Nas tuas primeiras faixas escrevias quase 100% em criolo, com o tempo não só alteraste a vibe das tuas músicas, como a língua em que cantas. Esta mudança foi algo consciente ou sentiste-te mais à vontade com a língua portuguesa para começar a cantá-la?
O criolo é a minha língua materna e por isso a minha primeira música é o criolo, foi a língua com a qual cresci e por isso foi mais fácil e instintivo escrever as minhas primeiras músicas na minha língua. Ao longo do tempo, senti uma preocupação por escrever em português, tive pessoas na minha vida que me ajudaram a dar este passo e hoje sinto-me grato e orgulhoso por escrever em português, e as pessoas consomem a minha música e sentem uma ligação maior, por isso, esta é mais uma vitória na minha vida.
Ao longo do teu percurso sentiste que o facto de muitas pessoas não estarem familiarizadas com a língua era uma barreira para sentirem as tuas músicas?
Não, nunca senti que o criolo era uma barreira, até porque o criolo difere de país para país, por isso sabia que o criolo ia sempre chegar a vários países. Apesar da língua, o nosso objetivo foi sempre fazer chegar a nossa música a vários países e a todo o mundo e esta foi e está a ser a nossa maior luta: fazer com que os fãs sentissem que o Vado pode fazer músicas em português e em criolo e que os fãs conseguem sentir as nossas músicas independentemente da língua.
Disseste numa entrevista “não quero só fazer um som a falar de lifestyle, quero educar mais”. Tens estado nas escolas a falar sobre a tua história. Sentiste a responsabilidade de partilhar com o público mais jovem as tuas vivências? Como surgiu esta iniciativa?
Muito do meu público é jovem e senti sempre a necessidade de promover uma partilha de experiências e de ensinamentos que a vida meu deu, com eles. Por isso, a nossa iniciativa pretende realmente através de palestras, reuniões, conversas, reunir os jovens, educá-los e inspirá-los através das nossas vitórias, derrotas e vivências. Quero que eles se inspirem na nossa experiência, no estar em palco, ganhar prémios, fazer música, viver dela e mostrar-lhes que custa, e é preciso esforço, mas que é possível.