atento a este tipo de dificuldades”. Na sua opinião, é fundamental a criação de “programas de prevenção e de intervenção” para ajudar os jovens a lidarem melhor com as emoções.
[Fonte: Agência Lusa]