“Temos confiança nas instituições de Ensino Superior. Tudo farão de acordo com as regras sanitárias”
Esta é a convicção de Pedro Dominguinhos, Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, relativamente ao próximo ano letivo, que arrancará com o novo coronavírus como ameaça latente. Nesta entrevista, aborda ainda as mais-valias dos CTeSP e as circunstâncias que podem levar os alunos a optar por uma universidade ou por um instituto politécnico.
Os jovens que hoje terminam o Ensino Secundário têm muito mais acesso à informação. A frequência do Ensino Superior reveste-se da mesma importância para as novas gerações?
Vivemos numa sociedade baseada no conhecimento, onde a capacidade de aprender, de encontrar novas soluções para a resolução dos problemas sociais se revelam cruciais. Tomando como exemplo o período que estamos a viver, é a investigação e a ciência que nos permitem ter esperança no futuro. E isso só é feito com mais qualificação e conhecimento. Por outro lado, quem possui uma formação superior aufere um salário significativamente mais elevado quando comparado com quem possui o ensino básico ou secundário, para além de ter menos probabilidade de entrar no desemprego e de recuperar mais rapidamente dessa situação quando é afetado.
Os novos Cursos Técnicos Superiores Profissionais podem ser uma alternativa à frequência do Ensino Superior? Quais são as suas mais-valias?
Os CTeSP estão posicionados no Ensino Superior e, só por isso, são uma mais valia. Em segundo lugar, a sua natureza implica uma ligação muito próxima ao tecido empresarial, com existência obrigatória de estágio ao longo dos dois anos de duração. Esta ligação é ainda reforçada pela participação das organizações no desenho curricular e também na participação na lecionação de algumas unidades curriculares. Alguns exemplos destas parcerias ocorrem no Politécnico de Tomar numa parceria com a Softinsa, no Politécnica de Cávado e Ave com a DST, ou no projeto BrightStart, uma parceira inicial entre o Politécnico de Setúbal e a Deloitte e que se estendeu este ano aos Politécnicos de Leiria e Viseu. Em terceiro lugar, a conclusão dos CTeSP permite a continuidade dos estudos para as Licenciaturas. Nos últimos anos, em média, 54 por cento dos diplomados prossegue os seus estudos.
Por outro lado, os alunos em vias de concluir o 12º ano nem sempre sabem que opção tomar na escolha de um curso superior. O que podem fazer para chegar a uma decisão fundamentada?
Existem hoje diversas plataformas de informação, como o portal INFOCURSOS, que disponibiliza informações oficiais sobre médias de entrada ou taxa de desemprego de cada curso. Por outro lado, as Instituições de Ensino Superior disponibilizam informações desenvolvidas nos seus portais na internet, com especificidades ao nível do curso. Para além disso, todas organizam dias abertos, cursos de verão e demais atividades onde é possível a cada estudante conhecer e interagir nas atividades de cada curso. Há ainda um conjunto de iniciativas, como visitas a escolas secundárias e profissionais, feiras de educação, presenciais ou virtuais onde é possível o esclarecimento de dúvidas e o conhecimento aprofundado das ofertas formativas.
Parte dessa fundamentação consiste em perceber que diferenças existem efetivamente entre as universidades e os institutos politécnicos. O que oferece em específico o Ensino Politécnico e em que circunstâncias deve um aluno optar por ele?
O Ensino Politécnico possui uma matriz profissionalizante muito evidente, alicerçada no saber fazer e na ligação ao mundo empresarial e organizacional. Isso significa a existência de laboratórios bem apetrechados, de metodologias pedagógicas ativas – como simulações –, problem based learning e estágios. Acresce ainda uma forte ligação entre professores e estudantes. Para além disso, está intrinsecamente ligado às regiões e aos territórios, criando soluções para os desafios identificados, para além de potenciar o desenvolvimento de projetos com impacto social, intimamente ligados ao processo de ensino/aprendizagem.
Tudo indica que o próximo ano letivo terá início tendo ainda a COVID-19 como ameaça latente. Que mensagem pode transmitir aos estudantes do Ensino Superior? Que medidas de segurança tomarão as Escolas Politécnicas para proteger a comunidade académica?
Todas as atividades que realizaremos estarão de acordo com as regras sanitárias definidas pelas autoridades competentes. Disponibilizaremos os equipamentos de proteção individual necessários à frequência das atividades letivas, realizaremos testes serológicos em vários locais e promoveremos a higienização necessária dos espaços. Do ponto de vista pedagógico, e sempre que tal se torne necessário, o ensino à distância será assegurado, como correu este semestre, onde garantimos todas as aulas. Confiança também na atuação das IES, dos seus professores, das associações académicas e dos serviços de ação social, que tudo farão para criar as condições adequadas para a frequência do Ensino Superior, quer seja na disponibilização de equipamentos necessários ao estudo, quer seja no suporte pedagógico, quer seja no acompanhamento e apoio social necessário para as situações económicas e sociais mais vulneráveis.
Texto de: Beatriz Cassona
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