Em termos de oferta formativa, a vossa escola dispõe de vários cursos profissionais, com muita procura por parte dos jovens. Qual é a importância destes cursos para o Agrupamento?
Toda! Este é um Agrupamento que contempla alunos desde o Jardim de Infância até ao 12º ano, incluindo os Cursos Profissionais. Estes últimos, eu diria que permitem aos alunos entrar no mercado de trabalho mais preparados, e com uma dupla certificação, que é uma enorme mais valia para os seus currículos. Dentro da nossa oferta, o curso de Desporto é muito procurado, mas quando os alunos chegam lá, percebem que este curso é mais completo e abrangente, do que apenas dar chutos numa bola, mas “quando se corre por gosto” … A área da Mecânica e da Eletricidade está também disponível e é contemplada na nossa oferta formativa, bem como, o Turismo e a Saúde. Gostaríamos de ter mais oferta, mas temos a escola preenchida neste momento. Já temos sido procurados no sentido de ampliar os cursos que oferecemos, e uma vez que temos oficinas, teríamos a possibilidade de incluir um curso relacionado com a área Automóvel, gostaríamos de ter essa possibilidade, contudo, necessitamos de espaços próprios, o que neste momento não é possível, mas julgo que é uma questão de tempo. A oportunidade de oferecer aos alunos, uma oferta completa e diversificada é ótima, e por isso, orgulhamo-nos de receber alunos de dentro e de fora do nosso concelho.
Somos a única escola a ter os Cursos Profissionais na sua oferta formativa, por isso, no futuro, ou surgem outras escolas com cursos que na nossa ainda não existem, ou efetivamente a nossa oferta terá de ser alargada.
O vosso Agrupamento é bastante ativo nos projetos que desenvolve e nos quais envolve os alunos. Têm previsto algum projeto para o decorrer deste ano letivo que gostasse de destacar? Há algum projeto que tenha sido interrompido devido à pandemia que esteja previsto ser retomado este ano?
Um deles tem a ver exatamente com o Ensino Profissional. Nós temos vários projetos relacionados com o Ensino Profissional, entre eles a possibilidade de os nossos alunos fazerem formação em contexto de trabalho no estrangeiro, em Espanha, na Polónia e Letónia. Esta é uma oportunidade muito interessante e enriquecedora para os alunos. No final do ano passado, conseguimos que um grupo de alunos que já deveria ter ido fazer o seu estágio, fosse para Barcelona, porque já se começava a sentir alguma abertura. A partir de março, que é o timing previsto, já deverá ser possível retomar o projeto a full time e para todos os países que tínhamos previsto inicialmente. No dia 10 de junho, escreveram no vosso facebook “É o que falta às nossas crianças: o sentido de responsabilidade pelos seus atos e a empatia para com o próximo. As nossas crianças são cada vez mais infantis e egocêntricas. Se a nossa escola fosse assim, não faltaria sermos acusados de abuso…”
De que modo a vossa Escola procura através dos métodos de ensino, iniciativas e projetos, implementar, e em alguns casos alimentar, a empatia e os atos de amor ao próximo nos vossos alunos?
Essa é uma grande questão! Nós acreditamos que a escola é muito mais do que a matemática pura ou a físico-química, ou seja, que disciplina for. A escola é muito mais do que a transmissão de conhecimentos formais. Na escola temos a possibilidade de adquirir aprendizagens, que nos formam enquanto cidadãos, fazemos amigos muitos deles para o resto da vida, aprendizagens que não vêm nos livros, mas que são fundamentais. Por exemplo, nós fazemos muitos acampamentos com os alunos, agora tivemos de interromper, mas geralmente fazemos, e muitos deles nunca tinham dormido fora de casa, ou nunca tinham acampado. Já vimos alunos que chegam ao ensino secundário sem nunca terem descascado uma peça de fruta, nunca terem acendido um fósforo, não sabem atravessar uma estrada, sabem onde é o ponto A e o B, mas não sabem como fazer o percurso entre os dois pontos, porque andam sempre de carro, não andam a pé e, por isso, não adquirem aprendizagens que, para a maioria das pessoas são básicas, mas para alguns deles não são. Quando levamos os alunos para fora, principalmente para fora do país, e lhes damos a possibilidade de falar uma língua diferente, relacionarem-se com uma cultura diferente, esta experiência dá-lhes uma riqueza única e que se destaca das aprendizagens que vêm nos manuais.
Qual é o principal objetivo da vossa escola para este ano letivo?
Sermos escola! Queremos ser escola e ter o máximo de normalidade possível, porque nos últimos dois anos letivos fomos alguma coisa semelhante, mas definitivamente não fomos escola. Cheguei a estar aqui na escola a trabalhar durante a pandemia e a circular totalmente sozinho nos corredores, no mesmo momento em que os alunos estavam a ter aulas em casa, a olharem para os monitores. Por um lado, houve uma maior aposta no digital, que era uma necessidade e evoluímos muito, e isto é o que de bom ficou, embora não trocasse pelo que se perdeu, mas a escola faz-se no dia a dia. Temos a ambição de derrubar os muros da escola, perceber que a escola não começa no momento em que eu entro no portão, nem termina quando eu saio pelo portão. Temos professores que vão dar aulas na zona histórica e zona ribeirinha, temos também pessoas da comunidade que, com o acompanhamento dos professores vêm estar com os alunos e trazer-lhes outros conhecimentos. A escola é da comunidade, é de todos e para todos, e é importante termos esta consciência e trabalharmos neste sentido.
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