O ano começou com uma notícia que ninguém esperava ouvir, quando o Grupo Impresa sofreu um ataque cibernético que impediu a “liberdade de informar” dos seus diferentes órgãos de comunicação social. Foram várias as pessoas, organizações e entidades que deixaram a sua palavra de apoio nas redes sociais, nas entrevistas que fizeram e mesmo em conversas mais informais entre pares. Todos se mostraram muito sensibilizados com a situação e rapidamente deixaram claro que iam apostar mais na cibersegurança. Mas será mesmo esta a realidade?
Dados divulgados este mês, já depois do mediático ciberataque, revelaram que, em 2021, 881 empresas em Portugal foram atacadas por semana, em média – um aumento de 81%, face ao ano em que a pandemia chegou a Portugal. Sei que este tema da pandemia já é algo cansativo, mas não falo sobre isto em vão. Segundo o Relatório Cibersegurança em Portugal – Sociedade 2021, divulgado anualmente pelo Observatório de Cibersegurança, tem vindo a existir um uso gradual de internet, e também de utilizadores, o que pode ser explicado, precisamente, pela pandemia. E estes fatores podem levar a cada vez mais ciberataques.
Ransomware, phishing, deep fakes, criação de perfis falsos nas redes sociais. Uns ataques com uns nomes mais peculiares do que outros, mas todos eles capazes de afetar, e muito, a reputação de uma empresa – ou até de uma única pessoa. À medida que o tempo vai passando, os ataques vão-se tornando cada vez mais sofisticados, o que dificulta o seu combate. É, por isso, essencial que a sociedade perceba e valorize o papel do profissional de cibersegurança, e se junte também a ele. Portugal tem já uma estratégia definida para a sensibilização sobre este tópico. Os números, divulgados também pelo Relatório Sociedade 2021, não mentem: em 2020, foram realizadas quase 3 mil ações de consciencialização por entidades com um papel relevante no que toca à cibersegurança. Em contexto escolar, o número de cursos, essencialmente TeSP, em proteção de dados tem também vindo a aumentar. E eu tenho vindo sempre a defender que o caminho é mesmo este: (ciber)educar.
A formação de pessoas é crucial, especialmente numa altura em que o desafio em contratar profissionais de tecnologia continua bem assente. A cibersegurança é a solução para prevenir os ataques de hackers e proteger a sociedade. Mas, para isso, precisamos de profissionais aptos, com urgência. Para quem procura entrar numa carreira em constante crescimento e com salários competitivos, esta é uma opção, especialmente se olharmos para a quantidade de saídas profissionais que existem: Administrador de Base de Dados, Incident Responder, Analista forense… a lista é quase infindável.
Tudo isto, por fim, deixa-me a pensar. Em 2021, a palavra do ano foi vacina. Será que em 2022 será a cibersegurança a ocupar o pódio? Ou mesmo, quem sabe, cibereducação?
Por: Catarina Costa, responsável pelo campus da Ironhack