Violência nas Escolas: Uma realidade premente (e silenciosa)
“Acabar com o (Cyber)Bullying nas Escolas, desenvolvendo a empatia e a bondade, e fomentado o respeito e a colaboração, através de sessões de conscientização para crianças e jovens, apoio a vítimas, e formação a Encarregados/as de Educação e ao corpo docente e não docente”, é a missão da Associação No Bully Portugal, presidida e co-fundada por Inês Freire de Andrade, que, durante o seu percurso escolar, desempenhou papéis distintos: “Pratiquei Bullying a colegas, gozando com eles, não tendo percepção do impacto; fui alvo, sendo excluída; e observei cenários bastante desagradáveis”.
Surgindo da vontade de deter implicações positivas na Educação, “propusemos trazer a No Bully americana para Portugal. Recebemos instrução da metodologia e, em 2016, iniciámos a atividade, com o objetivo de dar respostas práticas e eficazes”, mediante a prevenção e sensibilização em idade precoce, a criação de uma cultura de não-agressão, e a ajuda na resolução de conflitos, não recorrendo à violência. Contudo, “falta aplicar os objetivos no quotidiano, quer em Estabelecimentos de Ensino, quer em casa, conjuntamente com um maior investimento em todas as frentes”.
O ser humano não é intrinsecamente “mau” ou “bom”, sendo capaz de aprender, alterar comportamentos e romper com a tendência: “É necessário estimular a reflexão, competências sociais, e a aquisição de estratégias, que permitam realizar uma auto-gestão saudável das emoções, de modo a não ‘descontarem’ as frustrações e tristezas em ações que causem sofrimento.”
REAGIR: Sim ou Não?
Ignorar não vai resolver o problema. “Tomar uma atitude, sem atacar ou bater de volta, é essencial. Devem proteger-se, afastando-se para um lugar seguro e pedindo auxílio a um adulto, ou procurar formas assertivas de impor limites verbais ou físicos.”
Mas, não é só nos corredores…
Explicado pelo uso corrente e prematuro das redes sociais, o Cyberbullying é um fenómeno em crescimento — resultado da proliferação de utilizadores imaturos, com maior orientação para atitudes impulsivas em comentários ou shares: “Mantenham as informações pessoais privadas e os dispositivos seguros. Não partilhem passwords. Evitem publicar conteúdos em conjunturas vulneráveis. Ignorem provocações online e tirem prints, para que constituam provas. Caso frequentem a mesma Instituição, reportem às entidades responsáveis e apresentem queixa à Polícia.”
A recuperação é atingível?
Leva o seu tempo. Apesar das marcas profundas na autoestima e na autoconfiança e dos traumas provenientes, “é possível que haja um desfecho positivo“, com suporte familiar, integração académica, e intervenção profissional psicológica.
“Criámos o ‘O Bullying Termina Aqui! O teu Diário de Superação’, composto por exercícios de 19 de semanas, para alicerçar o conhecimento e os desafios a enfrentar.”
Projetos para 2024?
“O ‘Escola com Empatia’, no qual promovemos ações e formamos uma equipa interna. Paralelamente, com o apoio de quatro Municípios, e em parceria com o grupo de teatro d’ISPAr, o ‘Empatiz’ART’, introduzindo uma componente artística playback — uma técnica bastante eficaz na promoção da empatia. Por fim, temos, ainda, o “To be kind(er) – Quem Conta, És Tu”, desenvolvido com a Associação Men Talks, ao abrigo do programa ‘BIP/ZIP’, em duas Escolas do Município de Lisboa, tencionando desconstruir estereótipos de género.”