A Arquitetura requer muito trabalho de equipa, e para isso, uma boa relação entre todos os profissionais. Esta é a visão da Catarina Coelho, arquiteta estagiária que teve de ganhar coragem e acreditar em si própria para entrar no mercado de trabalho.
Nome: Catarina Coelho
Empresa e Atividade: Arquiteta estagiária na empresa Conceito Mínimo
Formação: Mestrado Integrado em Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Como surgiu a oportunidade de fazer este estágio?
Quando acabei o curso comecei imediatamente a procurar emprego. Procurei ofertas em diferentes sites relacionados com a minha área, enviei currículos e inscrevi-me no centro de emprego. Obtive resposta de uma das ofertas à qual me tinha candidatado, tendo me sido pedido que enviasse o meu portfólio. Optei por, em vez de o fazer, dirigir-me à empresa e apresentá-lo pessoalmente. Foi devido a esta atitude que fiquei com o lugar, o que mostra como o contato pessoal é fulcral.
Tendo em conta o teu curso, que mais-valias traz o contacto com as empresas? E no teu estágio, concretamente, o que destacas neste aspeto?
A empresa, sendo uma estrutura organizada, proporcionou-me um trabalho concreto que ainda não tinha tido oportunidade de experienciar. Tenho vindo a adquirir um grande conjunto de conhecimentos específicos, derivado do contato com profissionais com mais experiência na arquitetura, e de outras especialidades com as quais é necessário interagir, e cujos conhecimentos se complementam e nos enriquecem pessoalmente.
“Quando acabei o curso, senti que não estava preparada, mas as ferramentas estão lá e apenas temos de confiar que vai correr bem, porque vamos dar o nosso melhor.”
O que é que aprendeste na tua licenciatura que se revelou fundamental para esta relação com o mercado de trabalho? E o que aprendeste no mestrado que não aprendeste no curso?
A formação fornece os conhecimentos e ferramentas, mas é no mercado de trabalho que se compreende como os aplicar. A Arquitetura requer muito trabalho em conjunto. Na faculdade, apesar de o trabalho em grupo ter sido bastante incutido, é criada a ilusão de que é mais fácil tudo ser feito individualmente, pois chegar a um entendimento de ideias muitas vezes parece impossível. Na realidade, existe uma forte hierarquia fundamental para o bom funcionamento da arquitetura. É preciso aceitar que alguém terá de tomar a decisão final, mas que, para lá chegar, a troca de ideias é essencial.
Em teu entender, do que precisa um jovem na transição da universidade para o mercado de trabalho?
No meu caso, senti que a parte mais importante para me iniciar no mercado de trabalho foi ganhar coragem e acreditar em mim própria. Quando acabei o curso, senti que não estava preparada, mas as ferramentas estão lá e apenas temos de confiar que vai correr bem, porque vamos dar o nosso melhor. É preciso ser-se dinâmico e não esperar que as situações se desenrolem por si só.
Que desafios vão encontrar no mundo profissional, que não conheciam do mundo académico?
Penso que cada área profissional tem as suas particularidades e obstáculos. Em Arquitetura, considero que um dos maiores desafios é a relação entre as pessoas e entre profissionais, pois a área requer trabalho de equipa, que varia de empresa para empresa, sendo essencial existir uma boa relação e comunicação. Mas também, numa forma mais generalizada, entre as pessoas com quem o arquiteto entra em contacto, porque a profissão contém um lado criativo que pode não ser aceite ou interpretado da forma desejada.
Existe também um grande conjunto de regras, que difere consoante o local da intervenção, cuja dimensão é apenas percetível com os projetos reais que têm de ser entregues e aprovados pelas câmaras.
[Foto: cedida pela entrevistada]