Garantia Jovem: O passaporte para a concretização!
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego, entre os 16 e os 24 anos, assinalou um aumento de 1,2 pontos percentuais, relativamente a 2022.
Sara Ramos, Diretora Executiva da Garantia Jovem, afirmou, em entrevista, que conseguir chegar aos que se “posicionam fora do radar oficial do sistema” representa um dos propósitos do projeto.
Destinado aos jovens desempregados, inativos e desencorajados, a Garantia Jovem acaba de anunciar uma nova interface digital. Realçá-la, ajustando-a às necessidades contemporâneas, foi a motivação?
A principal motivação foi atualizar a plataforma em termos de conteúdos e torná-la mais apelativa para os jovens. A Garantia Jovem foi lançada, em Portugal, em 2014. É uma iniciativa europeia, dirigida aos jovens, entre os 15 e os 29 anos, e que pretende prevenir o desemprego jovem e a inatividade, procurando dar uma resposta de educação, formação, estágio ou emprego. Em 2021, a Comissão Europeia sugeriu a todos os Estados Membros reforçar a Garantia Jovem, no sentido de dar resposta ao aumento do desemprego jovem, decorrente da crise pandémica. O objetivo da nova plataforma foi dar resposta a essas mudanças socioeconómicas e às necessidades atuais dos jovens, disponibilizando informação atualizada sobre as políticas públicas e as medidas de apoio existentes, quer em termos de formação, quer de apoios à integração dos jovens no mercado de trabalho, nomeadamente a oferta do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP, I.P.).
Através de um design atraente, pretendemos proporcionar aos jovens uma experiência ágil e otimizada, onde podem simplesmente encontrar informação útil ou mesmo registar-se para obterem uma oferta concreta. Para além da plataforma, estamos a desenvolver uma aplicação móvel, que vise um acesso mais inclusivo aos serviços oferecidos – independentemente da localização ou do nível de habilidade tecnológica dos jovens.
Que conjunturas serão colmatadas?
Queremos, acima de tudo, chegar aos jovens e proporcionar-lhes apoio na definição do seu percurso, seja de qualificação ou de emprego. Queremos estar presentes e ser um apoio num processo importante para os jovens, mas que sabemos que nem sempre é fácil — a sua inserção no mercado de trabalho. Esta ambição leva-nos a procurar alcançar aqueles que — por barreiras externas ou autoimpostas, nomeadamente a descrença, a baixa autoestima ou o desencorajamento por vivências passadas de fracasso – se posicionam fora do radar oficial do sistema.
Rejeitando ideias simplistas sobre os motivos da inatividade dos jovens, acreditamos que cada jovem aspira sempre a melhorar a sua condição de vida e a desenvolver-se. Consequentemente, a criação de pontes, disponibilizando apoio especializado, recursos práticos e ambientes acolhedores — para a superação das adversidades e a conquista de objetivos — poderá ser o catalisador da mudança.
Fornecendo (incontáveis) apoios, que contributo detêm na preparação para as exigências do mercado de trabalho?
A Garantia Jovem é um projeto que envolve diferentes áreas governativas, operando, através de uma panóplia diversificada de medidas, quer do IEFP, como os emblemáticos e bem-sucedidos estágios profissionais “Ativar.PT”, os incentivos à contratação — “Programa Avançar” e “Compromisso Emprego Sustentável” — ou o apoio à mobilidade — “EURES Targeted Mobility Scheme” — quer de medidas de outros organismos públicos, como as ofertas de emprego, disponibilizadas pela Direção-Geral do Emprego Público (DGAEP) ou as iniciativas apoiadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
Uma vez que a conclusão do percurso escolar e a posterior inserção no mundo do trabalho manifesta ser um período de incerteza, defendemos, assim, uma robusta oferta de qualificação e a melhoria da qualidade das ofertas de emprego, com oportunidades mais estáveis e adequadas às qualificações dos jovens.
As softs skills são – progressivamente – valorizadas pelas entidades corporativas. O investimento em competências socioprofissionais é, igualmente, explorado?
Não estando na posse de um conhecimento profundo sobre as competências que são realmente valorizadas pelos empregadores, o que posso dizer é que esse é um domínio presente na oferta formativa do IEFP.
Mais, o IEFP também pode ajudar os jovens em tarefas relacionadas com a procura ativa de emprego, como por exemplo a elaboração do seu curriculum vitae e a preparação para candidatura a processos de recrutamento ou para entrevistas de emprego.
Não obstante, implementar ou apoiar projetos de ação a nível local é o nosso futuro objetivo, formando uma rede de suporte mais próxima dos jovens e mais integrada.
E o registo?
Em dois minutos o procedimento de inscrição está concluído, requerendo, apenas, informações básicas — nome, morada, contacto telefónico e e-mail.
Posteriormente, iniciamos um processo de triagem, encaminhando cada pedido para os serviços adequados. Os pedidos são analisados e tratados pelos nossos interlocutores nos serviços locais, que darão o devido seguimento, ou seja, contactam os jovens e procuram apoiar na definição de um plano pessoal ou encaminham para ofertas adequadas às preferências dos jovens.
“Existe — sempre — um caminho. O importante é nunca baixar os braços. Mantendo a perseverança e persistência, perante os obstáculos do mundo do trabalho, torna-se possível ultrapassá-los.”