Entrevista | Teresa Espassandim: O benefício (funda)mental na escolha do caminho superior
Com o fim de mais um ano letivo, a vocação, a análise de mercado e a empregabilidade representam a soma da equação, que te conduzirá a tomar uma decisão ponderada (relativamente ao teu futuro).
Teresa Espassandim, Psicóloga e Especialista em Psicologia da Educação e em Psicologia Vocacional e do Desenvolvimento da Carreira, revela, em entrevista, que “a satisfação e envolvimento, o desempenho académico, e o sentimento de alinhamento entre os estudos e os interesses pessoais”, simbolizam uma deliberação bem-sucedida.
Na altura de traçar rotas, são reveladas inúmeras dificuldades. Quais são os passos primordiais?
O autoconhecimento, a exploração de preferências e aptidões, a pesquisa sobre cursos e Instituições, e as perspetivas de carreira.
É crucial investir na construção de um projeto de vida, começando com uma avaliação honesta de valores e competências.
Posteriormente, deve-se verificar as opções que se alinham com as características individuais, sem esquecer as oportunidades vindouras.
Que estratégias providencia a Orientação Vocacional e Profissional?
As abordagens são inúmeras.
Desde sessões de aconselhamento individualizado, preparação de ofícios “no terreno” e entrevistas a especialistas, a workshops e programas de experiência prática, como estágios de curta duração ou Voluntariado.
O que deve pesar na balança?
Considerar a relação entre a oferta e a procura, a taxa de desemprego em potencial, as remunerações esperadas, e as tendências, é imprescindível, sendo a reputação e a qualidade da Universidade ou Faculdade, um fator, igualmente, relevante.
Num universo laboral em constante mudança e com grande incerteza associada, a adaptabilidade e a flexibilidade tornam-se elementos basilares.
“A aprendizagem ao longo da vida consiste numa jornada de descoberta contínua.“
Que erros são mais recorrentes ao eleger um curso superior?
Os pontos que poderão aumentar a probabilidade de infortúnio traduzem-se na predileção de uma formação por conceder prestígio ou uma profissão tendencialmente melhor remunerada, ignorando o gosto pela área, bem como na cedência a pressões externas e estereótipos, no domínio irrealista sobre o mercado de trabalho, e, ainda, na não-pesquisa sobre as respetivas saídas profissionais.
Com a evolução progressiva da Inteligência Artificial, conjeturar sobre o tecido empresarial daqui a 5 anos é arriscado, tendo em conta a velocidade a que os cenários se modificam?
Cautelosamente e não como “verdades absolutas”, realizar previsões é útil, dada a rapidez com que o conhecimento e as necessidades se expandem. Porém, o foco no desenvolvimento de soft skills transversais, nomeadamente o pensamento crítico e a criatividade — que serão valorizadas, independentemente das transmutações específicas —, e na aquisição aprofundada de habilidades socioemocionais, permitirão uma gestão eficaz da dúvida e da vicissitude.
E… Quais são os indícios que espelham uma escolha acertada?
Apesar de não existir, apenas, uma trajetória exata, a satisfação e envolvimento, o desempenho académico, e o sentimento de alinhamento entre os estudos e os interesses pessoais, figuram sinais otimistas.
Contudo, caso a sensação de descontentamento ou o sofrimento psicológico se manifestarem, aferir a possibilidade de transferir créditos (ECTS), examinar alternativas ou complementos, como Pós-Graduações, e reconhecer, aceitando, que as transições fazem parte do processo, é imperativo.
Mas, possuir a formação adequada é o suficiente para atingir a concretização?
Claramente, é diminuto.
Fortalecer qualificações interpessoais de comunicação e de gestão de tempo, e aproveitar diferentes atividades desportivas, artísticas e associativas, para ampliar o sentido crítico, e valorizar a diversidade, a igualdade e o networking, é determinante. Denomina-se, vulgarmente, de “ganhar mundo”.
Que conselho pretende dirigir aos/às potenciais candidatos/as ao Ensino Superior?
A quem prosseguir, digo: Dediquem tempo a identificar as vossas verdadeiras paixões. Não tenham medo. Lembrem-se que nada é definitivo. Sejam proativos/as e estejam disponíveis para ajustar o vosso percurso. A aprendizagem ao longo da vida consiste numa jornada de descoberta contínua, onde a resiliência é a chave.