“O Ensino Politécnico está consolidado em Portugal, dados recentes, revelam o crescimento exponencial do número de estudantes no Ensino Politécnico”
Maria José Fernandes é a nova presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), onde já assumia funções como vice-presidente desde 2018. É, ainda, desde 2017, presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA).
A Profª Maria José tomou posse há pouco tempo da presidência do CCISP. Quais são os seus objetivos principais para o seu mandato?
Nós temos um conjunto de desafios que decorrem, naturalmente, do caminho que o CCISP e as Instituições Politécnicas fizeram até ao momento. Temos um conjunto de desafios acrescidos que decorrem do período pandémico, relacionados com a inovação tecnológica, financiamento, a atribuição do grau de doutor por parte dos Politécnicos (esta é uma petição assinada por cidadãos que já está na Assembleia da República), alteração da designação dos Politécnicos para Universidades Politécnicas, algo que nos tem, de alguma forma vindo a penalizar na nossa afirmação nacional e internacional. Temos objetivos que se relacionam com a qualificação da população portuguesa quer seja jovem ou adulta, por isso também contamos com o contributo de projetos que já estão aprovados no âmbito do PRE, em que as Instituições se comprometem a formar mais jovens e mais adultos, temos compromissos relacionados com a qualidade das nossas Instituições e sobretudo procurar prevenir o abandono escolar e potenciar o sucesso académico que já estão incluídos no programa do governo e, não poderia deixar de mencionar as questões relacionadas com a ação social. Precisamos de ter condições para que os nossos jovens consigam estudar, precisamos de os apoiar, em termos de bolsas de estudo e alojamento, que é um dos graves problemas que afetam os estudantes que estudam fora da sua área de residência. Para tentar colmatar este problema, contamos com o Plano de Recuperação e Resiliência que contempla um conjunto de novas residências, o que se traduz em mais camas disponíveis a custos acessíveis, com o propósito de alargar o apoio aos estudantes. Estes são um conjunto de desafios, muitos deles contínuos a este sistema educativo que sempre haverão e não são exclusivos a este mandato,
“O Ensino Politécnico está consolidado em Portugal, dados recentes, revelam o crescimento exponencial do número de estudantes no Ensino Politécnico”
É a nova presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), onde já assumia funções como vice-presidente desde 2018. É, ainda, desde 2017, presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), este é um programa de continuidade que envolve todas as instituições.
Um comunicado enviado à nossa redação menciona que a Drª Maria José Fernandes pretende “afirmar o Ensino Superior politécnico no panorama nacional e internacional e contribuir para os objetivos no âmbito da Agenda Europeia 2030”, em articulação permanente com todo o ecossistema: tecido empresarial, autarquias, instituições púbicas e privadas, famílias, entre outras”. De que modo pretende que o Ensino Superior politécnico se afirme no nosso país e no estrangeiro?
No nosso país já está muito afirmado, o Ensino Politécnico está consolidado, o caminho feito nos últimos dez anos, trouxe-nos até aqui, onde os resultados recentes, revelam o crescimento exponencial do número de estudantes a frequentar o Ensino Superior Politécnico, que, neste momento, são mais de 30 mil, ou seja, confirma um crescimento de 28% nos últimos 6 anos. Fruto, especialmente da captação de estudantes, através da Maria José Fernandes oferta de licenciaturas e mestrados, mas principalmente devido aos Cursos de Curta Duração, uma oferta formativa mais recente e que demonstra a margem de progresso dos Institutos Politécnicos. Os Cursos de Curta Duração vieram responder às necessidades dos jovens e das suas famílias e o facto de estarmos em mais de 140 concelhos, aproxima o Ensino Politécnico às famílias, o que faz com que vários estudantes possam frequentá-los, com a vantagem de que, no final do curso, os jovens podem ingressar numa licenciatura e, em algumas Instituições com a vantagem de conseguir obter equivalências, portanto estes Cursos de Curta Duração são o começo de um caminho com continuidade. Aumentar a oferta para o ensino pós-laboral, é também um objetivo, pois possibilitamos que estes 19.000 estudantes destes cursos, possam posteriormente dar continuidade ao seu percurso académico para as licenciaturas e que consigam iniciar a sua vida profissional e conciliar ambas. Para além destes cursos responderem às necessidades das famílias, respondem, sem qualquer dúvida, às necessidades das empresas, pois este é um ensino maioritariamente prático.
Com a pandemia, observámos que a tecnologia e, por conseguinte, o digital massificaram-se nas Instituições de Ensino Superior. Na sua opinião, como é que a tecnologia poderá ajudar os novos alunos a serem pessoas mais preparadas e capazes de enfrentarem um mercado de trabalho em constante mudança?
O digital, a inovação tecnológica e a necessidade de desmaterializar as instituições eram necessidades que, entre outras, já vinham a ser faladas ao longo dos anos, a pandemia apenas acelerou este processo. A “vantagem” deste período pandémico foi, precisamente, a aceleração da digitalização e da necessidade de literacia digital. Este é um processo que obriga a um investimento não só em termos de equipamentos, como de formação, os professores precisam e precisaram, muito, naquela fase inicial deste apoio. Os professores responderam muito bem, numa fase de aulas à distância na criação das melhores condições possíveis para o ensino a distância e às necessidades especiais desta fase.
Concluímos, agora, que este ensino é uma alternativa, menos preferencial ao ensino presencial, mas é preciso retirar de tudo o que acontece, as oportunidades que surgem e a oportunidade de realizar uma formação mista, é uma oportunidade, em especial, para quem é trabalhador, mas não é um ensino preferencial. O CCISP tem programas de inovação tecnológica que estão, neste momento, a ser implementados em todas as Instituições.
Neste momento, existe uma vasta e diversa oferta formativa a nível do Ensino Superior público e privado. Como é que os institutos politécnicos se posicionam face às restantes instituições de Ensino Superior em termos de inovação, atualização e preparação dos alunos académica, pessoal e profissionalmente?
Posicionamo-nos naquele que é o nosso foco: a qualidade. Esta passa por uma oferta formativa diferenciadora, que esteja alinhada com aquilo que é o Ensino Superior Politécnico. Quem nos escolhe e cada vez são mais os alunos que optam pelo Ensino Politécnico como primeira opção, o que demonstra que cada vez mais temos de nos manter concentrados naquele que é o nosso caminho e não nos podemos canibalizar uns aos outros, é importante estarmos alinhados com os nossos objetivos. Neste momento, temos um desafio adicional, relacionado com os Mestrados Profissionais, uma das áreas que os Politécnicos estão a agarrar. O que pretendemos com esta aposta é investir na formação ao longo da vida e atingir as metas estipuladas para 2030. Já conseguimos que 50% dos estudantes com 20 anos, estejam no Ensino Superior, e isto deve-se muito às formações de Curta-Duração, mas agora queremos continuar, porque ainda há 50% dos jovens com 20 anos que não estão inscritos no Ensino Superior, portanto há uma grande margem para melhorar e aumentar os números. Há várias vias através das quais os jovens podem ingressar no Ensino Superior: o Concurso Nacional de Acesso, Vias Profissionalizantes (concurso local criado há 2 anos com o intuito de captar jovens que estão no Ensino Profissional) e Maiores de 23. Há, portanto, um vasto leque de opções para admitir estudantes no Ensino Superior.
Os dois anos em que vivemos períodos de confinamentos e aulas a distância, deixaram de um modo geral, alterações profundas na forma de estar, de estudar, de lecionar e de trabalhar. Nas Instituições de Ensino Superior Politécnico, como é que esta mudança se faz sentir atualmente? O que mudou em virtude da pandemia?
Não podemos deixar de pensar que há um impacto enorme que é sentido pelos jovens que, por exemplo, iniciaram há 2 anos o seu percurso académico e, por isso, ficaram impossibilitados de viver experiências sociais e académicas típicas deste período, como os cortejos académicos. Estas vivências fazem- -se, sobretudo nos primeiros três anos, a experiência de um Mestrado já é totalmente distinta e muitos dos alunos já conciliam os estudos com o trabalho, portanto há momentos dos quais estes alunos ficaram privados. Não vamos conseguir recuperar estes últimos dois anos, mas temos o propósito de dar a estes jovens finalistas as melhores condições. Sinto que, de facto, mudámos alguma coisa com a pandemia e estamos a utilizar metodologias distintas para dar resposta ao que é necessário neste momento. Agora entendo que temos de olhar para o futuro e para o que nós temos de fazer mais.
Por último, que respostas e apoio é que os alunos finalistas do Ensino Secundário, poderão encontrar no Ensino Superior politécnico?
Há muito por encontrar! Todas as Instituições, se olharmos a nível nacional, fazem dias abertos, semanas abertas, semanas em que se acolhem alunos do Ensino Secundário. Garantidamente que os jovens vão encontrar Instituições, professores e uma dinâmica institucional que lhes vai permitir concluir que, ao optar por este ensino e aquela instituição em específico (falo em nome de todas as Instituições Politécnicas), foi uma boa aposta! Estamos conscientes da nossa responsabilidade em formar jovens para o futuro e estamos aqui para os apoiar.