50% das perturbações de saúde mental diagnosticadas em adultos surgem na adolescência
A adolescência é um período cheio de desafios e riscos para a saúde mental e a construção de um futuro “sólido e sustentável” passa por investir na saúde mental e no bem-estar dos adolescentes, numa altura em que “50% das perturbações de saúde mental diagnosticadas em adultos surgem na adolescência”.
O “Guia para pais e professores: como apoiar a saúde mental e bem-estar dos jovens?”, lançado pela Fundação José Neves, é dirigido a pais, familiares e professores e uma das principais conclusões é que esses intervenientes são chamados para transmitir ensinamentos e dar importância a tópicos sobre a saúde mental e bem-estar dos jovens que pode ter consequências no sucesso do futuro dos mesmos. Para além disso, este documento disponibiliza estratégias, recomendações e exercícios práticos.
O Presidente Executivo da Fundação José Neves, Carlos Oliveira, destaca:
Os dados atuais sobre a saúde mental e bem-estar dos portugueses são preocupantes, nomeadamente entre os mais jovens, quando sabemos que 1 em cada 7 jovens entre os 10 e os 19 anos sofre de perturbações mentais e que 50% das perturbações diagnosticadas em adultos surgem na adolescência. Os adolescentes de hoje são os adultos de amanhã e este é o momento para atuar e para promover a saúde mental nesta faixa etária. Um trabalho que parte de todos, sobretudo dos pais e dos professores. Este guia tem como objetivo dar a conhecer os sinais de alerta e deixa um conjunto de recomendações e estratégias para pais e professores lidarem da melhor forma com a situação e serem eles próprios agentes ativos para a sua resolução.
A faixa etária entre os 10 e os 19 anos de idade é o período de desenvolvimento humano onde se enfrenta transformações quer ao nível físico, cognitivo, social e emocional. As alterações hormonais e morfológicas, alterações nos padrões de sono, dificuldades na regulação das emoções, mudanças na importância e na natureza das relações com os outros e alterações na perceção de si próprios, são tópicos que começam a surgir durante esta fase.
As perturbações emocionais e alimentares são mais prevalentes na adolescência, estimando-se que 1 em cada 7 jovens entre os 10 e os 19 anos apresentam uma perturbação do foro mental. Perturbações essas que quando não são diagnosticadas têm impacto para a vida e a probabilidade de se manterem em adultos é mais elevada. De acordo com a Fundação José Neves, o suicídio é a quarta principal causa de morte em adolescentes dos 15 aos 19 anos.
O contexto escolar é um dos pilares deste guia que recomenda os professores a contribuírem para uma maior sensibilização da saúde mental nas escolas e ajudar os alunos, nomeadamente sobre os perigos das novas tecnologias e do cyberbullying.
Neste documento estão definidos alguns sinais de alerta no comportamento dos adolescentes, para os quais é importante que pais e professores estejam atentos. A Fundação destaca os seguintes: comportamento agitado e/ou irrequieto; comportamentos de confronto ou de oposição para com os outros; falta de motivação e/ou desinteresse por atividades que anteriormente gostava; dificuldades de concentração; diminuição do rendimento escolar; Isolamento social; medo, preocupação constante ou ansiedade exagerada; sentimentos frequentes de desânimo, tristeza e desesperança; humor irritável e/ou agressivo; cansaço, perda de energia ou fadiga; baixa autoestima.
No que se diz respeito às recomendações destinadas aos pais e familiares dos jovens, evidenciam-se o reconhecer a importância da saúde mental; respeitar a opinião e individualidade do jovem; demonstrar interesse na vida do jovem; encorajar o jovem a ser saudável e corrigi-lo, mas celebrar as suas conquistas. O guia fornece ainda estratégias adicionais, como demonstrar disponibilidade para ajudar, não minimizar nem comparar o sofrimento com os outros ou normalizar o ato de pedir ajuda.
A Fundação também sinaliza várias estratégias que podem ser úteis: ajudar o jovem a compreender os motivos das suas preocupações; explicar a importância de estabelecer limites e mostre-lhes a importância do saber dizer que “não”; explicar ao jovem a importância de investir no seu desenvolvimento pessoal; ajudar a implementar alguns hábitos de meditação ou relaxamento (e.g., exercícios de relaxamento, expor o que sente); incentivar o jovem a passar tempo com os amigos e explique-lhe a importância de estabelecer boas relações com os colegas/amigos; ajudar o jovem a desenvolver estratégias de regulação das emoções e pensamentos negativos; alertar o jovem para a dimensão e impacto de uma boa higiene do sono, de uma alimentação saudável e para a importância do exercício físico; procurar ajuda profissional, sempre que necessário.
Para além disso, a FJN tem um programa de desenvolvimento pessoal, a App 29k FJN. Nesta aplicação os jovens podem realizar exercícios, meditações e cursos que poderão ser úteis para o desenvolvimento de competências. A aplicação está disponível para iOS e Android e pode ser descarregada aqui.