Beja, 6 de novembro. Os lugares sentados do Auditório do Instituto Politécnico de Beja nem chegam para todos os presentes: a comunidade junta-se em peso para receber o Cortejo Académico e, assim, dar início à celebração. É o dia do IPBeja: sopram-se as 39 velas e comemora-se o nascimento e a vida deste Instituto Politécnico.
São as palavras do Provedor do Estudante que abrem esta Sessão Solene. Apesar de não ter estado presente, fez questão de fazer chegar o seu discurso – que foi lido por uma aluna, em sua representação. Felicitou os presentes e parabenizou o Instituto Politécnico de Beja, falou do mérito da instituição e da qualidade do Ensino praticado.
Passou o testemunho a Tiago Silva, Presidente da Associação Académica, representante dos alunos. Este falou da Instituição enquanto família, dos estudantes enquanto filhos e irmãos orgulhosos, do papel de toda a comunidade na vida do Instituto.
Quando chegou a altura de discursar, o Presidente da Câmara de Beja não deixou de referir o contributo daquele Instituto Politécnico e das escolas que o constituem para o presente e para o futuro do município. Segundo Paulo Arsénio, “Mais do que o 39º aniversário do Instituto, é acima de tudo um dia muito importante para a cidade e para o concelho. Este é o grande polo agregador de conhecimento de toda a região do Baixo Alentejo. E é sabido que uma região é tanto mais forte quanto mais fortes forem as instituições do seu território. Por isso, é fulcral termos um IPBeja forte, dinâmico, acutilante, sempre em busca de novidades.”
Quanto à história que o Instituto Politécnico foi construindo ao longo dos anos, Paulo Arsénio diz ter assistido de perto a muitas das suas mudanças e evoluções.“Moro em Beja desde 1892. Tinha 11 anos, nessa altura. O IPBeja está numa fase de readaptação e de ultrapassar alguns dos problemas que vinha tendo nos últimos anos – muito devido à falta de alunos. A própria cidade de Beja tem vindo a perder população. Há um conjunto de novas realidades que não faziam parte do nosso território há 20 anos e hoje fazem, o que faz com que a realidade do Instituto tenha de ser diferente também. Vamos ser bem sucedidos, sou muito otimista nestas coisas.”
Já o Presidente do Instituto Politécnico de Beja, João Paulo Trindade, aproveitou o seu momento de discurso para expressar o agrado por estar presente e ver toda a “família” reunida. “É uma sensação agradável. É sempre uma cerimónia que comemoramos com todo o gosto, um dia em que se reúne toda a comunidade interna e externa. Isso é gratificante e importante para a nossa missão.”
João Paulo Trindade não deixou de referir os desafios para a missão da Instituição e a forma como esses têm sido encarados. “Há um conjunto de desafios que são habituais, como dar uma melhor resposta às áreas de formação. A captação de novos estudantes é um desafio exigente: sem estudantes, a nossa missão fica condicionada. O nosso investimento prende-se muito com a perspetiva cultural, importante para todos os novos estudantes e comunidade. Os novos eventos têm todos a ver com esta componente de cultura”.
No programa previa-se ainda uma “Oração de Sapiência” por parte do Professor Dr. António Bagão Félix. O antigo político mostrou ter conservado por inteiro o dom da palavra, num discurso que teve perto de 45 minutos mas passou num abrir e fechar de olhos, tal foi a eloquência. Em muitos momentos, parecia um espetáculo de stand up comedy – daqueles com conteúdo, inteligência, sagacidade – e sempre com uma moral presente.
Falou do que é ser alguém, ter uma identidade. Segundo Bagão Félix, “Não basta ser único, não basta ser um cidadão. Um animal, uma árvore também são únicos. Basta pegar na minha carteira, pegar no cartão de cidadão e ler o número para explicar a pessoa que sou? Não. Sou contra a expressão recursos humanos. Somos humanos, sim, usamos recursos, claro, mas não somos recursos. Temos uma identidade, princípios, valores, somos mais do que um número. A nossa ética, a nossa responsabilidade – isso não vem nos dígitos do nosso cartão de identificação, não se julga, explica ou decifra assim”.
Há que destacar o mérito: é por isso mesmo que, durante esta tarde, foi reservado um momento especial para entrega de diplomas, prémios e bolsas aos melhores alunos. Também vários professores tiveram a honra de subir ao palco neste serão: foram medalhados pelos seus 25 anos de serviço.
Finalizadas as intervenções e entregues as medalhas a quem fez por as merecer, chega o momento musical. A voz suave de Emmy Curl, que se deu a conhecer ao público português no Festival da Canção – onde arrecadou um segundo lugar – e as notas suaves da sua guitarra não deixam ninguém indiferente. O auditório, tão cheio, passa a parecer vazio – tal é o silêncio geral que todos fazem para apreciar a música.
Os festejos de aniversário só terminam depois da inauguração do Mural IPBeja. Mas o convívio não podia acabar assim: Alentejo é Alentejo e sabe receber, por isso a mesa farta da Vidigueira de Honra convida todos os presentes a provar o que de melhor se produz na região e a continuar a comer e a beber aos 39 anos deste Instituto.
[Foto: IPBeja]