“Artificial Intelligence for Value Creation: Inovar e Desenvolver Negócios”: O mais recente programa executivo do ISEG Executive Education
O ISEG Executive Education está prestes a estrear o seu mais recente programa executivo “Artificial Intelligence for Value Creation: Inovar e Desenvolver Negócios”, que procura capacitar executivos, gestores e profissionais, a fim de possibilitar a exploração do potencial transformador da Inteligência Artificial nos negócios, e preparar estrategicamente as respetivas empresas para a sua incorporação.
Estivemos à conversa com Carolina Afonso, CEO do Gato Preto e Professora no ISEG, e Winnie Picoto, Vice-Presidente e Professora do ISEG, para conhecer melhor esta formação.
Ao criar e desenvolver este programa, que objetivos pretendiam alcançar?
O objetivo principal foi aumentar o conhecimento que existe sobre esta tecnologia emergente e dotar os participantes, não só de uma visão estratégica sobre aquilo que é a Inteligência Artificial, como também da sua aplicabilidade nos negócios.
Na parte inicial da formação, está prevista uma componente de enquadramento, um framework teórico que irá permitir-nos transmitir as bases e partilhar a linguagem utilizada quando se fala em Inteligência Artificial (IA) e na Inteligência Artificial generativa, e como é que ambas poderão ser utilizadas pelos gestores, como um fator distintivo. Posteriormente, irá ser abordada a componente da aplicabilidade: How to?, ou seja, como aplicar esta tecnologia e o conhecimento sobre ela, num contexto empresarial, de modo a gerar valor para as empresas. Por último, falaremos acerca das ferramentas disponíveis atualmente e que permitem fazer esta aprendizagem teórica e prática, daí o nome da formação: “Artificial Intelligence for Value Creation: Inovar e Desenvolver Negócios”.
Pelo nome da formação, pressupõe-se que a IA tem um valor acrescentado nas empresas. De uma forma concreta, qual o valor que a Inteligência Artificial acrescenta aos negócios?
Iremos descobrir mais sobre o valor ao longo da formação, mas podemos adiantar que uma forma de o medir é através da identificação do impacto, que a utilização dessa tecnologia poderá ter nos mais diferentes níveis.
Até ao momento, já tivemos oportunidade de assistir ao nível das tecnologias e ferramentas que já adotaram esta tecnologia e podemos obter valor nas diferentes áreas e dimensões de uma organização, por exemplo: Melhoria da produtividade dos funcionários (independentemente do seu tipo de trabalho); melhoria da tomada de decisão; inovação da oferta disponível; construção de uma experiência mais rica para o consumidor; melhoria da relação com o cliente — através dos chatbots que funcionam com recurso a algoritmos de Inteligência Artificial —, ou seja, o potencial do valor acrescido é bastante completo e existem diversas formas para o alcançar. Por outro lado, quando falamos em valor, há três dimensões que devemos considerar.
Primeiramente, uma dimensão que fizemos questão de abordar no curso, a Dimensão de Produtividade: Quais as tarefas que podem ser automatizadas e em que é que a tecnologia pode contribuir para o aumento de produtividade. Em segundo lugar, a Dimensão de Colaboração: Por exemplo, ao nível do Departamento de Recursos Humanos (RH), colaboração entre utilizadores, recorrendo a uma tecnologia colaborativa, que permite criar um relacionamento entre os colegas. E por último, a Dimensão da Criatividade: Recorrendo à inteligência generativa para a criação de conteúdos, por exemplo, na área do Marketing, da Comunicação, Customer Experience… De uma forma resumida, conseguimos identificar estes três eixos que acrescentam muito valor às organizações e que interferem com várias áreas de uma forma universal.
Do ponto de vista dos mais jovens, que estão a fazer a sua formação académica atualmente, como podem preparar-se para adquirir as designadas “competências do futuro”? E, quais as competências indispensáveis para o futuro?
Enquanto académicas, refletimos muito sobre isso e o que sabemos é que o futuro é cada vez mais incerto e enfrentamos cada vez mais desafios. Hoje, falamos sobre desafios relacionados com a tecnologia, mas há muitos outros que são igualmente atuais, como a Sustentabilidade e a Paz Mundial, sobre os quais é igualmente pertinente falar. A capacidade de reflexão, de ter um espírito crítico, de compreensão, e de aprender, é cada vez mais importante, pois não sabemos o que o futuro nos reserva, nem sabemos quais as competências técnicas que serão relevantes. Por isso, estas características são uma base de enorme relevo, para conseguirmos fazer face aos desafios atuais e futuros.
Pensando concretamente na IA, estas competências ajudam-nos, igualmente, a enfrentar o desafio de compreender algo que tem um impacto tão significativo nas nossas vidas e nas organizações e conseguir compreender exatamente o que é, e o que pode implicar. Estes são claramente aspetos a desenvolver nos nossos jovens. Há uma outra componente interessante a considerar: Os jovens já são nativos digitais, já nascem com a internet como uma commodity e os que nascem agora têm a IA como uma commodity, por isso, a forma como percecionam estas tecnologias é totalmente diferente do olhar de quem é migrante de todas estas tecnologias, portanto eles saberão melhor do que nós, como utilizar e incorporar estas ferramentas. O que é importante é balizar. Por essa razão, a nossa formação terá uma componente de ética, na qual iremos abordar os Do’s e os Don’ts, ou seja, não vale tudo nesta área, este é um mundo novo, mas com riscos associados e, claro, com muitas oportunidades. A questão que se impõe é: Até onde vai a fronteira? Há dois olhares diferentes para esta vertente: A forma como as organizações perspetivam esta tecnologia é o top-down e a forma como os jovens olham para ela, acaba por ser o buttom up, e no encontro de tudo, surgem os desafios que podem ser encarados como oportunidades, mas nós, enquanto académicas e representantes de uma Instituição de Ensino — o ISEG — temos de zelar pela componente da ética tecnológica.
Como ainda estamos numa fase inicial do uso da Inteligência Artificial, surgem muitas questões acerca da sua regulação. O uso responsável da Ciência ainda é uma área cinzenta?
É uma área com muito pouca regulação e tal como o caminho que já foi feito em áreas, como o e-commerce, este percurso até à regulação vai-se fazendo. É essencial haver pessoas com cada vez mais conhecimento, mais formação e informação sobre o que estão a fazer. Por outro lado, diz-se até que a IA terá um travão precisamente pela via da regulação. Uma vez que a IA cresceu muito mais do que a própria regulação, agora é a regulação que tem de fazer um esforço para acompanhar a evolução tecnológica – se é que é possível —, mas é um esforço fundamental para precaver estas questões de ética e até de evolução da espécie, se pensarmos numa perspetiva extrema em que se atinge o ponto de singularidade e são as máquinas que nos dominam — situação que também está no horizonte. Torna-se realmente importante definir limites.
Concluindo com o tema inicial, há áreas de negócio para as quais esta formação tenha sido pensada particularmente?
O programa é transversal, uma vez que todas áreas serão impactadas e não há como evitá-lo, desde as áreas mais operacionais, até às áreas mais especificas, como a área das Finanças, de Contabilidade, RH, Marketing…
No caso da IA degenerativa, houve early adopters dentro das empresas, como podemos observar, por exemplo na área de Marketing, na qual muitos conteúdos publicados recentemente foram já escritos com recurso à designada “escrita sintética”, ou seja, não são humanos a escrever artigos dos blogs, mas sim a IA, o mesmo tem vindo a acontecer com a criação de imagens e vídeos.
Nas áreas de automação, nas quais existe muita repetição de tarefas, este tipo de tecnologia adapta-se perfeitamente e pode reduzir-se em larga escala a margem de erro e aumentar-se a percentagem de produtividade, tornando esta tecnologia muito apetecível. Concluindo, o curso adapta-se a qualquer área que exista dentro de uma empresa e em qualquer indústria.