Entrevista | De “Portas ao Sol” ao álbum: Uma viagem pelas ruas de NENA, a artista do momento
Depois de marcar presença em inúmeros espetáculos de norte a sul do país, NENA, que tem vindo a construir um caminho sólido e a deixar a sua marca na história da música portuguesa, estreia-se agora no palco da Mais Educativa. A cantautora, com uma aptidão natural para a composição de canções, revela-nos o desejo de continuar a desafiar-se criativamente, o “Passo a Passo” do seu percurso e todas as novidades para este ano!
Começaste a desenvolver a tua escrita de canções desde os 12 anos. Que influências musicais te conduziram até aqui?
Foi quando aprendi a tocar guitarra, que verdadeiramente ganhei o gosto por criar melodias e compor as minhas próprias músicas. Comecei aos 12 anos e, desde aí, nunca mais parei [risos]. As minhas maiores influências vão desde Taylor Swift, John Mayer, Dixie Chicks, Rui Veloso, Carolina Deslandes, Quatro e Meia… O country também me fascina bastante.
Apesar da tua formação profissional ter sido na área das Ciências da Comunicação, a devoção pela música assumiu o primeiro plano na tua vida. Que papel ganha a arte musical na tua trajetória?
Em janeiro, terminei o Mestrado em Gestão de Informação na NOVA IMS, que era um objetivo pessoal. Acredito que todas as peças que têm vindo a fazer parte do meu caminho são ferramentas a utilizar na área da música, que é a minha vida [risos]. A escrita de canções é como um diário, onde vou expressando o que vivencio e o que ocorre à minha volta. No fundo, a música ajuda-me a compreender o mundo e a identificar as minhas emoções.
Considerada uma das maiores revelações nacionais, como defines a tua identidade enquanto artista?
Essa é difícil. Sinto que ainda me encontro num constante processo de construção e evolução… Mas tenho ido para criações mais acústicas e tenciono continuar a crescer enquanto performer. Falta perspetivar exatamente qual é a direção [risos].
O teu single de estreia “Portas do Sol” manifestou ser a tua rampa de expansão, conquistando tripla platina e abrindo-te as portas para o grande público. Porquê este reconhecimento?
A melodia é catchy e fica definitivamente no ouvido. A “Portas do Sol” fala de casa e dá-nos aquela sensação de amor, nostalgia e saudade, componentes que, sobretudo em 2020, na fase pandémica, acabaram por, de certa forma, levar as pessoas a relacionarem-se com a canção. Por isso, penso que todo o reconhecimento e sucesso deste single adveio de toda a conjuntura que o envolve e não há nada como saber que a música chegou a tantos sítios e a tantos corações [risos]. Sinto que o meu dever foi cumprido.
“Pela primeira vez considero que estou a fazer aquilo que gosto e faço-o com o maior prazer.”
Até chegares à versão final de uma canção, como é o teu processo de criação e composição à guitarra? Qual é a parte mais bonita e a mais desafiante?
Normalmente, começo a tocar uma música sem saber bem para onde é que aquilo vai. Inicio com um tema e, muitas vezes, acaba numa coisa totalmente diferente [risos]. A parte mais bonita é definitivamente quando percebo que a letra está a combinar na perfeição com a melodia que estou a tentar colocar na canção. Quando as duas partes finalmente se interligam, é como se a inspiração surgisse repentinamente e testemunhar este momento é maravilhoso. Já a mais desafiante são decididamente os refrões e conseguir conjugá-los com as estrofes, diria.
O teu primeiro disco “Ao Fundo da Rua” reúne temas que cantam histórias de amor e a cidade de Lisboa. As tuas canções são de cariz autobiográfico ou desabrocham do teu exercício observacional?
Eu não reflito muito sobre o que vou escrever, para ser sincera. É através do que analiso, que consigo descrever certas situações, por também já ter passado por elas. Portanto, as minhas músicas acabam por ser fruto da convergência entre a observação e as minhas experiências pessoais [risos].
Neste álbum, contamos apenas com a tua voz distinta e singular. Faz parte dos teus planos realizar projetos de colaboração com outros artistas?
Sim, sem dúvida, e já tenho algumas em mente, que não posso revelar. Neste primeiro disco, eu quis muito contar as minhas histórias, só por mim própria, mas definitivamente para o futuro gostava muito de colaborar com outros artistas. As novidades estão para breve [risos].
Há alguém com quem queiras muito compor ou gravar uma canção? O que é que os feats podem acrescentar às tuas criações e a ti enquanto cantautora?
Gosto muito de Carolina Deslandes, Bárbara Tinoco, Quatro e Meia, Miguel Araújo, Ivandro…. Os feats são sempre um desafio. Sairmos da nossa zona de conforto e do que estamos habituados, leva-nos a aprender e a progredir com quem estamos a atuar e a cooperar. É uma experiência inigualável, que planeio vivenciar muitas vezes.
Depois de teres sido destacada pela MTV Push, como descreves a sensação de estar agora nomeada para “Melhor Artista Feminina” e “Artista Revelação” dos prémios Play?
É incrível. Quando penso que no dia 27 de abril vou estar no Coliseu para os Play, fico com um friozinho na barriga. No fim, são só prémios, mas o mais gratificante é mesmo ter o reconhecimento das pessoas. Só o facto de ter sido nomeada já é uma vitória. É uma honra e uma sensação inexplicável e estou genuinamente feliz e agradecida por ouvirem e gostarem das minhas músicas e do trabalho que tenho vindo a desenvolver.
O foco é levares a tua música a cada cantinho de Portugal. 2023 espera-se um ano preenchido? Que novidades podemos ansiar?
Podem esperar essencialmente muita música nova. 2023 é o ano. Quero tentar dar concertos ao máximo e estar com o meu público. É neste sentido que nasce o tema do “Ao Fundo da Rua”, onde eu declaro que vou aos lugares para oferecer as minhas músicas, confidenciar as minhas histórias, apresentar as minhas raízes, mas também para conhecer as ruas de quem me acompanha. Depois, o grande sonho vai concretizar-se a 23 de novembro, com o Coliseu de Lisboa [risos]. Estou muito animada e já em preparações para o espetáculo. E para entrar com o pé direito em 2024, vou estar no Super Bock Arena. Tem sido um trajeto surreal e cheio de surpresas.
Quem é a Nena fora dos palcos? Quais são as tuas expectativas para o futuro? Algum sonho pendente?
A música é o meu dia-a-dia. Pela primeira vez considero que estou a fazer aquilo que gosto e faço-o com o maior prazer. No fundo, a Nena fora dos palcos é exatamente a mesma enquanto artista. Neste momento, sinto-me realizada a todos os níveis. Tirando o universo profissional que me rodeia, sou uma rapariga que adora ir à praia, estar com os amigos e que nunca rejeita uma boa e longa jantarada [risos].
Que mensagem queres deixar a quem tem receio de ingressar no mundo da música?
Definitivamente, a mensagem é fazer o que nos concretiza e não ter medo de arriscar. Se a música é o que nos traz felicidade, devemos sempre tentar.
Perguntas rápidas
Quais são as músicas que não podem faltar na tua playlist?
Todos os álbuns da Taylor Swift, Gracie Abrams e Maisie Peters.
Qual é o teu maior guilty pleasure?
Chocolate, Kinder e o meu snack antes de dormir.
Qual é o filme ou série da tua vida?
Eat, Pray, Love é daqueles filmes que posso ver constantemente. Já a série da minha vida é, sem hesitar, Gilmore Girls. Contudo, também adoro Friends [risos].
Que pessoa ou personalidade mais te inspiram?
Uma pessoa que não tem medo de viver a vida, de se divertir, de arriscar e que não se importa com a opinião dos outros.
Qual é o teu lugar predileto?
Lisboa. Adoro perder-me pelas ruas e ir ter a um beco. Adoro caminhar sem rumo, conhecer tasquinhas e ouvir as conversas entre os vizinhos e as pessoas. Sou completamente fascinada pela nossa capital.