Um ano depois do Sente, os HMB têm feito da estrada o seu caminho para a maturidade como banda. E para isso, os fãs têm sido uma peça essencial. Vem descobrir tudo sobre a ascensão dos HMB, os planos para o futuro, e as dicas deles para o músico que há em ti.
O Sente está a completar 1 ano de existência. Se esse disco já foi uma grande evolução relativamente ao primeiro, como se sentem nesta altura? Prontos para voltar a inovar?
Desde que lançámos o Sente passámos um ano a tocar, e é claro que notamos uma grande evolução. Sentimos que, por estarmos a dar tantos concertos, precisámos de subir o nível dos nossos espetáculos – quer no lado cénico, quer na construção da setlist, quer no número de pessoas que temos a trabalhar connosco.
Tal como aconteceu no álbum, que foi um passo à frente em relação ao que já tínhamos feito, estamos melhores ao vivo, e agora vem o desafio de voltar a fazer o mesmo num álbum novo.
O que é que se aprende na estrada que depois se usa para criar um disco?
Nós não temos ideias muito definidas em relação ao ramo que queremos dar à nossa música. Há coisas que aprendemos do primeiro para o segundo disco – que tínhamos de ser mais cabeça e um pouco menos coração – e para o terceiro o objetivo é fazer o nosso som crescer ainda mais.
Graças à química que cada vez mais temos nos concertos, também percebemos que há músicas que vale a pena gravar como banda, em vez de cada um gravar a sua parte, como tem sido hábito até aqui. Por isso há pequenas coisas que estamos a identificar que queremos fazer.
Artisticamente, sabemos que o próximo álbum vai ser diferente do Sente, mas só quando estivermos no estúdio é que vamos perceber exatamente para onde é que ele pode evoluir.
E nesse caso, como é que os vossos fãs vos têm ajudado a saber o caminho a tomar no futuro?
Sim, por exemplo ao nível da setlist. O início de uma tour é sempre complicada, e nos primeiros concertos andamos à procura de acertar com o melhor alinhamento… Há músicas de que gostamos muito e que significam bastante, mas ao transpô-las para o concerto vemos que são mais mortiças e que a malta não adere tanto; pelo contrário, existem aquelas que nunca pensámos que pudessem ser fortes ao vivo, e que depois têm o feedback oposto! Ir para a estrada tem isso de bom, sair da bolha do estúdio e contactar com as pessoas que nos ouvem e que nos mostram do que mais gostam.
E durante todo este tempo de tour, destaca-nos dois ou três momentos com fãs que vos tenham ficado na memória…
Este ano existiram três momentos no palco que nos marcaram imenso! Um deles foi no NOS Alive, num palco gigante e num ambiente verdadeiramente impressionante, onde tivemos 20 ou 30 mil pessoas a ver-nos… E não foi aquele “ver” à espera de outra banda, estavam mesmo connosco e a curtir a cena. Foi grande momento e serviu para percebermos que alguma coisa estamos a fazer bem.
Depois disso, estivemos nas Festas do Mar em Cascais, onde este ano fizemos algo especial com amigos nossos – como o Tiago Bettencourt e o Agir, entre outros. É bom perceber como, às vezes, coisas que parecem tão diferentes podem resultar tão bem em conjunto.
Por fim, a edição deste ano do Avante. Já nos tinham dito que é uma grande festa, mas como nenhum de nós tem uma veia de esquerda muito profunda, não é algo que algum de nós conhecesse. E foi incrível, acho que nunca tínhamos tocado para tanta gente… Acho que eram praí 50 mil pessoas, e foram impressionantes connosco.
Esta grande diferença, de passar a tocar para muitas mais pessoas, foi marcante para nós ao longo deste ano, e com isso aprendemos também que, mesmo naqueles dias em que estamos mais cansados, devemos às pessoas dar sempre o nosso melhor.
Os HMB são hoje uma das mais importantes novas bandas nacionais… Em jeito de conselho para a malta mais jovem, o que é que é preciso para atingir esse nível? O que é que têm aprendido ao longo do tempo que gostasses de destacar?
Não é fácil responder a isso. Em relação aos HMB, o que posso dizer é que somos todos amigos e próximos, e que quando nos juntámos a nível musical, tudo se desenrolou de forma natural, o que ajudou a que pudéssemos fazer música de forma mais fácil.
Mas as coisas não são simples, e houve momentos em que chegámos a pensar terminar a banda… Acho que é importante terem isso em mente: para chegar longe não basta juntarem-se uma vez por semana para fazer uma jam, é algo que dá muito trabalho e que precisa de capacidade para tocar instrumentos e para cantar.
Também é preciso perceber que nada começa em grande – a não ser os produtos criados pelas editoras – e que é preciso fazer chegar a vossa música às pessoas, de alguma forma. Por fim, quando chegar o momento de se mostrarem ao vivo, deem tudo o que têm dentro de vocês, porque essa pode ser a vossa oportunidade. No nosso caso, foi isso mesmo que aconteceu!
O que podemos esperar dos HMB nos próximos tempos? Concertos, novo álbum, surpresas…
Para além de concertos onde poderemos – ou não, ainda não sabemos bem – mostrar já algumas músicas novas, vamos lançar um novo single até ao final do ano, com direito a vídeo. Ainda estamos a ponderar qual será a música que vamos escolher, por isso fiquem de olho!
“Passar a tocar para muitas mais pessoas foi marcante para nós ao longo deste ano, e com isso aprendemos também que, mesmo naqueles dias em que estamos mais cansados, devemos às pessoas dar sempre o nosso melhor.”
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: Hugo Moura]