Diogo Morgado: A voz inconfundível de um gamer curioso
Considerando-se “um marginal da comunidade gaming, desde a game gear, master system e mega drive”, Diogo Morgado decide, em plena pandemia, afirmar-se publicamente no universo dos videojogos, carregando no botão “start streaming” e apresentando-se como MorgamiX.
É “num espaço de pagode, promotor de entretenimento, desventura e adrenalina, onde os seus ‘terráqueos’ se encontram sintonizados na mesma frequência”, que a dobragem portuguesa ganha palco nos gameplays, “por preferência e visibilidade do que se desenvolve em Portugal, salientando que é uma opção.”
Inerente à condição humana, a indústria, “três vezes superior ao mercado cinematográfico e musical mundialmente”, regista, ainda, um pré-conceito, que tem vindo a cair por terra, resultado da globalização. Contudo, “é necessário implementar estudos realizados, que comprovem que os jogos eletrónicos, com conta, peso e medida, podem ser salutares e extremamente benéficos do ponto de vista cognitivo, físico e social.”
A imersão de um videojogo supera a surpresa de um bom livro ou a emoção de uma estreia fílmica?
“De forma nenhuma… As experiências são diferentes, mas merecem o mesmo respeito. A verdade é que o gaming consegue quebrar barreiras. Ler uma obra literária ou um argumento proporciona-nos uma explosão criativa, assim como uma longa-metragem, sendo que assistimos passivamente, na terceira pessoa. O videojogo não detém a capacidade de imaginação, mas leva-nos a submergir por completo nos ambientes e cenários.”
TOP #5
- Hitman;
- Uncharted;
- Silent Hill;
- Horizon;
- Destiny.
De Delsin Rowe, em inFAMOUS Second Son; Markus, em Detroit Become Human; Professor, em Wonderbook: Livro de Feitiços; a Deus da Guerra (Týr), em God of War Ragnarok; e, mais recentemente, Quentin Beck, em Spider Man 2, a relação fascinante com o cosmos imaginário ultrapassa a mera afinidade, encontrando o elo perfeito entre a veia gamer e a paixão pela representação: “Eu dobro com intensidade, identificando-me com a emoção do jogador, uma vez que só um dobrador que joga é que consegue desempenhar um trabalho diferenciador.”
No entanto, o processo de criação de vozes não é tarefa fácil: “Durante as 100 horas de gravação de Detroit Became Human, que retrata a evolução e rebelião da máquina contra a raça humana, lembro-me perfeitamente de uma sequência, em que existe um confronto super dramático da minha personagem, e, quando termino, dou por mim em lágrimas. Embora fechado numa cabine, o dilema era meu.”
Apesar de não ser “aquele que enquanto não platineia um título não descansa”, o ator, realizador, guionista, e, agora, streamer, não perde uma novidade: “Gosto de tudo. Sou o curioso, que não nega uma boa estratégia ou um Fortnite”, confessando que a criação de um jogo “com dificuldade, particularidades e ligado à história” faz parte dos planos.