No âmbito do dia da mulher, que, para nós, são todos os dias, entrevistámos a professora Isabel Moço, que nos explicou qual o papel da mulher em relação ao mercado de trabalho, e Carla Zibreira, uma mulher que trabalha numa área onde predominam, maioritariamente, homens: a tecnologia.
Curiosidade: Porquê 8 de março?
Entre os finais do século XIX e inícios do século XX, houve várias manifestações feministas pelos direitos das mulheres nos contextos político, social e profissional, um pouco por todo o mundo. Em fevereiro de 1917, na Rússia, antes da Revolução de Outubro, as mulheres organizaram uma marcha que reivindicava uma maior igualdade entre mulheres e homens. A partir daí, essa marcha foi organizada anualmente. Contudo, naquela altura, o calendário russo era diferente do nosso, por isso, a marcha era organizada no dia 23 de fevereiro no calendário russo e dia 8 de março no nosso. Assim, em 1975, a ONU reconheceu o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Mas, é claro, que toda a luta pela igualdade de direitos e pela justiça relacionada com a Mulher deve ser celebrada e respeitada todos os dias. As desigualdades salariais, os preconceitos e a violência são problemas ainda atuais e devem ser tidos em consideração, não só por toda a população, mas também pela área governamental.
Atualmente, já se notam alguns progressos de autossuficiência das mulheres no mercado de trabalho, em Portugal. E para falar sobre este facto, entrevistámos Isabel Moço, professora de Recursos Humanos da Universidade Europeia, e Carla Zibreira, gestora de equipas na área tecnológica da Axians Portugal.
“Em geral, as últimas décadas têm-nos trazido alterações profundas ao nível do tecido social, e quando falo de tecido social, naturalmente, estou a reportar ao tecido profissional, aquilo que nós fazemos profissionalmente”, afirma a professora Isabel Moço em relação ao esforço que a sociedade e as empresas tiveram nestes últimos anos, para haver igualdade de direitos laborais entre homens e mulheres.
Hoje em dia, há menos relutância em serem mulheres a assumir cargos de liderança e menos obstáculos que havia há 20 anos, onde era mais difícil conseguir uma boa carreira profissional, porque as mulheres “serviam a família”. Para sustentar a evolução dos papéis da mulher no mercado de trabalho, Isabel Moço, com base num conjunto de estudos sobre a igualdade entre homens e mulheres, revela que “em 2010, 5,4% nos cargos de gestão de empresas cotadas em bolsa eram ocupados por mulheres, mas 10 anos depois, passou a 28%. Portanto, é um aumento muito significativo”. E reforça que é este o caminho a seguir, por muito que seja “demoroso e doloroso para algumas pessoas”. E acredita “que, no futuro, as desigualdades serão menos acentuadas do que hipoteticamente são hoje”.
Queres ouvir a entrevista completa? Podes encontrá-la aqui!
Carla Zibreira é o exemplo desta evolução da mulher no mercado de trabalho. É licenciada e mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Instituto Superior Técnico e agora exerce uma das funções principais da área da tecnologia, na Axians Portugal – Digital Trust Business Unit Manager.
“Acredito que os comportamentos menos positivos – relativos ao género, idade, escolaridade, origem ou credo – têm o valor que lhes queremos atribuir e ao desvalorizá-los estamos imediatamente a retirar-lhes energia e a censurá-los” afirma Carla, que pouco sofreu de discriminação por ser mulher, na faculdade e no emprego, e reconhece que todas as mulheres devem conhecer e valorizar-se para construirem um caminho profissional de sucesso. No entanto, o esforço que a mulher tem de fazer para se impor e conquistar o seu espaço na sua área profissional é maior do que o dos homens, mas este esforço não pode ser considerado como um “fator de vitimização”. Deve sim, ser visto como uma “motivação para o desenvolvimento de uma sociedade, economia e família mais fortes e plurais”, afirma Carla Zibreira.
“Em Portugal, as mulheres especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação representam apenas 16% do total das pessoas empregadas nesta área e só 19% das diplomadas em tecnologias de informação e comunicação.” Fonte: Índice da Igualdade de Género de 2020 do EIGE.
Carla Zibreira acredita que o número de mulheres na área da tecnologia poderá vir a aumentar no futuro, porque “a transformação digital pode ter um grande papel neste despertar de consciência e interesse, uma vez que tem aproximado a tecnologia de todos, independentemente do género, faixa etária e/ou status social”.