Selo Escola SaudávelMente: Entrevista à Escola Gago Coutinho
O Selo “Escola SaudávelMente” – Boas Práticas em Saúde Psicológica, Bem-Estar, Sucesso Educativo e Inclusão, pretende reconhecer e distinguir as escolas de Portugal, cujas políticas e práticas educativas, demonstram um compromisso forte e efetivo com a promoção do desenvolvimento da aprendizagem, da inclusão e da saúde psicológica de toda a comunidade educativa. A Mais Educativa começou um roteiro por todo o país, para conhecer estas escolas premiadas e o caminho que as levou até esta distinção.
Começamos pela Escola Secundária de Gago Coutinho, localizada em Alverca, inaugurada a 22 de outubro de 1969. Esta foi uma das escolas que foi premiada com este selo e nós fomos descobrir qual foi o conjunto de práticas que levaram a esta distinção, através do Diretor Sérgio Amorim.
Enquanto instituição de ensino, qual é a principal missão e valores que pretendem transmitir aos alunos e docentes?
A nossa principal missão é, de facto, ser uma escola pública que dê resposta a todos os alunos da comunidade, que seja uma escola inclusiva, no sentido de trabalharmos com os mesmos alunos, independentemente da sua origem ou das suas capacidades.
Tal como os professores, também queremos que se sintam bem na escola, se integrem bem, que gostem de cá estar. Tentamos sempre respeitar as opiniões de todos, de forma a promover um ambiente de harmonia.
Em relação aos encarregados de educação, a associação de pais é algo que valorizamos muito, temos uma boa relação uma vez que estamos sempre disponíveis e interessados na sua participação.
Foi-vos atribuído o Selo “Escola SaudávelMente”, de que forma incentivam a divulgação da política de boas práticas, no que respeita à promoção da saúde psicológica, do bem-estar e do sucesso educativo?
A nossa candidatura partiu de uma iniciativa do SPO (Serviço de Psicologia e Orientação). Nós candidatámo-nos, sobretudo, devido à nossa preocupação para com o desenvolvimento, a aprendizagem e, sobretudo, a saúde psicológica de toda a comunidade escolar.
Neste sentido, temos vários projetos de intervenção na escola, promovidos pelas psicólogas, que se dirigem às salas com o intuito de sensibilizar os estudantes.
Na orientação vocacional, dinamizamos sessões com todas as turmas de 10º e 11º ano dos cursos científico-humanísticos e também do 1.º e 2.º anos dos cursos profissionais. No fundo, os temas passam pelo “conhecimento de si próprio”, “acesso ao ensino superior” e “ofertas pós-secundário nas tomadas de decisão e projetos futuros”.
Relativamente ao 12º ano, o acesso ao ensino superior é sempre uma preocupação muito grande. Incentivado pelo Ministério, temos o programa de mentorias “Implementar Programas de Mentorias entre Pares”. No qual, os alunos interessados, são contactados pelo psicólogo, fazem um conjunto de testes e uma entrevista e no fim, ajudam outros alunos com mais dificuldades. Isto está direcionado para o desenvolvimento de competências de relacionamento pessoal, interpessoal e académico.
Por norma, as escolas procuram promover uma inter-relação entre a família, os alunos e a escola. De que modo é gerida e estabelecida a relação e a comunicação entre Encarregados de Educação, alunos e professores?
Nós somos uma direção com as portas abertas. Normalmente a associação de pais, ou algum encarregado de educação, quando pretendem algo, falam com os diretores de turma ou com a direção diretamente e obtêm uma resposta com a maior brevidade possível. É a primeira escola em que a associação de pais sente que sempre que pede alguma coisa, nós concretizamos. Consideramos isso fundamental, porque pretendemos transmitir segurança.
Foi a primeira vez que vos foi atribuído este selo? Qual pensa ter sido o elemento chave para essa distinção? Quais foram as medidas adotadas que valeram esta atribuição?
Tem a ver com a questão de termos um conjunto de atividades destinadas a promover uma escola saudável. Foi o culminar destas atividades, que levou a atribuição do selo. Destacamos o PES, porque consideramos que tem muitas resistências por parte das escolas e como tal, tem um papel fundamental.
“A nossa principal missão é, de facto, ser uma escola pública que dê resposta a todos os alunos da comunidade, que seja uma escola inclusiva ”
Existem outros selos que podem ser conquistados. Está nos vossos objetivos a curto prazo conquistar novos selos? Quais?
Nós candidatamo-nos à maior parte dos selos. Temos cerca de três ou quatro, como por exemplo, o do bullying. Quando achamos que temos condições e que é uma marca importante para a escola, acreditamos que é um incentivo para os professores.
É importante perceberem, que isto não é só uma iniciativa da direção é, sobretudo, dos professores que acham que faz sentido concorrer a este tipo de selos. Felizmente temos conseguido conquistar alguns.
“A escola não é só a questão académica, não é só dar aulas ”
As escolas têm vindo a implementar um plano global de promoção da Saúde Psicológica Escolar, que visa aumentar os fatores de proteção da Saúde Psicológica e sucesso educativo. De que modo tem decorrido a promoção e combate às doenças mentais junto dos vossos alunos na Escola?
No âmbito da prevenção, temos sessões de promoção da saúde mental e autorregulação das emoções para todas as turmas do 10º ano e 1º ano dos cursos profissionais. O SPO, neste caso, vai às salas e fala com todos os alunos, fazendo a promoção sobre o combate às doenças mentais.
Este ano temos um novo projeto, dinamizado pela Doutora Margarida Gaspar de Matos, que no fundo consiste em dar formação aos professores e às psicólogas, no sentido de implementar, também neles, competências socio-emocionais.
O bem-estar dos professores é uma das nossas prioridades, queremos que se sintam bem e apoiados, consideramos que é fundamental para o estado psicológico das pessoas.
O SPO ainda intervém no apoio psicológico e psicopedagógico aos alunos. Qualquer aluno que é identificado com problemas, as nossas psicólogas intervêm. Existe a questão da orientação vocacional, nós, sendo só uma escola secundária, ou seja, todos os alunos que vem para o 10º ano são alunos novos, que escolhem os seus cursos sem saber bem o que realmente querem.
Normalmente, as psicólogas acabam por dar apoio, fazendo testes psicotécnicos a quem sente essa necessidade e encaminham os alunos, se necessário, mediante o que está disponível na escola.
O SPO depois também faz uma articulação com os diversos intervenientes como hospitais, centros de saúde, CPCJ, IEFP, a Escola Segura. Existe sempre contacto com estas instituições, no sentido de ajudar os alunos que necessitem de apoio. Há também uma articulação com os pais, encarregados de educação e toda a comunidade.
Valorizamos muito o projeto PES, temos, inclusive, uma enfermeira que vem à escola uma vez por mês e que dá apoio, sobretudo aos alunos com necessidades específicas como epilepsia, diabetes tipo 1, alergias alimentares, etc.
Depois as áreas de intervenção do PES, incidem também na educação alimentar, na atividade física, no consumo de dependências e, principalmente, na saúde mental. Estes temas são abordados através do Parlamento dos Jovens, na biblioteca escolar, como uma forma de incentivar e alertar os alunos.
Relativamente à educação sexual, todas as turmas têm 16h de formação por ano, realizada por diferentes professores, portanto, são feitas as abordagens que os professores entendem que são importantes, de acordo com o nível etário dos alunos.
Em situações de bullying, para além de falar com os alunos, também pedimos à Escola Segura para intervir através de sessões de sensibilização.
Por fim, temos ainda uma sessão intitulada o “Namoro não é guerra” que contempla sessões sobre a temática da violência no namoro.
Enquanto diretor, o que pretende manter, melhorar e inovar na ESGC de modo a conseguir renovar o Selo Escola SaudávelMente?
A ideia é ir melhorando estes aspetos. É importante que os professores e funcionários sintam que isto é fundamental. A escola não é só a questão académica, não é só dar aulas.
É crucial que nas escolas, este tipo de atividades seja cada vez mais valorizado. Nós pretendemos que a escola não seja apenas um espaço para dar formação, mas onde também se fornecem ferramentas cívicas e de todas as áreas.