Norte e Centro são as regiões onde alunos de nível socioeconómico baixo têm melhor desempenho escolar
O EDULOG, o think tank para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo, com a Nova School of Business and Economics, apresenta publicamente o estudo “Da Desigualdade Social à Desigualdade Escolar nos Municípios de Portugal”, um trabalho de investigação que tem como objetivo caracterizar e analisar até que ponto o desempenho escolar dos alunos dos Ensinos Básico e Secundário está condicionado pelo contexto socioeconómico das suas famílias em diferentes regiões do país.
De acordo com os resultados obtidos, é de alertar que estudantes com estatuto social e económico semelhante possuem desempenhos bastante distintos, consoante o Município em que residem, sendo nas regiões Norte e Centro onde se registam melhores performances, enquanto que a sul do Tejo e na Área Metropolitana de Lisboa, o desempenho tende a ser pior.
Relativamente a métricas associadas ao percurso escolar, existe, também, uma grande disparidade: a percentagem de discentes que atinge o 9º ano sem retenções varia entre 22% e 71%, e a percentagem que consegue atingir o 12º ano oscila entre 42% e 88%. Concluí-se, então, que os municípios em que os alunos com mais dificuldades económico-sociais conquistam uma atuação superior são, igualmente, aqueles em que a diferença no extremo dos estatutos é mais ténue.
O “Da Desigualdade Social à Desigualdade Escolar nos Municípios de Portugal” explorou, ainda, os fatores explicativos que restringem ou promovem a mobilidade educativa, nomeadamente a desigualdade de rendimentos, a segregação entre Escolas, a estabilidade das estruturas familiares, o capital social local e as condições de emprego e salariais em cada região, mostrando que localidades com um setor secundário mais ativo e maior empregabilidade jovem assentam num melhor desempenho dos estudantes de grau social e económico baixo.
“Esta investigação levada a cabo para analisar a relação entre a desigualdade social e a desigualdade escolar nos municípios de Portugal deverá servir como ponto de partida para uma reflexão mais alargada sobre a importância da equidade na Educação. A disponibilização desta informação é importante, uma vez que permite identificar os municípios com situações mais extremas, analisar os seus contextos, contribuindo, assim, para uma análise e debate mais informado sobre a diversidade de contextos regionais e sobre as políticas e as medidas que podem promover a equidade da Educação em cada região”, afirmou Luís Catela Nunes, membro do Conselho Consultivo do EDULOG e coordenador do Estudo.