Entrevista: A primeira rede de centros de ensino de tecnologia e programação, marca presença na futurália com palestra e workshop
Ainda não conheces a Happy Code? É a primeira rede de centros de ensino de tecnologia e programação do país, que tem como objetivo formar cidadãos críticos, participativos, empáticos, pensadores e criadores do século XXI, que colaborem para o desenvolvimento humano, social e económico.
A Happy Code vai estar presente na Futurália, entre os dias 22 e 25 de março com um workshop e palestras sobre os programas de tecnologia e empreendedorismo: Technovation Girls e APPlica-te. Para saber mais sobre o que a Happy Code tem para preparado para estes dias de evento, fomos conversar com Pedro Teixeira. Vem connosco!
1. Como surgiu, em Portugal, a Happy Code, esta escola de tecnologia e programação que já é uma referência global?
A Happy Code iniciou a sua operação em Portugal em fevereiro de 2017, sendo a primeira rede de centros de ensino de tecnologia e programação no país. Num primeiro momento a operação consistiu em um espaço físico em Lisboa (Campo de Ourique) oferecendo cursos de tecnologia em regime extracurricular, e durante as férias letivas. Ao final de 6 meses, já tinham sido abertos 8 espaços físicos em diferentes zonas do país, e o programa de ensino Happy Code entrou também nessa altura em escolas.
O grande ponto de diferenciação da Happy Code, passa pela abordagem metodológica ao ensino de tecnologia. Esta na verdade não é um fim apenas, mas sim, uma ferramenta de desenvolvimento de competências do século XXI. Toda a metodologia Happy Code se baseia, portanto, em ensinar competências técnicas com o objetivo de levar os alunos a criar soluções tecnológicas para problemas que lhe são apresentados, e programar as suas soluções para ter um produto tecnológico final. Esta metodologia é aplicada em diferentes plataformas de programação e linguagens, dos 5 aos 17 anos.
Desde a criação da Happy Code Portugal, a nossa atividade já impactou mais de 20.000 alunos com idades entre os 5 e os 17 anos.
2. Numa era em que o uso da tecnologia se massificou, de uma maneira global, junto de todas as faixas etárias, com maior incidência, nas mais baixas, porque é que é importante dotar os mais novos com conhecimentos e literacia digital?
A nossa missão é contribuir para a formação de cidadãos críticos, participativos, empáticos, pensadores e criadores do século XXI, que colaborem para o desenvolvimento humano, social e económico.
Como a tecnologia digital está presente em todo o lado na sociedade atual e condiciona também a sua própria evolução, e como a programação é uma boa ferramenta para fortalecer processos de raciocínio lógico importantes para estruturar o pensamento, escolhemos desenvolver a nossa missão dentro destas áreas.
É essencial que as crianças e jovens compreendam como funciona a tecnologia digital, como a utilizar de forma refletida e segura, sendo capazes de participar na discussão e construção do seu futuro. Trabalhamos igualmente para que possam ser tanto consumidores conscientes, como produtores responsáveis de tecnologia.
Interessa-nos também o futuro do mercado de trabalho e, tendo em conta que muitas das crianças de hoje terão empregos que ainda não foram criados, que desconhecemos hoje, queremos que se preparem desde cedo para ser capazes de resolver problemas, ter autonomia nos seus próprios processos de aprendizagem e persistir na superação de desafios.
Sendo que acima de tudo, o que queremos é crianças felizes, que se transformem em adultos confiantes que integram, tanto na sua vida pessoal como profissional, competências técnicas e socio-emocionais que lhes permitam ter a melhor qualidade de vida possível.
3. Na vossa atividade diária, quais são as principais lacunas que identificam nas crianças e jovens e de que modo as procuram colmatar?
É importante expor desde cedo as crianças e jovens a diversas experiências, adequadas à sua idade, que lhes permitam contactar com diferentes vertentes da tecnologia, o que pode ser feito canalizando os seus interesses, curiosidade e criatividade, preferencialmente interligando com as artes (como a música, animação, vídeo, desenho…).
A multi e a interdisciplinaridade devem ser incentivadas de forma a criar relações entre o que é aprendido, em áreas do saber que geralmente são apresentadas de forma segmentada. A tecnologia digital deve servir como base de agregação, sendo assim trabalhada de forma mais frequente e transversal.
Outro aspeto que funciona muito bem com crianças mais pequenas é utilizar atividades e projetos de curta duração e rápida recompensa, em termos de se ver algo a acontecer em pouco tempo, para estimular interesse e sensação de competência, o que permite depois persistir nos desafios seguintes. A utilização de metodologias ativas que apostem no fazer, dando confiança às crianças de que têm poder para criar o que quiserem, desde que se esforcem para isso, é outro dos pontos a destacar.
Outra vertente essencial é trabalhar sentido crítico e pensamento computacional desde cedo, para que se torne parte integrante da vida destas crianças. Estamos a falar de desenvolver a capacidade de dividir um sistema complexo em partes mais pequenas e mais simples, a capacidade de identificar padrões, a aptidão para extrair a informação pertinente de um conjunto maior de dados, e a capacidade de definir sequências de passos para resolver um problema.
A questão da cidadania digital, em termos de saber adotar comportamentos seguros e éticos, de respeito por si e pelos outros, no mundo digital, é também um ponto essencial para investir desde cedo.
4. Na Futurália vão dinamizar uma palestra sobre Programas de tecnologia e empreendedorismo nas escolas: Technovation e APPlica-te. Em primeiro lugar, em que consiste o Technovation Girls?
De forma simples, o Technovation Girls é o maior desafio mundial de educação tecnológica, que capacita raparigas dos 8 aos 18 anos a tornarem-se líderes na identificação e criação de soluções para problemas comunitários. Trata-se de um projeto sem fins lucrativos, está aberto à participação e colaboração de todas as escolas, empresas, municípios, bem como profissionais que tenham interesse em inspirar alunas através de programas de mentoria. O programa Tecnovation Girls é totalmente gratuito e aberto a todas as raparigas dos 8 aos 18 anos.
Em Portugal, a Happy Code é responsável pelo programa Technovation Girls desde o ano 2021-2022. Nesse primeiro ano, participaram no programa quase 300 raparigas, bem como dezenas de mentoras e mentores, profissionais em empresas. Os resultados de todo este trabalho foram fantásticos, tendo 5 equipas portuguesas atingido as meias finais mundiais do Technovation Girls, e 1 equipa chegou à final mundial, sendo apenas 1 de 4 finalistas na sua divisão.
5. Porquê criar um programa destinado apenas a raparigas?
Se olharmos especificamente para Portugal, as Tecnologias da Informação e Comunicação, imprescindíveis em todos os sectores da sociedade, são um campo importante onde as mulheres estão sub-representadas. Por exemplo, se virmos dados de 2020 da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, as mulheres constituíram apenas 20% dos diplomados no ensino superior em TIC em Portugal, e 22% das pessoas empregadas especialistas nestas áreas. As mulheres representam atualmente apenas 28% dos recursos humanos em atividades de investigação e
desenvolvimento nas áreas das ciências da engenharia e tecnologia. Isto significa uma participação desigual e insuficiente em áreas fundamentais para o desenvolvimento e sustentabilidade sociais e económicos no nosso país.
E atenção que não digo que os números tenham de chegar a 50% de representatividade de género em todas as áreas. Pode haver de facto interesse distinto em certas situações e isso não terá de ser uma coisa necessariamente má, pode ser que, por exemplo, haja mais mulheres a gostar de Biologia e mais homens a gostar de Engenharia Eletrotécnica, ou vice-versa, e que sejam ambos felizes nessas escolhas. É preciso é que exista uma real liberdade de acesso, de escolha e de usufruto, tanto em termos profissionais como pessoais, sem condicionamentos.
E existiu durante muitas gerações, e existe ainda hoje em dia, condicionamento social e estereotipagem de género que afeta desde a infância as escolhas e limita a ação e os papéis assumidos. No que se espera que sejam as características femininas, na forma como se educa para enaltecer certos comportamentos e reprimir outros, nas expectativas das escolhas profissionais e pessoais, na falta de modelos e visibilidade de mulheres em certas áreas e funções, e até em aspetos mais graves como assédio e discriminação.
Isto afeta de forma negativa tanto mulheres como homens, ambos sofrem com as construções sociais de género que estimulam e perpetuam desigualdade, embora geralmente de formas distintas.
6. Em que irá consistir o Workshop? O que pode o nosso público feminino esperar do mesmo?
Durante a Futurália iremos dinamizar um workshop, cujo intuito será mostrar como é possível a qualquer rapariga identificar problemas na sua comunidade, e gerar ideias para resolver esses problemas. Esta sessão, pretende assim juntar raparigas em torno de um caminho de resolução de problemas da sua comunidade, levando-as passo a passo, a identificar problemas, explorá-los, e com isso chegar a ideias de negócio para desenvolver. Este é o primeiro passo no empreendedorismo, e também o primeiro passo para a participação futura no maior programa mundial de tecnologia e empreendedorismo para raparigas, dos 8-18 anos – o Technovation Girls. O workshop contará com a participação de ex-participantes portuguesas do Technovation Girls, mentoras do projeto, mas será sobretudo uma sessão prática. No final as participantes terão uma ideia de problema que poderão transformar em ideia de negócio e participar no concurso mundial.
O workshop será aberto a alunas dos 8-19 anos interessadas em entrar neste mundo da geração de ideias para melhorar o mundo, e terá a duração prevista de 2 horas. Trata-se de um workshop realmente “mão na massa”.
7. Relativamente ao APPlica-te, como surgiu e em que consiste?
O Applica-te é um concurso de ideias para os alunos do 7.º ao 12.º ano, que pretende estimular o espírito criativo e empreendedor dos jovens. Trata-se de um concurso organizado pela Nova IMS, e divide-se em 2 divisões: 3º ciclo e Secundário. Está aberto a todos os participantes interessados.
8. Na vossa palestra vão incidir sobre a implementação destes dois programas nas escolas. No vosso dia a dia trabalham em paralelo com as escolas?
A palestra que está prevista na Futurália tem por objetivo apresentar os programas Technovation Girls, e APPlica-te, a professores, para que estes liderem as tuas turmas para a participação ativa nos programas.
No dia-a-dia, trabalhamos já ativamente com dezenas de escolas, quer as escolas em que, enquanto Happy Code, já estamos a trabalhar em programas curriculares, com todas as restantes escolas que demonstram interesse em participar nos programas em questão. O objetivo que temos é, obviamente, que mais escolas adiram a estes programas de promoção da tecnologia, criatividade, geração de soluções e ideias, e colaboração entre pares e mentores, para desenvolver fortes competências socio-emocionais e de empreendedorismo nas alunas e alunos.
9. Qual deve ser o papel da escola nesta missão de promover o empreendedorismo e as tecnologias junto dos jovens?
As escolas são fulcrais nesta missão, através do desenvolvimento de metodologias ativas no ensino, ensinando as crianças e jovens a identificar e solucionar problemas reais, com aprendizagem baseada em projeto, em total colaboração e interdisciplinaridade. Em específico sobre os programas Technovation Girls e APPlica-te, o papel das escolas, e principalmente dos professore, na informação, motivação e, inclusive, na mentoria para equipas de projeto é fundamental para o sucesso dos programas.
10. Porque é que os nossos leitores devem assistir à palestra e participar no workshop? O que podem adiantar, desde já, sobre estas ações, para lhes despertar a curiosidade?
Como referido, a palestra para professores será dinâmica, dedicada ao tema da implementação de 2 programas de empreendedorismo, tecnologia e inovação social: estes programas são o Technovation Girls, o maior desafio de tecnologia e empreendedorismo para raparigas dos 8-18 anos, a nível mundial; e o APPlica-te, uma iniciativa nacional liderada pela Universidade Nova IMS, e que é um concurso de ideias para os alunos do 7.º ao 12.º ano, que pretende estimular o espírito criativo e empreendedor dos jovens. Esta sessão trará informação e ferramentas para que os professores possam de forma simples implementar os programas nas suas turmas, e com isso desenvolver competências e curiosidade nos seus alunos. No final a Happy Code irá oferecer um minicurso da Academia de Mentores Coding Online a professores cujas turmas se comprometam a participar nos programas.
Relativamente ao Workshops, e não repetindo as informações já indicadas no ponto número 6, este terá várias fases e que pretendem seguir um processo dinâmico. A saber:
· 40min de Apresentação e testemunhos Technovation Girls
· 45min de Ideação em Grupo (com ferramentas e canvas)
· 30min de Pitch de Ideias
· Fim
No final, a Happy Code irá oferecer um curso de programação de Apps às turmas de professores que se comprometam a participar no Technovation Girls 2024, e pretendam desenvolver a sua ideia de negócio e transformá-la em app.
Consulta aqui o planeamento e horários da Palestra e Workshop:
- Palestra TECHNOVATION + APPLICA-TE – Lounge dos Professores – Pav. Multiusos – 23 de Março – 11h00 – 12h00 – Entrada livre
- Workshop TECHNOVATION GIRLS – Lounge Futurália – Pav. 1 – 24 de Março – 10h30 – 12h00 – Inscrição de alunos em futuralia@ccl.fil.pt