Pequena, divertida, preocupada em agradar o seu público e adora surpreender! É assim que Bárbara Tinoco se descreveu na conversa que teve com a tua Mais Educativa, na qual quisemos saber mais novidades sobre o que está a preparar para os concertos no Super Bock Arena, nos dias 25 e 26 de março e no Campo Pequeno a 22 de abril.
Cresceste rodeada de música, na loja de instrumentos que é um negócio de família. De que forma é que esta fase da tua vida influenciou o teu caminho?
Faz parte da minha identidade…. Cresci rodeada de instrumentos, com uma guitarra em todos os cantos da casa. Na minha família, os meus avós, um era poeta e o outro cantor. Do lado do meu pai, toda a gente sabe tocar um instrumento e gosta de música, portanto, eu sou aquela filha óbvia que tem bem a quem sair.
Quando ingressaste na licenciatura de Ciências Musicais, que sonhos trazias na mochila?
O que eu queria fazer quando estava na faculdade era escrever jingels para anúncios televisivos, é uma coisa que eu adoro fazer. Eu gosto de me divertir a fazer música e sinto-me muito desafiada, quando me perguntam se consigo colocar uma palavra super esquisita numa canção. Os projetos mais divertidos que fiz foram jingels, portanto, este era um sonho que fazia sentido.
E dessa fase, quais os sonhos que ficaram para trás?
Nenhum. Eu não deixo nada por fazer! Eu penso: “Já que estou a ter esta oportunidade e esta sorte, vou agarrá-la e fazer tudo a que me proponho!” Agora tenho sonhos novos que espero também cumprir, claro!
Participaste no The Voice Portugal 2018 e não passaste na prova cega. No momento em que soubeste que não ias avançar na prova, o que é que pensaste ou sentiste?
Não pensei nada. Eu fui ao The Voice para perceber se tinha jeito para isto, se este era só um sonho ou se era algo para avançar. Precisava desta confirmação e o universo gritou comigo e eu decidi ouvir (risos).
Três anos depois, em 2021, ganhas o Globo de Ouro de Melhor Intérprete. De algum modo, aquele momento em 2018 deu-te força para conseguires conquistar este prémio?
Não sei se me deu força, mas deu-me o melhor manager do mundo que já não é nada mau! (risos) Deu-me também a melhor agência do mundo que trabalha tudo comigo, ajudam-me a concretizar todos os sonhos que eu tenho, e isso foi a melhor coisa que me aconteceu, na verdade. Quando eu ganhei esse prémio, estavam também nomeados a Carolina (Deslandes), o Dino (D’Santiago) e o Camané, por isso, eu não estava mesmo nada à espera de ganhar! Basta ver a cara que eu faço quando oiço o meu nome…
Fiquei com um pouco de vergonha de ter sido eu a ganhar aquele prémio, porque entre todos os nomeados, eu achava que era a que menos merecia.
Nunca pensei em mim como uma grande intérprete, vejo-me apenas como alguém que, por acaso, escreve canções e, por acaso, canta, mas não como uma grande intérprete. Depois deste momento de surpresa, comecei a pensar sobre as pessoas que ganham prémios e percebi que, às vezes, as pessoas que ganham prémios são as que precisam mais e não as que merecem mais.
Por algum motivo, por razões que muitas vezes nem sabemos, quem ganha são as pessoas que precisavam mais naquele momento daquele reconhecimento. Só quando eu ganhei aquele prémio é que senti: “A partir de agora sou uma artista. Ganhei este prémio!” Eu tinha acabado de aparecer e se calhar precisava mais daquele prémio, do que os restantes nomeados que já eram muito reconhecidos pelo público. Portanto, obrigada à SIC e aos Globos de Ouro por me terem dado este prémio que eu tanto precisava.
Participaste no Festival da Canção 2020, ao lado de Tiago Nacarato e conquistaram o segundo lugar. Agora, recebeste o convite para participar no Festival da Canção 2023. Qual é a sensação de participar nesta competição com uma canção que pode vir a representar o nosso país?
Eu gosto imenso do Festival da Canção, sempre gostei do conceito, mas aquilo é muito intenso para mim! Eu sou uma pessoa que se o público gostar, ok, se não gostar, paciência, eu não fico chateada, mas o Festival da Canção é muito agressivo.
Para ser sincera, não estava com muita vontade de voltar, pensei: “Para que é que eu vou voltar a levar com comentários de ódio, se eu até não levo assim com tantos, a menos que sejam engraçados e com esses eu também me rio!” Mas, o meu manager queria muito que eu fosse e nós trabalhamos em equipa, o que implica fazer cedências, por isso aceitei, “Bora lá!”.
Este ano, decidi trazer uma canção diferente, e isso também faz parte da minha essência, se eu fizer sempre a mesma coisa daqui a cinco meses ninguém me ouve, já estamos todos fartos das mesmas baladas! Esta é mais uma música, mas desta vez em inglês para dar um toque diferente e espero que as pessoas gostem, mas se não gostarem não há problema, mas não me ataquem! (risos).
“O alinhamento dos concertos também vai ser diferente, mas eu não desiludo o público. Mantenho-me fiel ao que as pessoas gostam, incluindo, claro, canções novas para a malta desenjoar.”
A questão do ódio nas redes sociais é muito abordada por pessoas com uma maior exposição mediática. Nas tuas redes sociais costumas ser muito atacada?
Não, mas também não me ponho a jeito para ser criticada. Toda a gente sabe que tocando em determinados assuntos, se está mais suscetível para ser mais criticada e atacada.
No primeiro post que eu fiz sobre questões LGBT, a minha mãe mandou-me logo uma mensagem a dizer que não preciso de partilhar a minha opinião sobre estes assuntos e para não me por nestas coisas, mas eu sou uma menina “super LGBT”, muitos dos meus amigos são gays, portanto claro que não há hipótese de não falar sobre isto.
Sabia que ia ser criticada, mas paciência, eu quis fazer. Há outros assuntos sobre os quais me reservo, aliás aprendi na minha família que não se deve falar de religião, política e futebol. A minha primeira rede social são os domingos em família, portanto, eu aprendi que há coisas sobre as quais não se deve falar… se na minha família não dá, imaginem numa rede social (risos)!
Para além de cantora, és também compositora. O que é que te inspira a escrever? Conta-nos um bocadinho do teu processo criativo.
O processo funciona de uma forma muito natural. Por exemplo, no meu novo disco existe uma canção chamada “Tudo menos indiferente” e esta é uma canção mais pensada, a letra basicamente diz: “Quero ser imensas coisas más, – e eu pensei em coisas más giras para pôr na canção -, mas para ti, prefiro ser todas estas coisas más do que ser indiferente.” e esta é uma canção mais pensada.
A “Tragédia” do meu disco anterior também, eu queria dizer coisas, tinha frases guardadas que eu queria colocar numa canção e, por isso, este processo acaba por ser mais pensado. Depois há outras que são naturais como a “Chamada” em que senti que já sabia exatamente o que queria dizer.
Acho que comigo existem estes dois processos: Um mais criativo, quando eu quero muito fazer uma coisa e outro em que as coisas saem de mim, tão naturalmente como se estivesse a respirar.
No teu ep “Desalinhados” contas com várias colaborações. O que é que estas colaborações acrescentam à tua música e te acrescentam enquanto artista?
Eu sou uma artista que gosta de compor coisas diferentes e em estilos diferentes, e no projeto “Desalinhados” sou sempre eu a escrever num estilo que não seria o meu e eu gosto desse desafio. A verdade é que eu fiz as canções e depois pensei: “Isto não é muito eu, mas eu gosto das canções. Por isso, ‘bora gravar isto com alguém com quem faça mais sentido.”
O segundo “Desalinhados” está a surgir um pouco dessa forma, por isso acho que as colaborações acrescentam sempre imenso. Gostava de gravar canções com toda a gente, mesmo que a música não saísse, aprende-se sempre imensas coisas.
Eu gosto de entrar numa sala e conhecer imensas pessoas e ser amiga delas. Somos tão pequeninos em Portugal que mais vale sermos todos amigos.
Há alguém com quem queiras muito compor ou gravar uma canção, mas que ainda não o tenhas conseguido fazer?
Tenho uma lista de desejos! Quando eu achar que apareceu a canção certa, convido toda a gente. No hip-hop gostava de trabalhar com imensas pessoas como o Bispo, Plutónio, Wet Bed Gang… Depois, Claúdia Pascoal, Sara Correia, Ana Moura… O Miguel Araújo, claro, mas com ele quero fazer a canção certa e ainda não a fiz, somos colegas de agência e estou a guardar este momento para uma canção épica!
Os Quatro e Meia que também são meus colegas de agência e estou também a guardar o momento. Antes de morrer, com Os Quatro e Meia e com o Miguel Araújo tenho de fazer uma colaboração! Fica aqui escrito.
2023 vai ser um ano em cheio! Vais percorrer o nosso país de norte a sul e vais subir ao palco de duas das mais imponentes salas de espetáculos nacionais, o Super Bock Arena e o Campo Pequeno. Quais são as novidades que os teus fãs podem esperar deste ano?
Montei um concerto todo novo, o que me deixa mega orgulhosa! Estou muito entusiasmada. O cenário é novo, as dinâmicas também… Quem viu a minha tour no ano passado, não vai ver o mesmo concerto este ano, não tem nada a ver.
Eu sinto que ninguém vai sair do espetáculo sem ficar surpreendido! Vou lançar um segundo disco, estou numa fase um pouco insegura ainda, vai ter muitas músicas novas que eu adoro e estamos em processo de o completar. Aquelas canções que eu já tenho escritas, deixam-me muito orgulhosa e muito entusiasmada, mas ainda falta compor algumas para me sentir totalmente feliz com este novo disco. Esperem ser surpreendidos que é esse o meu objetivo!
Entre todos os temas que já lançaste ou escreveste, há algum que seja mais especial ou sentes que cada tema é único e especial na sua própria medida?
Eu sou uma artista muito dependente do seu público. As canções mais especiais para mim são as que o público tornou mais especiais. Normalmente, antes de o público gostar, nem sou a maior fã das minhas canções, preciso muito dessa aprovação. Acontece também gostar imenso de uma canção, mas mais ninguém gosta e depois o contrário, não gostar assim tanto, mas o público adora e penso: “Pronto, ok, lá terá de ser”.
Agora as mais especiais não sei, os singles de certeza e depois gosto muito de “Se o mundo acabar”, e acho que são assim as mais especiais. Mas, na verdade a minha preferida é sempre a última que eu escrevi!
Bárbara como é que te descreverias enquanto mulher, música e compositora para alguém que não te conhecesse?
Enquanto mulher sou muito pequena, muito divertida – é um bocado estranho dizer isto sobre mim mesma, mas cada um sabe os seus pontos fortes e fracos, este é um ponto forte meu. Enquanto artista, sou uma pessoa preocupada em agradar quem me ouve e que gosta de surpreender e vão haver muitas surpresas este ano. Como artista, enquanto me quiserem ouvir, eu quero fazer muitas coisas diferentes, quero mesmo aproveitar esta oportunidade ao máximo. Preparem-se, porque nos próximos dois anos vou fazer muitas coisas e aproveitar a oportunidade que vocês me dão para fazer coisas novas e surpreender. Por isso, muito obrigada a vocês que estão desse lado, que gostam do meu trabalho, das minhas canções.
Em tudo aquilo que eu faço, dou 100% de mim para que saiam de todos os meus espetáculos a dizer: “Adorei, nem gostava de Bárbara Tinoco, obrigaram-me a vir, mas valeu a pena, adorei, se não gostas, também devias ir!”