ADN Escolas: Escola Secundária Filipa de Vilhena
A Mais Educativa rumou até à cidade invicta, o Porto, com destino à Escola Secundária Filipa de Vilhena, para uma conversa com a diretora Maria José de Figueiredo Tavares que nos deu a conhecer o projeto educativo e os valores de um ensino de inovação que constroem a marca – orgulhosamente – Filipa.
ME- Quais são os valores e a missão da Escola Secundária Filipa de Vilhena que a tornam única?
MJT- Estamos, neste momento, a proceder à reformulação do nosso projeto educativo, no entanto, os valores assentam na continuidade, nomeadamente no compromisso da escola relativamente ao sucesso dos alunos e à qualidade desse sucesso. É a nossa responsabilidade. Tentamos também incutir nos alunos a integridade e, através do que fazemos, induzir a capacidade de reflexão face, quer ao próprio percurso do aluno, quer ao mundo que o rodeia. Portanto, não é uma escola virada para dentro. É uma escola virada para fora, para a sua comunidade, para o país e para o mundo em geral. É uma escola voltada para as grandes questões que nos preocupam neste momento, que serão um complemento à formação dos jovens, através do exercício de uma cidadania ativa e responsável com o envolvimento dos alunos ao seu percurso curricular formativo e escolar e também na participação social.
Os alunos estão envolvidos em vários projetos, portanto, há aqui uma perspetiva muito humanista e holística da educação, ao mesmo tempo que proporcionamos uma visão integrada de ser cidadão. Temos a preocupação de uma cidadania ativa, desde muito cedo, como compromisso nas várias questões humanas, sociais, políticas e culturais. Esta perspetiva, no nosso entender, faz parte de um sentido de pertença que reforça a qualidade das práticas e do quotidiano da escola, porque a Escola é muito mais do que o currículo e as matérias curriculares.
ME- Estão inscritos na Secundária quantos alunos?
MJT- Neste momento, estão inscritos um total de 1100 alunos, divididos por 45 turmas e distribuídos pelas várias áreas e ainda o Curso Profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informático
ME- Pode ler-se no vosso site “Para além da formação científica e tecnológica, procuramos desenvolver valores como a solidariedade e a tolerância, a responsabilidade e o rigor” de que forma é que transmitem estas competências aos estudantes?
MJT- É, no fundo, uma transversalidade de conhecimentos e saberes, uma fluidez de formação que, por um lado, se centra no rigor das aprendizagens, mas também é centrada na aquisição de competências a vários níveis: pessoais, sociais e culturais, bem como nos valores de cidadania.
ME- A história da Secundária Filipa de Vilhena remonta para o ano de 1898, certamente, há um passado que não se quer esquecer. De que forma fazem essa preservação, ao mesmo tempo em que apostam na inovação?
MJT- Há aqui uma marca de ser Filipa, pertencer “a Filipa e ter orgulho de ter sido Filipa” e que é transmitido até para o exterior. É este o sentimento de pertença que fica. O novo projeto é baseado no legado, na herança da Escola e desse peso de grande responsabilidade, para um horizonte de quatro anos, adaptado aos novos tempos.
ME- A história da Secundária Filipa de Vilhena remonta para o ano de 1898, certamente, há um passado que não se quer esquecer. De que forma fazem essa preservação, ao mesmo tempo em que apostam na inovação?
MJT- Temos como pilares o estímulo dos valores, do respeito pelo passado, por este legado e pela tradição, que vai reforçando o sentido de pertença, de autoestima e do autoconceito dos alunos que andam na Escola Filipa de Vilhena. Ao mesmo tempo que integramos as próprias comunidades nesta unidade educativa, reconhecida e com peso institucional, ela projetar-se -á na própria auto-imagem do aluno. Estabelecemos a ponte do presente para o futuro, numa perspetiva de ensino aberto, com espaços fluídos, já que se sai muito da sala de aula para trabalhar, com as parcerias, com as universidades, nas instituições de Ensino Superior, por exemplo, em laboratórios no Instituto de Ciências Biomédicas, um dos nossos parceiros, onde os alunos desenvolvem projetos no âmbito da ciência e investigação.
A ligação da academia e de outras instituições externas dá esta dimensão futurista, alargada e moderna, no sentido de posicionamento da própria Escola.
ME- Para além do regresso à normalidade, este regresso às aulas traz várias novidades, sobretudo no que diz respeito à educação digital, com os manuais digitais. Quais têm sido os esforços do corpo docente para implementar uma oferta formativa cada vez mais voltada para a tecnologia?
MJT- Sempre foi uma preocupação da escola esta ligação ao digital, prova disso é o Curso Profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos. Os instrumentos digitais são usados já há muitos anos na sala de aula que estão equipadas com projetores e computadores. Os alunos também podem utilizar o seu computador portátil para as aulas. Procedemos à distribuição aos alunos, em regime de comodato, computadores, bem como ligações à internet e auscultadores. Portanto, cada aluno e cada professor têm direito ao empréstimo de um computador para seu uso. Temos ainda a preocupação de fornecer guiões de apoio para a correta utilização da internet e fazemos tutoriais internos. Sendo uma intervenção alargada, temos uma equipa que coordena todo este processo, equipa PADDE. No âmbito do Projeto de Desenvolvimento Pessoal Social e Comunitário, disponibilizamos uma técnica de informática que trabalha esta dimensão, juntos dos alunos e das famílias. Fazemos formação para os pais, nomeadamente no que se refere à utilização da nossa plataforma. Todos os pais têm acesso a um e-mail institucional da Escola e ainda potenciamos a utilização de outras ferramentas virtuais, para além do Office 365 que utilizamos, como o Teams, por exemplo. Queremos que as pessoas sejam dotadas destas competências de utilização massiva, sendo que já estão previstas a realização das provas de aferição em formato digital e os manuais digitais, iniciativa do Ministério da Educação.
A própria biblioteca escolar está dotada de um conjunto de ferramentas, como computadores e câmaras que podem ser emprestados a qualquer aluno.
Estas práticas acompanham a tal visão moderna de escola, abrangente, para que a literacia digital seja efetiva.
ME- Quais os projetos a decorrer ou que estão programados para 2022/2023 que gostaria de destacar?
MJT- Devido às circunstâncias adversas proporcionadas pela pandemia, elaborámos um plano de ação para 21/23, portanto, durante o ano passado lançamos bases para o futuro e estamos com novos projetos neste momento. É o caso da EQAVET, que se trata da Certificação de Qualidade para o Ensino Profissional; o projeto Erasmus Internacional Europeu, com parceiros estrangeiros, para nos ajudar numa certificação mais expandida territorialmente.
Temos também um outro projeto Erasmus dos estágios profissionais, destinado aos alunos do ensino profissional. É o mesmo curso, reconhecido com o certificado de qualidade Internacional, mas com outras possibilidades. Digamos que é uma grande oportunidade e um grande sinal de inclusão termos a possibilidade de levar os alunos a realizar estágio em instituições europeias.
A escola aberta com um sentido de futuro e de visão alargada. Esta universalidade que pretendemos dar aos alunos com a ligação da Escola à Sociedade que será efetiva para esses alunos, já que, para muitos, será a primeira vez que vão sair do país, que vão viajar de avião, que vão estar em contacto com diferentes valores culturais.
ME- De que forma potenciam o sucesso escolar?
MJT- Ensinamos a aprender, no que diz respeito ao currículo e ao conhecimento. Disponibilizamos o apoio de materiais para a preparação de exames e de apoio extra dos professores aos alunos nos anos de preparação para exame às disciplinas que vão ser sujeitas a provas nacionais. Temos também apoio educativo e salas de estudo em pequeno grupo, tutorias e mentorias realizados pelos alunos mais velhos. Temos o projeto Padrinhos e Afilhados, em que, para um aluno do 12º ano, há um afilhado de 7º ano. Numa perspetiva de um acompanhamento por alguém que tenha ainda uma linguagem muito próxima da deles e com interesses comuns.
Temos muitos alunos premiados. No ano passado, por exemplo, houve um concurso escolar sobre os MediAção, promovido pelas bibliotecas escolares e foi a nossa escola que obteve o primeiro prémio, com a realização de um filme em formato de banda desenhada. Recebemos muitos prémios, costumo dizer que estamos mal-habituados, mas é o resultado do desenvolvimento destas competências – anteriormente mencionadas. Desde 2018, que existe o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO), no entanto, nós já mobilizávamos essas competências antes de existir essa formalização. A nossa preocupação é, de facto, formar jovens do ponto de vista holístico, com uma formação integral e humanista com competências na área académica que escolheu, mas também na área da cidadania e de intervenção na sociedade.
Aqui o aluno tem contacto com diferentes áreas do conhecimento, diferentes experiências e com diferentes aspetos da vida social, para depois poder decidir, com maior responsabilidade e compromisso, o seu projeto de vida. Os nossos projetos são facilitadores de uma escolha e da construção de um projeto de vida.
ME- A saúde, o ambiente e sustentabilidade, a comunicação e a política têm lugar na Escola. De que forma é que os alunos se contactam com estas áreas?
MJT- Temos vários programas que gostaríamos de destacar, como é o caso do Programa Eco- Escolas que aborda áreas diferentes, associadas às questões ambientais e de sustentabilidade, pertinentes e quotidianas. Há uma perspetiva integradora, internalizamos os conceitos e aplicámo-los, portanto, esta é a preocupação de fazer com que a prática da vida quotidiana seja ecológica e sustentável. O nosso Clube de Ciência Viva foi apontado como um exemplo de boas práticas, no ano passado, e realizou-se uma reunião de sensibilização por parte do Pavilhão do Conhecimento e da Direção-Geral da Educação, aqui na nossa escola, dirigida às várias escolas do Norte do país. O nosso clube põe em prática atividades diversas no âmbito das ciências e tecnologias com o projeto “SEI”, uma colaboração entre a Câmara Municipal do Porto e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto promovendo o conhecimento e literacia científica. Temos um projeto das escolas associadas, da UNESCO, e que visa estimular para a prática de um ensino intercultural, com o fim de tornar a escola democrática e participativa. Existem outros projetos, como a Rádio Onda, a nossa rádio escolar que é mesmo efetiva e dinamizada por um professor e todos os alunos podem inscrever-se para fazer parte.
A expressão dramática dinamizada pelo Clube Máquina de Nuvens, com a produção de peças teatrais e um protocolo com o Teatro São João.
Comemoramos o Dia da Filipa, onde se expõe uma mostra de todo o trabalho realizado ao longo do ano letivo. Este ano letivo, no dia 21 de dezembro vão decorrer atividades escolares de caráter formativo. A Escola A Ler dinamizado pela nossa biblioteca, que é realmente dinâmica, um espaço muito apetecível, tanto para estudo como para outras atividades. Também realizamos atividades no âmbito do projeto Educação para a Saúde, integramos os projetos Parlamento dos Jovens e Parlamento Europeu. Estes são alguns dos projetos que são estruturantes e que visam um desenvolvimento integral do aluno.
ME- A saúde mental e o bem-estar dos alunos têm sido temas cada vez mais falados. Quais são os serviços que prestam aos alunos para os apoiar a este nível?
MJT- O gabinete de Psicologia está aberto a todos e o Projeto de Educação para a Saúde integra várias vertentes, por exemplo, a realização de palestras dedicadas à saúde mental. No Projeto Erasmus, que terminou no ano letivo anterior, cujo tema desenvolvido foi a Saúde, os nossos alunos tiveram a oportunidade de desenvolver e apresentar trabalho de investigação aos seus colegas estrangeiros, neste caso belgas, nomeadamente sobre o panorama da saúde mental português incidindo sobre os efeitos da pandemia na saúde mental dos jovens.
ME- De que forma gostaria que a Escola Secundária Filipa de Vilhena fosse recordada pelos seus alunos?
MJT- Um lugar onde se gosta de aprender, de bem-estar e com boas memórias de amizade, de partilha, dos ensinamentos das pessoas excelentes que estão diariamente com os alunos, dos assistentes operacionais, dos assistentes técnicos e dos professores.
Sobretudo pelos valores que já mencionei, de responsabilidade, de rigor, de integridade, de reflexão, de cidadania e de participação. Valores incutidos de solidariedade e de valorização da pessoa humana.